Biocombustíveis podem reduzir de 10% a 15% as emissões de Gases de Efeito Estufa
21 de outubro de 2024(GEE) de combustíveis líquidos em mercados emergentes, conclui estudo da IEA Bioenergy
· A seleção de países alvo do estudo abrangeu China, Etiópia, Índia, Indonésia, Malásia, África do Sul e Tailândia;
· O documento será apresentado oficialmente durante a conferência BBEST & IEA Bioenergy 2024, em São Paulo, entre 22 e 24 de outubro.
São Paulo (SP), 21 de outubro de 2024 – A mistura de 25% (ou mais) de biocombustíveis com baixo teor de carbono em misturas de combustíveis convencionais líquidos em alguns países selecionados da África e da Ásia podem levar a reduções de 10% a 15% na pegada total de carbono dos combustíveis líquidos, ou 262 Mt (milhões de toneladas) de CO2e por ano.
A conclusão é do Task 39, um dos grupos de trabalho da IEA Bioenergia, um organismo subordinado à Agência Internacional de Energia. E está publicada no relatório “Biocombustíveis nos Mercados Emergentes da África e da Ásia”. O estudo que foi liderado por Glaucia Mendes Souza, pesquisadora e professora titular do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa de Bioenergia (BIOEN) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nele, é detalhado o potencial da mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis de uso corrente em sete mercados emergentes: China, Etiópia, Índia, Indonésia, Malásia, África do Sul e Tailândia. O estudo agrega dados a um estudo anterior que avaliou Argentina, Brazil, Colômbia e Guatemala. Juntos, estes 11 países podem contribuir com quase metade da meta de redução de emissões globais necessárias no setor de transporte para atingirmos a neutralidade de carbono até 2050 (IEA, 2023).
O documento será apresentado oficialmente durante a conferência BBEST & IEA Bioenergy 2024, em São Paulo, entre 22 e 24 de outubro. O evento é organizado conjuntamente pelo Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN/FAPESP), pelo Programa de Colaboração em Tecnologia de Bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA Bioenergy) e pela Sociedade de Bioenergia (SBE).
Redução de gases de efeito estufa
“A iniciativa tem como objetivo apresentar uma estratégia custo-efetiva para reduzir as emissões de GEE do setor de transportes nesses mercados, já que ele deverá crescer rapidamente nos próximos anos em função do desenvolvimento econômico pelo qual estão passando”, ressalta a professora.
O relatório apresenta uma estimativa das emissões de GEE do biodiesel e do etanol que podem ser comercializados em mercados emergentes da África e da Ásia. “Reduções de até 87% foram relatadas em alguns casos de misturas, quando comparadas às suas contrapartes de combustíveis fósseis”, comenta ela.
Para a professora, o estudo indica que os biocombustíveis são, sim, competitivos em termos de custos, quando comparados com a base dos preços dos combustíveis fósseis, com algumas exceções. Entre elas, nos casos de países em que as matérias-primas são muito caras para a produção de biocombustíveis ou nos quais os combustíveis fósseis são altamente subsidiados.
Comércio internacional de biocombustíveis
Como alternativa à utilização de matérias-primas locais, o relatório considera a adoção do comércio internacional de biocombustíveis – uma estratégia amplamente adoptada para os combustíveis fósseis. Os resultados demonstraram a competitividade em termos de custos desta opção. Outro aspecto abordado são emissões adicionais de GEE provenientes de fretes internacionais, as quais são facilmente compensadas pelas poupanças de GEE proporcionadas pelos biocombustíveis.
O relatório do Task 39 da IEA Bioenergia traz recomendações aos decisores de políticas públicas e inclui sugestões para o desenvolvimento de políticas de biocombustíveis que busquem recompensar critérios de sustentabilidade e excluir as práticas insustentáveis – tudo baseado em esquemas de certificação.
O download do estudo está disponível aqui ou no site do Task 39 do IEA Bioenergia.
Sobre o IEA Bioenergia
Este é um programa de colaboração tecnológica da Agência Internacional de Energia dedicado a aumentar o alcance da bioenergia, desempenhando um papel importante na segurança energética e no uso sustentável da energia. Estabelece uma rede colaborativa entre países com programas nacionais centrados na investigação e utilização de bioenergia. Já o Task 39 (ou grupo de trabalho 39), uma das suas onze forças-tarefa, é responsável por examinar o potencial dos biocombustíveis como meio de descarbonizar o setor de transportes, o que é especialmente importante considerando que o setor responde hoje por parte significativa das emissões globais.
Sobre a Conferência BBEST & IEA Bioenergy 2024
A Conferência BBEST – IEA Bioenergy 2024, aborda nesta edição “A bioenergia e os bioprodutos: Acelerando a transição em direção à sustentabilidade”. É organizada pelo Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN/FAPESP), pelo Programa de Colaboração em Tecnologia de Bioenergia da Agência Internacional de Energia e pela Sociedade de Bioenergia (SBE). Tratará de temas como uso responsável da terra, produtividade agrícola e sustentabilidade, paisagens multifuncionais resilientes, tecnologia de colheita, logística e escala, desenvolvimento de biorrefinarias e bioprodutos e materiais avançados emergentes, biogás, bioeletricidade, biocombustíveis para transporte aéreo, marítimo e rodoviário, captura e sequestro de carbono, bem como a utilização de resíduos para produção de bioenergia e estratégias para a economia circular do carbono.
O evento ocorre entre os dias 22 e 24 de outubro, em São Paulo (SP), no Hotel Renaissance. Seu programa pode ser conferido neste link.
Sobre o BIOEN
O BIOEN, Programa de Pesquisa em Bioenergia da FAPESP, visa articular pesquisa e desenvolvimento (P&D) entre entidades públicas e privadas, utilizando laboratórios acadêmicos e industriais para avançar e aplicar o conhecimento nas áreas relacionadas à bioenergia no Brasil. As pesquisas abrangem desde a produção e o processamento de biomassa até tecnologias de biocombustíveis, biorrefinarias, sustentabilidade e impactos. Para mais informações, acesse https://bioenfapesp.org/
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