EUA volta a atacar região controlada pelos Houthis na capital do Iêmen

EUA volta a atacar região controlada pelos Houthis na capital do Iêmen

13 de janeiro de 2024 Off Por Ray Santos
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Este é o segundo dia seguido de bombardeios na região; alvo do novo ataque era radar usado pelo grupo rebelde para atingir embarcações no Mar Vermelho

Militares dos Estados Unidos realizaram nesta sexta-feira (12) outro ataque a uma região controlada pelos Houthis na capital do Iêmen, Sanaa. Desde novembro, o grupo rebelde tem atingido navios comerciais que passam pelo Mar Vermelhom em protesto ao conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

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Segundo a agência de notícias Associated Press, o Comando Central dos EUA disse que nesta última “ação de acompanhamento”, conduzida pelo navio da Marinha USS Carney, foram usados mísseis de ataque terrestre Tomahawk. Eles tinham como alvo um radar usado pelos Houthis para atingir embarcações.

Na quinta-feira (11), militares norte-americanos e da Inglaterra já haviam lançado uma série de ataques aéreos contra alvos militares dos Houthis. O grupo rebelde prometeu, em resposta, atacar mais navios que transitam pela região do Mar Vermelho e do Golfo de Aden.

Nesse primeiro ataque, mais de 60 alvos foram atingidos em 28 locais diferentes. O bombardeio liderado pelos EUA matou pelo menos cinco pessoas e feriu seis, disseram os Houthis.

O que está acontecendo no Mar Vermelho

Desde o começo do conflito entre Israel e o Hamas, os Houthis intensificaram bombardeios com drones e mísseis contra navios comerciais no Mar Vermelho. De acordo com os Houthis, os EUA e os aliados tentaram evitar um apoio do Iêmen à Palestina na guerra.

O Mar Vermelho é uma região entre o Canal de Suez e o Estreito de Babelmândebe e a principal rota de ligação marítima entre a Ásia e a Europa.

Segundo o Pentágono, até quinta-feira (11), os Houthis haviam lançado 27 ataques a diferentes navios que transitavam pelo sul do Mar Vermelho, fazendo com que muitas empresas de transporte marítimo interrompessem o fluxo na via navegável, redirecionando as embarcações para o Cabo da Boa Esperança, na África.

“Não hesitarei em tomar medidas adicionais para proteger o nosso povo e o livre fluxo do comércio internacional, conforme necessário”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden.

Grupo rebelde Houthis, do Iêmen | AP/Hani Mohammed
Grupo rebelde Houthis, do Iêmen | AP/Hani Mohammed

Quem são os Houthis?

Conhecido como Ansar Allah (Partidários de Deus), o grupo surgiu no início dos anos 1990, no norte do Iêmen, como um movimento religioso afiliado a uma subseita secular do islã xiita chamada Zaidismo, que se tornou minoria no país com a chegada ao poder do regime sunita, após a guerra civil de 1962.

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A relevância do grupo cresceu a partir de 2003, quando ganhou apoiadores ao se opor à invasão dos Estados Unidos ao Iraque e ao governo do presidente Ali Abdullah Saleh, que apoiou a ofensiva norte-americana e era considerado corrupto por eles. Em 2004, o fundador do grupo, Abdulmalek al-Houthi, foi morto por forças de segurança iemitas, mas o movimento continuou a ganhar força.

Em 2011, em meio à Primavera Árabe, Saleh concordou em entregar o poder ao vice-presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi. Impopular, o governo foi atacado novamente pelo movimento em 2014. Os rebeldes tomaram a capital, Sanna, e colocaram Hadi, o primeiro-ministro e dois outros ministros em prisão domiciliar.

Pouco depois, Hadi fugiu para Riade, na Árabia Saúdita, declarando-se presidente legítimo do Iêmen. Ele governa partes do país de lá até hoje, mas pouco mudou desde então. Em 2015, uma coligação liderada pela Arábia Saudita interveio no conflito, que se transformou numa guerra por procuração entre o reino e Irã.

A guerra matou mais de 150 mil pessoas, incluindo combatentes e civis, e criou um dos piores desastres humanitários do mundo, segundo a ONU.

Um cessar-fogo que tecnicamente terminou há mais de um ano ainda é amplamente respeitado. A Arábia Saudita e os rebeldes realizaram algumas trocas de prisioneiros, e uma delegação Houthi foi convidada para conversações de paz de alto nível em Riade, em setembro do ano passado. Mas, oficialmente, ainda não houve um tratado de paz.

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