Médicos se unem para remover tumor facial de rosto de jovem em cirurgia inovadora

Médicos se unem para remover tumor facial de rosto de jovem em cirurgia inovadora

30 de março de 2024 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Paranaense enfrenta condição rara desde pré-adolescência e passa por cirurgia de reconstrução facial aos 24 anos em hospital SUS

Andressa Cordeiro levava uma vida normal em Luiziana, interior do Paraná, até os 10 anos. A partir daí, em 2010, uma condição rara fez com que atividades corriqueiras, como beber água e ir para a escola, se tornassem difíceis. Ela foi diagnosticada com hemangioma cavernoso da face, uma malformação observada desde o nascimento, podendo progredir com o desenvolvimento da criança, causar um tumor vascular benigno e atingir proporções gigantescas. No caso de Andressa, o tumor evoluiu e tornou qualquer cirurgia uma escolha arriscada, levando a paciente a ser acompanhada pela equipe de neurorradiologia intervencionista por mais de uma década e precisando passar periodicamente por procedimentos para diminuir o risco de sangramento. Até que, no final de agosto de 2023, a equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), se reuniu e aceitou o desafio de dar a ela um novo rosto.

“Todo medo desapareceu quando soube que muitos médicos e enfermeiros estavam preocupados e cuidando de mim”, lembra Andressa, de 24 anos. Um dos médicos da equipe, o neurorradiologista intervencionista Gelson Luis Koppe, acompanha a paciente desde o início no Hospital Universitário Cajuru, com atendimento exclusivo pelo SUS. “Tenho mais de 25 anos de experiência no tratamento de condições semelhantes e este foi um dos casos mais delicados que já chegaram até meu consultório. Devido ao crescimento avançado do tumor, foi preciso estabilizar e melhorar a saúde da paciente antes que ela pudesse passar por uma cirurgia de grande porte”, explica o especialista que também atua no Hospital São Marcelino Champagnat.

Condição rara que Andressa desenvolveu aos 10 anos fez com que atividades como beber água e ir à escola se tornassem difíceis. Foto: Arquivo pessoal

O hemangioma cavernoso é uma malformação venosa, em que as artérias, que usualmente são normais, transmitem uma pressão muito maior para o lado venoso e formam varizes em determinadas partes do corpo. “Minha mãe me conta que, quando eu era pequena, manchas vermelhas apareciam no meu rosto toda vez que ficava agitada”, conta Andressa. Esses tumores vasculares benignos são muito comuns em bebês e, em cerca de 70% dos casos, desaparecem até os 10 ou 12 anos. Mas, para Andressa, foi diferente, visto que o tumor permaneceu e continuou a crescer, fazendo ela perder um dos olhos, parte dos lábios e do nariz. “Quando recebi o diagnóstico, não compreendia muito bem o que estava acontecendo. Mas o aumento anormal do tumor fez tudo ficar mais complicado, com riscos de hemorragias e necessidade de estar isolada”, complementa a paciente.

A cirurgia

Foram mais de 18 horas, distribuídas em várias etapas, para remoção do tumor. No dia 27 de agosto, a equipe liderada por Gelson Luis Koppe entrou em ação com o objetivo de fazer uma embolização maciça, fechando e interrompendo o fluxo sanguíneo que alimentava o hemangioma. Por meio de agentes embolizantes, essa técnica possibilitou a obstrução das artérias e veias, prevenindo possíveis hemorragias durante os próximos procedimentos. “Precisamos ocluir as veias e algumas artérias para que a equipe médica pudesse trabalhar”, contextualiza o neurorradiologista intervencionista.

No dia seguinte, cirurgiões de diferentes hospitais entraram em cena para finalmente remover o tumor e reconstruir o rosto. Inicialmente, a médica Marja Reksidler, dos hospitais Erasto Gaertner e Pequeno Príncipe, conduziu a cirurgia de ressecção. Sua participação foi fundamental para a segurança do procedimento e remoção completa da malformação da face de Andressa. “Foi um grande desafio, porque além de ser extensa, a lesão também era muito vascularizada, o que aumentava o risco de sangramento. Mas com a integração do conhecimento entre os profissionais, foi possível reduzir os riscos e ajudar a paciente a retomar a vida da melhor maneira possível”, afirma a cirurgiã de cabeça e pescoço.

Posteriormente, o cirurgião plástico Alfredo Duarte, do Hospital São Marcelino Champagnat, deu início à reconstrução da face. “Como houve perda de pele, músculos e nervos, fizemos o transplante de tecido da própria paciente para a região onde estava o tumor. Por isso, optamos por um retalho do músculo grande dorsal para garantir a movimentação facial e a cobertura cutânea”, detalha Alfredo. Esse tecido faz parte da região posterior e inferior do tronco e da cintura escapular, entre a coluna vertebral e a região axilar. “Ainda temos mais etapas de cirurgias pela frente para reconstrução do lábio, do olho e do nariz, mas já estamos muito felizes com os resultados e honrados em participar ativamente desse processo de reintegração da Andressa na sociedade”, acrescenta.

Forças-tarefas como essa, que reúnem profissionais de várias áreas, são essenciais em cirurgias como a de Andressa, que exigem, além de infraestrutura de ponta, a troca de experiências entre todo o corpo clínico, com um mesmo objetivo em comum. Em 2021, o cirurgião plástico Alfredo Duarte organizou outra grande intervenção no Hospital São Marcelino Champagnat para a retirada de um tumor de 30 kg de uma paciente, com a participação de um médico norte-americano especialista na remoção de tumores volumosos.

O recomeço

Após uma cirurgia que só foi possível em razão dessa união de médicos de diversas especialidades, Andressa já está se recuperando em casa. Aos poucos, as dificuldades de executar pequenas tarefas e a impossibilidade de frequentar locais públicos vão ficando no passado. Para ela, é hora de refazer a rota e mirar novos caminhos, começando pelo mais simples. “Sinto-me aliviada, como se estivesse recebendo uma segunda chance na vida. Tudo é tão novo para mim que estou me adaptando gradualmente e começando a planejar o futuro”, finaliza a paciente.

Sobre o Hospital Universitário Cajuru

O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS e com a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) nível 1. Está orientado pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.

Sobre o Hospital São Marcelino Champagnat

O Hospital São Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).

Central Press


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