Jogos Paralímpicos Paris 2024: oportunidade para promover a inclusão no esporte
27 de agosto de 2024Segundo docente do Centro Universitário Senac e árbitra internacional de para natação, o evento esportivo é o mais importante
do mundo e um bom momento para promover a inclusão de pessoas com deficiência em atividades físicas e esportivas
A atual edição dos Jogos Olímpicos já se encaminha para o seu fim, mas não há motivo para se desesperar: de 28 de agosto a 8 de setembro acontecem os Jogos Paralímpicos Paris 2024, as Paralimpíadas, garantindo mais alguns dias de muito esporte para os brasileiros continuarem acompanhando e torcendo.
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), serão 274 atletas representando o Brasil em Paris, a maior delegação do país a disputar este torneio no exterior – o recorde segue sendo a participação no Rio de Janeiro, em 2016, com 278 atletas. Entre as modalidades com atletas convocados estão esportes como badminton, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, hipismo, natação, taekwondo, tênis de mesa e vôlei sentado.
Para Elke Lima Trigo, docente da Graduação e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, este é um bom momento para que a prática esportiva seja vista como algo ao alcance de todos e todas. “Durante as Paralimpíadas temos a possibilidade de aumentar a visibilidade e, consequentemente, o reconhecimento do potencial motor das pessoas com deficiência, incentivando a prática de esportes e atividades físicas por elas”, afirma.
Ainda segundo Trigo, responsável pela disciplina de Educação Física Adaptada e Inclusão, o desconhecimento das pessoas com deficiência sobre as suas possibilidades de participação em atividades físicas e esportivas é mais uma barreira que limita o acesso delas a uma vida esportiva mais ativa. Este problema afeta, inclusive, profissionais de educação física, que devem estar preparados para receber, planejar e aplicar as aulas considerando as características de todo e cada aluno.
“O conhecimento sobre as deficiências, aspectos fisiológicos, biomecânica e a metodologia do treinamento físico e esportivo contribuem para uma adequação dos treinos. Quando o profissional de Educação Física consegue ter como foco o potencial ao invés da limitação, os ganhos motores, físicos e psicológicos aos participantes são evidentes. A prática de atividade física e esportiva para pessoas com deficiência têm impacto na vida pessoal, ampliando autonomia, controle de doenças secundárias, reconhecimento social e consequente melhora do bem-estar”, comenta.
Mais acesso a esporte
Sobre o processo de inclusão de pessoas com deficiência em aulas e atividades esportivas, a docente, que também é árbitra internacional de paranatação pelo Comitê Paralímpico Internacional, explica que há clubes e associações que disponibilizam treinos para modalidades específicas de acordo com a deficiência, tanto para crianças como para adultos, sendo importante que a pessoa experimente diferentes modalidades durante a sua formação esportiva, independentemente da elegibilidade para competição.
“O paradesporto pode ocorrer em diferentes organizações e uma delas é o esporte Paralímpico. Já a prática da atividade física pode ocorrer na escola, academia e outros ambientes, e a pessoa com deficiência deveria ter acesso garantido como para qualquer outro aluno, por meio da acessibilidade arquitetônica e pedagógica”, completa.
O mais importante de tudo, independente dos objetivos de cada um, é que qualquer pessoa possa praticar esportes e atividades físicas. “Dentre os objetivos podemos ter o rendimento esportivo, a melhora e manutenção de saúde e bem-estar ou o lazer ativo, mas para todos eles precisamos de diferentes ambientes sociais que possibilitem esta prática e que sejam espaços também frequentados por pessoas com deficiência. A prática de esportes deve ser acessível a todas as pessoas”, conclui.
Talita Lima