08 de março: dezoito estados e DF descumprem a Lei de Acesso à Informação e  não fornecem dados sobre violência contra as mulheres

08 de março: dezoito estados e DF descumprem a Lei de Acesso à Informação e não fornecem dados sobre violência contra as mulheres

8 de março de 2023 Off Por Ray Santos
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Paraíba e Santa Catarina negaram o acesso aos números; mapeamento faz parte de parceria entre Senado, Instituto Avon e Gênero e Número

O Instituto Avon, o Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado Federal e a Gênero e Número firmaram uma parceria para a unificação, organização, análise e monitoramento de estatísticas públicas nacionais sobre violências contra mulheres. Nos esforços para a execução do projeto, as entidades utilizaram a Lei Acesso à Informação (LAI) para solicitar dados de segurança pública de todas as unidades federativas do Brasil, sobretudo registros de ocorrência e feminicídios, bem como chamadas para a polícia militar.

O mapeamento dos dados é a primeira parte de uma parceria inédita entre os três entes para garantir a transparência e a disponibilidade de bases sobre violência contra as mulheres em diferentes setores: saúde, segurança pública, justiça, entre outros. O objetivo é garantir o cumprimento da lei de acordo com os preceitos do Estado democrático de direito, que assegura o acesso aos dados a todos os cidadãos de forma igualitária. Com frequência, parte destas informações são disponibilizadas para a mídia e alguns entes da sociedade civil, no entanto, por regra deveriam ser abertas a quaisquer pessoas e não fornecidos de maneira seletiva. Índices de qualidade e frequentemente atualizados são fundamentais para o planejamento, monitoramento, avaliação e aprimoramento de políticas públicas.

Dezoito estados e o Distrito Federal não cumpriram a LAI. Acre, Paraíba e Santa Catarina negaram completamente o acesso aos seus indicadores estaduais; outros onze estados enviaram dados insuficientes: Maranhão, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul; por fim, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Sergipe não responderam aos pedidos de envio dos indicadores feitos pelas instituições em meados de 2022.

“O Observatório foi criado a partir da necessidade de um olhar mais atento para os dados de violência contra a mulher no Brasil. A união de esforços, por meio do acordo de cooperação, enfatiza a falta de dados disponíveis e tem como um de seus objetivos a busca destes dados e a disponibilização pública para os interessados, sem a necessidade de esforço específico e dirigido de pedidos às unidades da federação pela LAI, como tivemos que realizar para os projetos da parceria.” explica Maria Teresa Prado, coordenadora do Observatório da Mulher no Senado Federal.

“A união de esforços entre o setor público e a sociedade civil no enfrentamento às violências contra meninas e mulheres visa a otimização de recursos e esforços em prol de um mesmo objetivo. Indicadores acessíveis e de qualidade são condições para monitorar e avaliar políticas públicas. Sem eles, não há estabelecimento e acompanhamento de metas. Uma das missões do Instituto Avon é mobilizar a população, integrando diferentes áreas, setores e conhecimentos em prol das brasileiras”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.

“Basta de descumprimento da LAI. A disponibilização de dados abertos a todos os cidadãos é um direito garantido há 11 anos e desrespeitado pela maioria das secretarias de Segurança Pública. Como organização que trabalha com dados sobre os direitos das mulheres, nossa mobilização visa acabar com esta falta de transparência que tanto prejudica as brasileiras”, afirma Maria Martha Bruno, diretora de conteúdo da Gênero e Número e uma das coordenadoras da parceria.

Sobre o Instituto Avon

O Instituto Avon é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua na defesa de direitos fundamentais das mulheres, por meio de iniciativas nas causas da atenção ao câncer de mama e do enfrentamento às violências contra as meninas e mulheres. Por meio de ações próprias e também de parcerias com instituições da sociedade civil, setor privado e poder público, o Instituto Avon se concentra na produção de conhecimento e no desenvolvimento de iniciativas que mobilizem todos os setores da sociedade para o avanço das causas. Desde a sua fundação em 2003, o braço social da Avon no Brasil já investiu R$ 180 milhões no país em mais de 400 projetos, beneficiando mais de 5 milhões de mulheres e engajando mais de 120 empresas privadas em suas iniciativas.

Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado Federal (OMV)

O Observatório da Mulher faz parte da estrutura da Secretaria de Transparência do Senado. Com o Instituto DataSenado, é responsável pela Pesquisa de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, que é a série histórica sobre o tema mais antiga no Brasil. O OMV tem como atribuição reunir e sistematizar as estatísticas oficiais, promover pesquisas e estudos, coletar dados primários e apoiar o trabalho das senhoras(es) senadoras(es) em relação à violência contra a mulher. Sua missão é contribuir para o fim da violência contra as mulheres, constituindo-se como uma plataforma de referência nacional e internacional em dados, pesquisa, análise e intercâmbio entre as principais instituições atuantes na temática de violência contra as mulheres.

Gênero e Número

A Gênero e Número é uma empresa social que produz e distribui informação orientada por dados e análises sobre questões urgentes de gênero e raça, visando qualificar debates rumo à equidade. A partir de linguagem gráfica, conteúdo audiovisual, pesquisas, relatórios e reportagens multimídia alcançamos e informamos uma audiência interessada no assunto

Weber Shandwick


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