Mãe e filha expulsas do Teatro Renault

NOTA À IMPRESSÃO

 a respeito do ocorrido na peça “Wicked” em 26/03/2025

Devido à enorme repercussão dos acontecimentos da última quarta-feira no teatro Renault, antes do início da peça “Wicked”, venho por meio desta trazer alguns esclarecimentos.

Sou mãe de 5 filhos, um deles com paralisia cerebral e atualmente internado em UTI Hospitalar.

Apesar de estar enfrentando o delicado quadro de saúde de meu filho adolescente, fiz questão de levar minha filha de 10 anos, apaixonada por teatro e ela mesma atriz, estudante de teatro há anos, à apresentação de ‘Wicked’ – um programa que aguardávamos há três meses como forma de acolhimento e alegria em meio à apreensão pela saúde de meu filho. 

O que deveria ter sido uma experiência agradável para ela, se transformou em pesadelo, não apenas pela violência gratuita que sofremos no teatro, mas também pela subsequente exposição irresponsável de nossa imagem, pelas acusações de transfobia sem fundamento e afirmações injustas a respeito da índole de minha família.  

Nas últimas 48h, as acusações se multiplicaram na mídia e nas redes sociais, resultando em um julgamento público injusto e com impacto profundo em minha família.  

Minha filha e eu ainda estamos em choque.

Na manhã seguinte aos eventos, ela se recusou a ir à escola, com “medo de apanhar”.

Ela também está com receio de voltar a ir ao teatro Renault para assistir Wicked. 

Mary cresceu no meio do teatro e da comunidade LGBTQIAPN+ e agora se vê em meio a uma polêmica absurda, na qual a mãe é injustamente acusada de algo impensável. 

Os posicionamentos do diretor da peça, da atriz principal e da conta oficial da Wicked Brasil, que admiramos, nos causaram extrema surpresa e dor: ao se dirigirem ao público afirmando que pessoas transfóbicas não eram bem-vindas naquele teatro foi como se a acusação feita contra mim já tivesse sido previamente aceita e julgada. 

Na quarta-feira, quando nos dirigimos à fila de retirada da pipoca, percebemos uma confusão já instalada: pelo que me foi possível compreender, aparentemente uma mulher havia “furado” a fila, o que gerou desentendimento entre os presentes.  

Quando soou o segundo sinal, anunciando o início iminente da peça, minha filha já aflita para tomar seu assento, pedi em tom alto que uma senhora parasse de gritar e finalizasse logo a discussão, para que assim pudéssemos todos retirar os pipocas a tempo.

Ela voltou contra mim e, após breve discussão, se levou, em companhia de um rapaz.   

Sem compreender a razão da confusão, e apenas tentando entender quem havia furado a fila, perguntou em voz alta – sem ironia, julgamento ou qualquer menção a identidade de gênero:

“Era o homem ou a mulher que estava na fila?” 

O casal então voltou, já aos berros: quem eu posteriormente viria a saber se tratar da influenciada Malévola Alves, começou a gritar que eu havia cometido um crime, o que me causou enorme estranhamento, já que até então eu não sabia nem quem ela era ou o que exatamente alegava ter acontecido. 

Minha filha se assustou e me agarrou, a peça estava para começar, eu não estava compreendendo a acusação que me foi feita, portanto me mantive calada, peguei pipocas e refrigerantes e segui para nossas poltronas em silêncio, enquanto a influenciava nos acompanhava, sempre aos gritos.  

No interior da sala de teatro, Malévola Alves passou a incitar os presentes, como é possível conferir em diversos vídeos repercutidos na internet, e parte da plateia começou a vaiar a mim e à minha filha. 

Em dado momento, a produção da peça e os responsáveis ​​pelo teatro pediram que deixássemos o ambiente, dizendo que estavam me trazendo esse pedido por eu ser a única pessoa calma nessa situação, que não parecia mais que se resolveria de outra forma.

A essa altura minha filha, nervosa com a situação, já estava chorando.  

Por isso, diante da promessa do Sr. Levi (responsável pelo teatro Renault) de nos fornecer ingressos na mesma fileira para o sábado seguinte, e com o bem estar da minha filha em mente, saí.

Mesmo com a certeza de estar sofrendo uma injustiça.  

Me ofereci para conversar com Malévola Alves, mas os representantes do teatro e da produção não o permitiram e apenas me informaram que ela “não queria papo”. 

No saguão do teatro, fui recebida por dois policiais.

Após minha explicação sobre o ocorrido, ambos insistiram com a produção para que chamassem a influenciadora também, porém ela se recusou.

Segundo informações dos representantes do teatro e da produção, Malévola Alves não queria registrar queixa sobre o suposto crime sofrido.  

Fui eu quem, ali mesmo, no saguão do teatro, registrou boletim de ocorrência.

Tenho total interesse em esclarecer os fatos com base na verdade dos registros e testemunhos, e confio que a Justiça poderá reverter o julgamento público precipitado e profundamente injusto a que fomos submetidas. 

E, finalizando, deixo claro que em nenhum momento foi registrado pela polícia militar nenhum procedimento de caráter “criminoso”, conforme alegado a produção da peça em nota oficial. 

O BO foi redigido apenas com o intuito de resguardar os meus direitos e da minha filha de 10 anos, dado que fomos retiradas do Teatro sem nosso consentimento.  

Todas as medidas judiciais cabíveis referentes à situação já foram tomadas, e no momento nos resta aguardar pelas decisões judiciais.  

Viviane Milano @maryanemilano 

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