5 alterações da Síndrome de Down que precisam de cuidados do otorrinolaringologista
22 de março de 2023Especialista da ABORL-CCF e ABOPe indica que algumas questões de saúde devem ser observadas desde cedo
Nesta terça-feira, 21/3, é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down, uma alteração genética que atinge cerca de 1 a cada 700 nascimentos no Brasil. A data foi escolhida em referência à triplicação, ou trissomia, do 21º cromossomo que causa a síndrome.
Pessoas com Síndrome de Down apresentam algumas características próprias que as tornam mais propensas a complicações de saúde ao longo de seu desenvolvimento, como problemas cardíacos, respiratórios, auditivos, na deglutição, na fala, na linguagem e distúrbios do sono. É fundamental que essas condições sejam acompanhadas por profissionais especializados desde cedo.
“O médico otorrinolaringologista tem um papel importante no diagnóstico e tratamento desta população, podendo contribuir para uma melhor qualidade de vida e impactar positivamente na sua interação social”, explica a diretora da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe), membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Dra. Carolina Miura.
Atenção redobrada
Audição – De acordo com as Diretrizes de Atenção às Pessoas com Síndrome de Down do Ministério da Saúde, aproximadamente 75% das pessoas com a trissomia terão perda auditiva ao longo da vida.
Dentre as doenças do ouvido, é comum a presença de otite média secretora na primeira infância, que pode ser descrita por um acúmulo de secreção na orelha média, mas sem sinais de infecção aguda. O estreitamento do canal auditivo externo é outra alteração recorrente e que leva à concentração de cera e pele descamada no ouvido.
“Desta forma, avaliações de rotina e exames audiológicos devem fazer parte da vida destes pacientes e avaliações específicas precisam ser realizadas de acordo com a faixa etária. Se necessário, pode ser indicada cirurgia e/ou prescrito o uso de aparelhos para reduzir chances de atraso da linguagem”, esclarece Carolina.
Fala e linguagem – A fala é a expressão oral da linguagem e ter algum comprometimento na percepção adequada dos sons, uma realidade que atinge quem tem a Síndrome de Down, também afeta a capacidade de falar corretamente. Além disso, o grupo tende a apresentar dificuldades de articular certos fonemas, apresentando alterações no tom, na intensidade e na qualidade da voz, bem como no ritmo de fala.
Respiração – Pessoas com Síndrome de Down geralmente possuem um maior tamanho da língua e a redução do tônus muscular, fatores estes que tornam a respiração oral prevalente e não favorecem a respiração nasal, considerada a ideal. Pela respiração oral persistente, costumam desenvolver um céu da boca profundo (palato ogival) e um menor desenvolvimento do osso maxilar, causando alterações dentárias, além de piora dos distúrbios respiratórios durante o sono e mesmo quando acordados.
Além disso, esse grupo tem maior incidência de amígdalas e adenoides maiores, o que também induz à respiração bucal. O acompanhamento otorrinolaringológico é necessário para se avaliar a possibilidade de intervenção cirúrgica e buscar estratégias terapêuticas que possam auxiliar na respiração correta.
Sono – Essas condições de respiração oral também podem levar à apneia obstrutiva do sono, um distúrbio respiratório do sono que é bastante comum na trissomia do cromossomo 21.
“Quem passa pelo problema pode sofrer com agitação ao longo da noite, ronco, engasgos, ou seja, tem um sono de má qualidade. Em geral, aos quatro anos de idade, recomenda-se a realização de polissonografia, uma avaliação que ajuda a identificar complicações e como está a qualidade do sono”, afirma a médica otorrinopediatra.
Deglutição – Problemas na deglutição também podem ser recorrentes nesse público, principalmente por alterações na motricidade oral. Por natureza, a Síndrome de Down carrega por algumas particularidades anatômicas que podem resultar na dificuldade de engolir, sugar, mastigar, falar, entre outras funções.
“Estas alterações podem ser diagnosticadas pelo otorrinolaringologista por meio de exames ambulatoriais. Neste caso, o profissional poderá solicitar suporte de tratamento fonoterápico”, comenta a especialista.
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