A inesquecível campanha do Tetra para a Caixa Econômica Federal
29 de setembro de 2022Por Kiko Fernandes *
Depois da copa de 70, o Brasil se tornou uma referência no futebol mundial. Não apenas pela conquista inédita do tricampeonato mundial, mas pelo vistoso e diferenciado talento com a bola de nossos jogadores. Mesmo na Copa de 82, onde a nossa seleção, apesar de não ter trazido o troféu, foi considerada pela crítica especializada uma referência e alçada entre as cinco melhores seleções de todos os tempos.
Apesar de toda essa reverência, o fato é que em 1994 o Brasil iria para mais uma Copa do Mundo, no entanto, carregando um desconforto. Nossa seleção não ganhava uma copa há 24 anos. Naquela ocasião, outros países como a Itália, Alemanha e Inglaterra, começavam a ameaçar a nossa hegemonia de único país tricampeão de futebol do mundo.
Nesse contexto, fomos convidados a participar de uma concorrência. A Caixa Econômica Federal (CEF) tinha sua conta de publicidade compartilhada por três agências que iriam disputar qual ficaria com a verba da campanha destinada à Copa do Mundo. Era um campeonato à parte.
Uma dessas três agências, a Publicis, nos “brifou” que a CEF, tinha perdido o “pitching” de patrocínio da transmissão da Globo, que detinha 80% da audiência nos jogos da Copa. Mas restava os outros 20% que iriam assistir pela inédita transmissão pela TV Band. A verba era bem limitada, o que nos impedia de licenciar algum sucesso e adaptá-lo para o tema e slogans da Caixa. Por outro lado, criar uma música original demandava um grande esforço de mídia para colar no ouvido do povo, tempo e número de repetições. Nada disso era possível. Estávamos fadados ao fracasso.
Junto com o diretor de criação da agência, Arnaldo Rozencweig, que também fazia parceria comigo nos jogos do Mengão no Maracanã, optamos em driblar essa situação, e buscamos uma música de domínio público (autor desconhecido), mas que tivesse já na memória dos torcedores.
E daí surgiu a inspiração para o jingle. Nos lembramos de um grito provocativo da torcida do Flamengo que desafiava a torcida rival para um confronto nada amistoso. E adaptamos para “Vem, vem, vem pro Tetra vem”, e finalizamos a música de mais de um minuto com a assinatura do Luiz Carlos Sá “Vem pra caixa você também…vem”
Vencemos a concorrência e levamos a conta da Copa do Mundo da CEF. E não só isso, a cada jogo aproveitávamos sempre duas versões para serem veiculadas imediatamente ao término da partida, uma para o caso de derrota e outra para o caso de vitória. E, felizmente, a versão do caso de derrota jamais foi ao ar. O jingle pegou e tivemos um retorno maior que várias marcas patrocinadoras. O Brasil foi finalmente tetracampeão em 94. Reconhecidamente um ano marcante para o futebol brasileiro, para a Caixa Econômica, para a Publicis e todos nós envolvidos nessa campanha inesquecível.
Kiko Fernandes * é produtor e sócio-diretor da Speedball Produções Musicais.
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