Créditos – Foto: Divulgação / MF Press Global
Um estudo publicado na CPAH Science Journal of Health analisa os testes de inteligência usados no Brasil e em Portugal, revelando como a diversidade cultural impacta a precisão dos diagnósticos.
Liderado por Murillo Ribeiro Moreira de Lima, psicólogo registrado nos conselhos de psicologia do Brasil e de Portugal e membro do Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH), o trabalho examina as adaptações culturais necessárias para tornar esses testes mais eficazes.
Sem coautores, a pesquisa combina neurociência e genômica comportamental para explicar como o cérebro processa habilidades cognitivas em contextos multiculturais.
Por que este estudo foi feito?
A inteligência, ou seja, a capacidade de resolver problemas e se adaptar ao ambiente, é avaliada por testes que guiam diagnósticos em áreas como educação e saúde mental.
No entanto, diferenças culturais entre Brasil e Portugal, como língua, costumes e sistemas educacionais, podem distorcer os resultados.
Murillo Lima, especialista em neuropsicologia, quis investigar como os testes atuais lidam com essas diferenças e propor melhorias para atender populações diversas, como crianças imigrantes ou adultos em contextos multiculturais.
Como foi conduzido o estudo?
A pesquisa é uma revisão bibliográfica, reunindo estudos sobre testes de inteligência, como as escalas Wechsler (WISC-IV e WAIS-III), Matrizes Progressivas de Raven e a Escala de Maturidade Mental Columbia.
O autor analisou artigos científicos que exploram modelos teóricos, como o “fator g” de Spearman, a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner e o modelo CHC (Cattell-Horn-Carroll).
A abordagem incluiu uma perspectiva neurocientífica, examinando como o córtex pré-frontal e outras regiões cerebrais processam habilidades cognitivas, e genômica, considerando como variações genéticas influenciam a inteligência.
O que foi descoberto?
O estudo aponta que avaliar a inteligência em contextos multiculturais exige mais do que traduzir testes. Entre os principais achados estão:
- Diferenças culturais: No Brasil, a regulamentação do SATEPSI garante testes adaptados à realidade local, enquanto Portugal enfrenta atrasos na atualização de instrumentos, como o uso da WISC-III em vez da WISC-V, mais moderna.
- Desafios práticos: Crianças brasileiras em Portugal podem ter dificuldade com questões que refletem a cultura portuguesa, como vocabulário local, o que pode levar a diagnósticos errados. O mesmo ocorre com adultos brasileiros avaliados com a WAIS-III portuguesa.
- Abordagens complementares: Testes como a Vineland-3, que avalia comportamento adaptativo, e o Teste de Pensamento Criativo de Torrance, que mede criatividade, são cruciais para uma visão completa da inteligência, especialmente em casos de superdotação ou deficiência intelectual.
- Neurociência e genômica: O córtex pré-frontal, responsável por planejamento e resolução de problemas, varia em atividade dependendo do contexto cultural. Genes ligados à plasticidade cerebral, como o BDNF, influenciam como indivíduos aprendem e se adaptam, o que afeta os resultados dos testes.
Para o público leigo, pense no cérebro como uma orquestra: cada região, como o córtex pré-frontal, toca um instrumento diferente, e os genes são como a partitura, definindo o ritmo. Se o teste não considera o “estilo musical” cultural do avaliado, a música sai desafinada.
Resultados e impacto
A pesquisa destaca que testes desatualizados ou mal adaptados podem levar a diagnósticos imprecisos, afetando desde planos educacionais até intervenções clínicas.
No Brasil, a regulamentação do SATEPSI garante maior diversidade de testes, mas em Portugal, a falta de um órgão equivalente limita as opções. O estudo sugere que:
- Adaptações culturais: Testes devem refletir o contexto de vida do avaliado, como expressões locais ou experiências educacionais.
- Abordagem integrada: Combinar testes de QI com avaliações de criatividade e comportamento adaptativo oferece um retrato mais preciso.
- Formação profissional: Psicólogos precisam de treino para interpretar resultados considerando a diversidade cultural.
Qual o próximo passo?
O autor propõe a criação de normas transculturais e mais estudos longitudinais para entender como a inteligência se manifesta em populações migrantes. Novas tecnologias, como inteligência artificial, podem ajudar a desenvolver testes mais flexíveis e sensíveis à diversidade. A colaboração entre Brasil e Portugal é essencial para compartilhar boas práticas e atualizar instrumentos.
Publicado na CPAH Science Journal of Health em dezembro de 2024, este estudo é um alerta para a importância de testes de inteligência culturalmente adaptados.
Num mundo cada vez mais diverso, compreender a mente humana exige respeitar suas nuances culturais.
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