Familiares de vítimas de grandes tragédias brasileiras irão à OEA clamar por justiça
10 de julho de 2024Audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos reunirá representantes das vítimas das tragédias de Brumadinho, Mariana, Maceió, Boate Kiss e Ninho do Urubu. Até hoje, ninguém foi responsabilizado por esses crimes
Um clamor por justiça e contra a impunidade. É com esse propósito que organizações que representam grandes tragédias brasileiras recentes estarão unidas no dia 12 de julho, a partir das 15h, em uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA). A entidade congrega 34 nações e é o principal fórum político, jurídico e social do hemisfério. Na audiência, que terá transmissão on-line, será discutida a responsabilidade do Estado brasileiro nas violações de direitos humanos causadas por atividades comerciais.
O encontro dará voz a representantes das vítimas dos rompimentos das barragens da Vale, em Brumadinho (2019), e da Vale e da BHP, em Mariana (2015); do afundamento causado pela Braskem com a exploração do subsolo em Maceió (2018); e dos incêndios da Boate Kiss (2013) e do alojamento Ninho do Urubu, do Flamengo, no Rio de Janeiro (2019).
Juntas, essas tragédias mataram 544 pessoas, deixaram centenas de milhares de sobreviventes com sequelas físicas e emocionais graves e ainda marcaram com dor, indignação e revolta famílias inteiras – centenas precisaram se mudar ou ficaram desalojadas – e comunidades.
Apesar de serem tragédias tão diferentes em sua natureza, elas guardam em comum a irresponsabilidade movida pela ganância e a impunidade – até hoje, ninguém foi responsabilizado por nenhum desses crimes.
“É uma oportunidade única de levar ao conhecimento desse órgão internacional as graves violações de direitos humanos que ocorreram nesses 5 casos que marcaram a história recente do Brasil”, diz Tâmara Biolo Soares, advogada e representante das vítimas na CIDH. “Também levaremos ao conhecimento da Comissão que vítimas e familiares têm sido intimidados e amedrontados, inclusive por meio de ações judiciais, e retaliados quando do recebimento de indenizações, em razão de sua luta por justiça”, disse.
Organizações presentes
Estarão representados no encontro a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho (AVABRUM), a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), a Associação Quilombola Vila Santa Efigênia e Adjacências – Mariana/MG, a Associação de Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (AFAVINU), o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF).
A audiência terá uma hora e meia de duração e contará com a presença de representantes do Estado brasileiro. Familiares e representantes farão depoimentos abordando como as tragédias que os vitimaram são consequências de desrespeitos frequentes em relação à vida humana e ao meio ambiente, com protagonismo de corporações, empresas privadas e alguns setores do Poder Público brasileiros.
Segundo Tâmara, o grupo espera que, com a audiência, a Comissão renove a urgência de o Estado brasileiro tornar efetiva a fiscalização das atividades empresariais e comerciais no país para evitar novas tragédias, e do seu dever de processar e punir os responsáveis, para que as violações de direitos humanos não se repitam.
SERVIÇO
O QUE – Audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA)
QUANDO – Dia 12 de julho de 2024, sexta-feira HORÁRIO – 15h
ONDE – Online – ACESSE O LINK
LS Comunicação