Por
André Richter – Repórter da Agência Brasil
Brasília
A força-tarefa da Operação Lava Jato devolveu, hoje (25),
R$ 424 milhões à Petrobras. O valor é referente ao pagamento de parcelas
dos acordos de leniência realizados com empresas investigadas e que
confessaram participação nos desvios ocorridos na estatal.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a Petrobras já
recebeu R$ 3 bilhões recuperados por meio da atuação do órgão em acordos
de delação premiada, leniência e renúncias voluntárias de recursos
desviados por investigados na operação.
A primeira fase da Lava Jato ocorreu em 17 de março de 2014. Até o
momento, foram realizadas 61 fases. De acordo com o levantamento mais
recente do MPF, a operação já resultou em 244 condenações de 159
pessoas. As penas somam mais de 2 mil anos de prisão por diversos
crimes, entre eles, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
Por
André Richter – Repórter da Agência Brasil
Brasília
A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba
anunciou hoje (18) a recuperação de R$ 67 milhões desviados da Petrobras
que estavam em contas na Suíça. Segundo o Ministério Público Federal
(MPF), os valores foram desviados por Aluísio Teles Ferreira Filho,
Ulisses Sobral Calile e Mário Ildeu de Miranda, três ex-executivos da
estatal, que confessaram o crime, ocorrido em um contrato firmado com a
Odebrecht.
De acordo com a força-tarefa, a quantia foi transferida para uma
conta judicial vinculada à ação penal na qual os três acusados foram
condenados pela Justiça Federal. Ao longo de cinco anos de
investigações, R$ 13 bilhões desviados foram recuperados e depositados
na conta.
Segundo levantamento do MPF, no primeiro semestre deste ano, foram
recuperados mais de R$ 1,5 bilhão. No mesmo período, a força-tarefa em
Curitiba apresentou 14 denúncias contra investigados na Lava Jato.
Ex-governador confirmou em depoimentos a suspeita de propina
Publicado em 04/07/2019 – 19:38
Por
Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro
O ex-governador Sérgio Cabral admitiu que pagou US$ 2
milhões para que o Rio de Janeiro fosse sede dos Jogos Olímpicos de
2016. O dinheiro foi pago ao então presidente da Associação
Internacional das Federações de Atletismo (IAFF, na sigla em inglês),
Lamine Diack.
Embora já houvesse suspeitas sobre a compra de votos pelo Brasil, a
primeira vez que Cabral admitiu oficialmente o pagamento de propina foi
durante audiência realizada nesta quinta-feira (4), na 7ª Vara Federal
Criminal.
Logo na abertura do interrogatório, Cabral foi perguntado pelo juiz
Marcelo Bretas se ele tinha conhecimento dessas negociações “espúrias”. O
ex-governador passou a contextualizar a campanha do país para sediar as
Olimpíadas e contou que um dia foi procurado pelo então presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, e o diretor de
operações do COB, Leonardo Griner, que disseram ser necessário pagar uma
quantia para garantir os votos sob influência de Diack.
Segundo Cabral, eles disseram que seria necessário US$ 1,5 milhão
pagos a Diack, que dizia ter oito votos entre os membros da IFAA,
incluindo o do ucraniano Sergei Bubka, ex-recordista mundial do salto
com vara, e do nadador russo Alexander Popov.
Para conseguir o dinheiro, Cabral relatou que recorreu ao empresário
do setor de serviços, Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur,
atualmente foragido, que tinha inúmeros contratos com o estado do Rio.
Arthur teria feito o repasse da primeira parte da propina para Diack,
depois complementado com o aporte de US$ 500 mil.
De acordo com o ex-governador, o dinheiro pago a Diack pelos votos
era de sua propriedade e que o motivo foi deixar legados ao estado do
Rio, o que poderia, futuramente, ainda que de forma indireta,
beneficiá-lo em sua carreira política.
Cabral disse que o ex-deputado estadual Carlos Roberto Osório, que
era funcionário do COB, sabia de toda a transação. Disse também que o
ex-prefeito Eduardo Paes também ficou sabendo do pagamento de propina,
embora não tenha participado diretamente da ação ilegal. O ex-governador
revelou ainda que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou
sabendo, de forma indireta, logo após a vitória do Brasil na votação,
mas ressaltou que ele não se envolveu na negociação.
Defesa
O advogado de Nuzman, João Francisco Neto, disse que seu cliente é
inocente e que não participou das supostas operações de pagamento de
propina envolvendo a compra de votos.
O advogado Marcos Vidigal Crissiuma, que defende Griner, se
manifestou em nota: “Ficou claro que Sérgio Cabral falta com a verdade e
não apresenta qualquer prova de seus relatos, mantendo-se íntegra a
prova produzida na instrução criminal que isenta Leonardo Gryner de
qualquer responsabilidade. Se houve compra de votos, ele não
participou”.
Por
Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil*
Brasília
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (11),
por 3 votos a 2, aceitar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral
da República (PGR) contra quatro parlamentares do PP, um dos principais
partidos que compõem o chamado Centrão no Congresso Nacional.
Em 2007, os deputados Aguinaldo Ribeiro (PB), Arthur Lira (AL) e Eduardo
da Fonte (PE) e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente da legenda,
foram denunciados por organização criminosa em um dos processos da
Operação Lava Jato. Com a decisão, os parlamentares se tornam réus no
STF e uma ação penal será aberta contra eles. Ao final do processo, a
Corte vai decidir se eles serão condenados ou absolvidos.
No julgamento, prevaleceu o voto apresentado pelo relator, ministro
Edson Fachin. Na semana passada, no início do julgamento, Fachin votou
pela aceitação da denúncia e considerou que os fatos narrados mereciam
melhor apuração, motivo pelo qual os parlamentares do PP deveriam se
tornar réus. Para o relator, haveria “suporte necessário e suficiente à
tese acusatória nesse momento processual”.
O voto de Fachin foi acompanhado pelos ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia.
Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski ficaram vencidos por
entenderem que não há indícios probatórios mínimos para abertura de um
processo criminal. Segundo Gilmar Mendes, a denúncia acabou perdendo
força ao longo do tempo, pois os fatos narrados na acusação foram sendo
arquivados sucessivamente em outros quatro processos, nos quais os
mesmos parlamentares foram acusados dos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro.
“Nós estamos inventando um novo fenômeno, a reciclagem de denúncia”,
ironizou Mendes. “Eu não sei nem como qualificar isto, se se trata de
denúncia vazia ou de uma denúncia que foi completamente esvaziada”,
acrescentou o ministro, que chegou a dizer que a PGR fez uma
“barbeiragem”.
Denúncia
Em setembro de 2017, quando foi apresentada pela Procuradoria-Geral
da República, a denúncia acusava inicialmente 11 parlamentares, mas o
processo acabou desmembrado após diversos deles não terem conseguido se
reeleger em 2018, perdendo a prerrogativa de foro no Supremo. Restaram
na Corte as partes da acusação relativas aos quatro citados.
Segundo a acusação, os parlamentares do PP obtiveram o poder de
indicar cargos na administração pública, dos quais se valeram para
desviar recursos de contratos públicos. Uma dessas indicações teria sido
a do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um
dos delatores da Lava Jato.
Com base na delação premiada de Costa e em outros elementos de prova,
como o registro de frequência dos parlamentares na sede da Petrobras, no
Rio de Janeiro, a denúncia sustentou que a atual cúpula do PP se valeu
de seu poder político para praticar atos de corrupção e lavagem de
dinheiro. No caso da petroleira estatal, as condutas teriam ocorrido
entre 2009 e 2015.
Defesas
Na primeira parte do julgamento, em 21 de maio,
o advogado Pierpaolo Bottini disse que o deputado Arthur Lira não
participou do suposto grupo criminoso e não defendeu a permanência do
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa no cargo. Segundo Bottini, o
partido nunca foi dominado pelo mesmo grupo político ao longo do
período que consta na denúncia.
O advogado Roberto Podval, representante de Aguinaldo Ribeiro, disse
que os atos narrados na denúncia foram arquivados pelo STF ou estão em
andamento em inquéritos que correm na Polícia Federal. Dessa forma,
mesmo sem obtenção de provas de outros crimes, o parlamentar foi
denunciado pela PGR por organização criminosa. Segundo Podval, não
se pode “criminalizar a política”.
O representante de Eduardo da Fonte, Marcelo Leal, disse que a PGR
imputou ao parlamentar fatos relacionados ao período no qual ele não era
deputado federal. De acordo com Marcelo Leal, a denúncia é
“panfletária” e busca criminalizar a atuação do partido.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay,
disse que a denúncia da PGR é “típico abuso de poder”, sem provas contra
o senador Ciro Nogueira. Segundo a defesa, a procuradoria citou um
inquérito que foi arquivado pelo STF para embasar os memoriais do caso.
Valor é resultado de acordo de leniência firmado com CGU e AGU
Publicado em 10/06/2019 – 22:04
Por
Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro
A Petrobras informou que recebeu da empresa petroquímica
Braskem, braço do grupo Odebrecht, o valor aproximado de R$ 265 milhões,
resultado do acordo de leniência firmado
com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União
(AGU). A Brasken é investigada no âmbito da Operação Lava Jato.
A Braskem já devolveu R$ 564 milhões à Petrobras. Desse total, R$ 363
milhões foram pagos no dia 7 de dezembro de 2017 e R$ 201 milhões em 8
de agosto de 2018. Nesse caso, foi em consequência de acordo de
leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF). Até agora, as
devoluções da Braskem somam aproximadamente R$ 828 milhões.
Segundo a Petrobras, o montante de recursos transferidos em
decorrência dos acordos de colaboração, acordos de leniência e
repatriações, realizados em decorrência da Operação Lava Jato ultrapassa
R$ 3,5 bilhões.
“A Petrobras reafirma seu compromisso de seguir adotando as medidas
cabíveis, em busca do adequado ressarcimento dos prejuízos decorrentes
dos ilícitos praticados”, informou a estatal em nota.
Edição: Fábio Massalli
Tags: Lava JatoAcordo de leniênciaAGUCGUBraskemPetrobras
Ministro participou de evento com secretários de estado de Justiça
Publicado em 10/06/2019 – 16:42
Por
Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Brasília
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
disse hoje (10), em Manaus, que não orientou os procuradores da
força-tarefa da Lava Jato, do Ministério Público Federal (MPF), sobre
como deveriam agir para obterem a condenação de pessoas acusadas de
participar do suposto esquema de corrupção que resultou na condenação de
políticos, empresários e executivos de empresas estatais, como a
Petrobras.
“Não tem nenhuma orientação ali nas mensagens”, disse Moro se
referindo a trechos de conversas atribuídas a ele e a membros da Lava
Jato. O teor de parte das conversas foi divulgado pelo site de notícias The Intercept Brasil, na tarde deste domingo (9).
“Não vi nada de mais nas mensagens. O que há ali é uma invasão
criminosa de celulares de procuradores, o que, para mim, é um fato
bastante grave. A invasão e a divulgação [das conversas]. Quanto ao
conteúdo, no que diz respeito a minha pessoa, não vi nada de mais”,
acrescentou Moro a jornalistas, logo após participar da abertura da
reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Justiça,
Cidadania, Direitos Humanos e Administração Penitenciária (Consej).
Segundo a equipe do site, cópias das mensagens que o juiz e
procuradores trocaram por meio de um aplicativo de conversas por celular
foram entregues por uma fonte que pediu sigilo e apontam para uma
“colaboração proibida” entre o então juiz federal, responsável por
julgar a Lava Jato em Curitiba, e os procuradores, a quem cabe acusar os
suspeitos de integrar o esquema de corrupção.
“E eu nem posso dizer que [as mensagens] são autênticas porque são
coisas que aconteceram, se é que aconteceram, há anos. Eu não tenho mais
estas mensagens, pois não as guardo. Não tenho registros disso”, disse
Moro, reforçando não haver nenhuma indicação dele ter orientado o
trabalho acusatório dos procuradores: “Juízes conversam com
procuradores, com advogados, com policiais…Isto é algo normal.”
Na última quarta-feira (5), o Ministério da Justiça e Segurança Pública revelou uma suposta tentativa de invasão
do telefone celular do ministro, motivando Moro a deixar de usar a
linha telefônica. A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar
a denúncia.
Em nota, a Procuradoria da República no Paraná sustenta que, antes
dos membros do Ministério Público Federal apresentarem denúncias, “são
comuns debates e revisões sobre fatos e provas, de modo a evitar
acusações frágeis em prejuízo aos investigados”. O órgão garante que a
atuação da força-tarefa Lava Jato é revestida de legalidade, técnica e
impessoalidade. E que a imparcialidade da Justiça é confirmada pelo fato
de diferentes instância do Poder Judiciário terem concordado haver
provas para as várias condenações, enquanto vários pedidos do MPF foram
negados ao longo do tempo.
Edição: Denise Griesinger
Tags: Sergio MoroTHE INTERCEPTLava Jato
Por
Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro
O ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB) chegou ao Rio de
Janeiro nesta manhã (31) para dar prosseguimento ao cumprimento de sua
pena uma unidade prisional do Complexo Penitenciário de Gericinó, em
Bangu, na zona oeste da capital fluminense. Ele volta à cidade onde
nasceu e onde construiu sua carreira política, após ficar preso no
Paraná por cerca de dois anos e sete meses. A transferência ocorreu
atendendo a pedido de sua defesa.
Eduardo Cunha foi condenado na Operação Lava Jato por ter recebido
propina envolvendo um contrato de exploração de petróleo em Benin, na
África, e pelo uso de contas no exterior para lavar o dinheiro.
Em primeira instância, ele foi sentenciado pelo então juiz federal
Sergio Moro a 15 anos e quatro meses de reclusão pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Na segunda instância, a pena foi reduzida para 14 anos e seis meses. O
ex-deputado está preso desde outubro de 2016. No mês passado,
a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou um habeas corpus em que sua a defesa pedia a revisão da pena.
Bangu 8
De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária
(Seap), Cunha deu entrada na Cadeia Pública Pedrolino Werling de
Oliveira, conhecida como Bangu 8. Trata-se da unidade do Complexo
Penitenciário de Gericinó onde estão outros políticos condenados na
Operação Lava Jato. Entre eles, está o colega de MDB e ex-governador do
Rio, Sérgio Cabral. Ainda não há informações sobre a possibilidade de
dividirem cela.
A transferência do ex-deputado para o Rio de Janeiro foi autorizada
na última quarta-feira (29) pela Vara de Execuções Penais da Justiça
Estadual do Paraná. O pedido da defesa cita o artigo 103 da Lei de
Execução Penal, que trata da permanência do preso em local próximo ao
seu meio social e familiar. Após ter o pleito atendido, a defesa de
Cunha divulgou nota afirmando que “a decisão é justa e adequada aos
preceitos legais e constitucionais”
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a se manifestar contra a
transferência. O órgão sustentou que Cunha ainda possui grande poder de
influência política no estado, o que poderia facilitar o cometimento de
novos crimes mesmo de dentro da prisão. O argumento, no entanto, não foi
acolhido pelo juízo.
Cunha é réu também em outras ações penais. Em uma delas, que corre na Justiça Federal de Brasília, ele foi condenado em primeira instância
a 24 anos e dez meses de prisão em junho do ano passado. Conforme a
sentença, o ex-deputado se envolveu em desvios de recursos do Fundo de
Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
Empresa deverá devolver R$ 2,8 bilhões aos cofres públicos
Publicado em 31/05/2019 – 19:26
Por
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Brasília
A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da
União (CGU) assinaram hoje (31) um acordo de leniência com a empresa
Braskem S.A., investigada no âmbito da Operação Lava Jato. A Braskem,
empresa petroquímica controlada pelo grupo Odebrecht, terá que devolver
aos cofres públicos R$ 2,8 bilhões até 2025.
O acordo de leniência é firmado com a pessoa jurídica que cometeu ato
ilícito contra a administração pública, mas que se dispõe a colaborar
nas investigações. “É importante citar que a colaboração da empresa não
só traz informações novas, como corrobora e nos ajuda em outros casos de
colaboração. As informações obtidas nesse escopo nos trazem o
fortalecimento de colaborações trazidas por outras empresas”, afirmou o
ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário.
O ministro afirmou que o valor de R$ 1,3 bilhão já foi devolvido às
autoridades. Do valor total a ser pago, R$ 376 milhões são referentes a
multas da Lei Anticorrupção e da Lei de improbidade administrativa. Os
R$ 2,4 bilhões restantes correspondem ao ressarcimento do pagamento de
propina feito à época do esquema de corrupção. Do total a ser pago,
cerca de R$ 2 milhões irão para os cofres da União e os outros cerca de
R$ 857 milhões para a Petrobras.
O acordo foi firmado com base em pilares. O primeiro deles é a
capacidade de a empresa trazer informações novas, que ajudem nas
investigações. O segundo é a devolução do dinheiro movimentado no
esquema de corrupção. Além disso, a empresa se compromete com a
integridade. Ela deve manter seus dados disponíveis para auditoria da
CGU.
Se deixar de cumprir um dos requisitos – prestação de informações,
ressarcimento e disponibilização de dados – a empresa perde os
benefícios do acordo. Com isso, o vencimento da dívida é antecipado, ela
perde o benefício na redução do valor das multas e passa a ser
declarada inidônea, não podendo mais contratar com a administração
pública.
Segundo o advogado-geral da União, André Mendonça, o acordo já estava
pronto para ser firmado desde os primeiros meses de 2019, mas a AGU e a
CGU tiveram que aguardar a Braskem concluir uma pendência com o
Ministério Público Federal (MPF), com quem também havia pactuado um
acordo de ressarcimento. Só após acertar que os valores combinados com o
MPF poderiam ser devolvidos via AGU e CGU é que o acordo pode ser
assinado.
“A CGU e AGU, hoje, adquiriram uma expertise já avançada na
construção desses acordos”, disse Mendonça. “Hoje, na verdade, nós
demandamos a empresa e ela é que está um passo atrás da gente. Então,
muitas vezes nós já estamos preparados, com todo o arcabouço da
construção da nossa parte já concluída. Mas a empresa ainda tem alguns
ajustes, algumas arestas que ela precisa sanar”, completou.
Este é o sétimo acordo de leniência firmado por empresas investigadas
por desvio de recursos públicos com a CGU e a AGU. Ao todo, companhias
como a Andrade Gutierrez, SBM Offshore e Odebrecht já se comprometeram a
ressarcir R$ 8,3 bilhões. Até o fim do ano, a expectativa é que outras
três negociações sejam concluídas e divulgadas.
Assista na TV Brasil: Lava-Jato: AGU e CGU firmam acordo de leniência com a Braskem
Por
Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil
São Paulo
A 61ª fase da Operação Lava Jato, denominada Disfarces de
Mamom, cumpre na manhã de hoje (8) três mandados de prisão preventiva e
32 de busca e apreensão na cidade de São Paulo.
Outras buscas também são realizadas no Rio de Janeiro (sete mandados
de busca e apreensão) e Porto Alegre (dois mandados de busca e
apreensão).
Os acusados serão levados para a sede da Polícia Federal em São Paulo
e, posteriormente, seguem para a Superintendência do Paraná, onde serão
interrogados.
Cerca de 170 policiais federais atuam na operação, que teve mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
A investigação apura um grande esquema de lavagem de dinheiro
praticado por altos funcionários de um banco, que contratavam empresas
de fachada para emitir notas fiscais e contratos fictícios para
justificar movimentação bancária no exterior.
Os investigados são um funcionário da mesa de câmbio, um diretor da área de operações de câmbio e o diretor geral do banco.
Foram usados depoimentos e colaborações de três administradores de
uma instituição financeira do exterior que ocultava capitais em
operações criminosas em favor da Odebrecht.
Edição: Kleber Sampaio
Tags: lava-jatoPolícia Federaloperação
Por
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil
Brasília
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nota informando
que a instituição financeira alvo da 61ª fase da operação da Lava Jato é
o Banco Paulista. De acordo com os investigadores, o banco teria lavado
mais de R$ 48 milhões, entre 2009 e 2015, repassados pela Odebrecht, no
exterior, por meio de “contratos ideologicamente falsos”. É a primeira
vez que a Lava Jato faz buscas em um banco.
Segundo os procuradores, também estão sendo investigados outros R$
280 milhões em repasses suspeitos feitos pelo banco a empresas
“aparentemente sem estruturas” inclusive de funcionários, por meio do
Setor de Operações Estruturados, setor criado pela Odebrecht para
repassar propinas para agentes públicos e políticos. O mesmo setor foi
usado para desviar recursos da Petrobras.
Por meio de nota o MPF informou ter “fortes evidências” da
participação de Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, na época funcionário
da mesa de câmbio do Banco Paulista; de Tarcísio Rodrigues Joaquim, que
era diretor da Área de Câmbio do mesmo banco; e de Gerson Luiz Mendes
de Brito, diretor-geral do Banco Paulista. Todos trabalham no banco.
O MPF acrescenta que esse esquema “tinha estrutura hierarquizada com
divisão de tarefas, composto por pessoas de confiança da cúpula do
Grupo, dentre as quais se destacavam Luiz Eduardo da Rocha Soares,
Olívio Rodrigues Júnior e Fernando Migliaccio da Silva. Estes três, em
associação com Vinícius Veiga Borin, Marco Pereira de Souza Bilinski e
Luiz Augusto França, detinham o controle societário do Meinl Bank Ltd.,
instituição financeira localizada nas ilhas de Antígua e Barbuda
(Caribe), onde o Grupo Odebrecht abriu e manteve, pelo menos entre 2010 e
2016, diversas contas bancárias operacionais para a movimentação
ilícita de valores”, diz a nota.
Os elementos probatórios obtidos teriam identificado compensações
ilícitas feitas pelos executivos do Banco Paulista, em meio a
transferências feitas em moedas estrangeiras para contas em nome de offshores
controladas por doleiros identificados como “Juca Bala” (Vinícius
Claret) e “Dragão” (Wu Yu). A compensação teria sido feita no Brasil, na
moeda local.
Após receberem os recursos ilícitos pelos doleiros, Olívio Rodrigues
Júnior repassava dinheiro em espécie ao Banco Paulista, que então
efetuava, em nome próprio, os pagamentos, por meio de transferência
eletrônica, para as empresas de fachada controladas pelo próprio Olívio,
por Luiz Eduardo da Rocha Soares, Fernando Migliaccio da Silva,
Vinícius Veiga Borin, Marco Pereira de Souza Bilinski e Luiz Augusto
França.
“Os pagamentos do Banco Paulista a essas empresas sem existência
real, por serviços nunca prestados, foram fraudulentamente justificados
por contratos fictícios e notas fiscais falsas. Apenas no período de
2009 a 2015, o Banco Paulista efetuou, sem a efetiva contraprestação de
serviços, pagamentos superiores a R$ 48 milhões em favor das empresas
BBF Assessoria e Consultoria Financeira, JR Graco Assessoria e
Consultoria Financeira, VVB Assessoria e Consultoria Financeira, Lafrano
Assessoria e Consultoria Financeira, MIG Consultoria Econômica e
Financeira, Crystal Research Serviços Ltda., e Bilinski Assessoria e
Consultoria Financeira, diz a nota do MPF.
De acordo com os procuradores, o Banco Paulista já havia sido instado
pelo Banco Central, em 2017, a prestar esclarecimentos sobre os
contratos suspeitos. Na época, o Banco Paulista teria dito que os
pagamentos estariam relacionados a remunerações pela apresentação e
estruturação de um produto chamado “Importação de Moeda Nacional”, além
de comissões sobre valores importados (“success fee”) – explicação que,
segundo o MPF, “não estava embasada em documentos formais que
comprovassem a aprovação, cálculos dos pagamentos e contato com os
envolvidos”.
A 61ª fase da Operação Lava Jato, denominada Disfarces de Mamom,
cumpre nesta manhã três mandados de prisão preventiva e 32 de busca e
apreensão na cidade de São Paulo. Também são realizadas buscas no Rio de
Janeiro (sete mandados de busca e apreensão) e Porto Alegre (dois
mandados de busca e apreensão).
Os presos serão levados para a sede da Polícia Federal em São Paulo
e, posteriormente, seguem para a Superintendência do Paraná, onde serão
interrogados. Cerca de 170 policiais federais atuam na operação, que
teve mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.