Mulheres rurais ganham cada vez mais espaço na economia do Estado

23 de outubro de 2022 Off Por Ray Santos
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Cristiane Paschoaletto Costa atua exclusivamente no campo há 4 anos e, com apoio do Sebrae, quer agregar valor com certificação para seu gado pantaneiro

O papel da mulher no campo tem fundamental importância para a economia e sua participação no sistema produtivo agropecuário vem crescendo.

O número de mulheres que participam da agropecuária em Mato Grosso do Sul cresceu 109% entre 2010 e 2020, conforme dados levantados pelo Sistema Famasul divulgados neste ano.

Em especial, essa representatividade é reforçada agora em outubro com o Dia Internacional das Mulheres Rurais, celebrado no dia 15.

A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1995.

O Sebrae/MS procura dar incentivo para que essa representação da mulher rural seja fortalecida a partir de diferentes ações e apoios.

Em alguns casos, essas empreendedoras recebem consultoria para diversificar os negócios e ampliar sua atuação no mercado ao buscar propostas que favorecer o desenvolvimento sustentável.

Cristiane Paschoaletto Costa é uma dessas mulheres. Ela conduz negócio na área da pecuária no Pantanal e está certificando sua produção para ofertar carne sustentável.

A empreendedora trabalha com fazendas de cria e recria no Pantanal de Rio Negro e está com processo de certificação para ofertar gado sustentável.

Cristiane também planeja atuar com uma parte de sua produção no sistema de confinamento em outra propriedade, que fica no norte do Estado. Para obter o selo de carne sustentável, Cristiane recebe apoio do Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal, iniciativa do Sebrae.

Esse trabalho no eixo do agronegócio ainda tem a parceria com a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO).

Conforme a empresária, que é formada em Ciências Contábeis, boa parte do aprendizado que recebeu foi a partir do pai e da mãe dela.

Ambos atuavam no agronegócio e deixaram o caminho aberto para ela decidir por onde ia trilhar.

Tanto é que antes de entrar totalmente no agronegócio e se tornar uma mulher rural, Cristiane trabalhou no Tribunal de Justiça e chegou a administrar uma loja em shopping.

Porém, foi no campo que ela realmente se identificou.“Meu pai já mexia com fazenda. Ele só criava gado. Ele só teve filha mulher e foi mostrar para gente o que precisávamos entender para cuidar do que poderia ser nosso. Quando ele faleceu (2017), eu decidi assumir de vez.

Minha mãe chegou a tocar sozinha uma fazenda. Então ela veio a falecer também. Os dois me ensinaram muito e foi onde aprendi a gostar. Hoje tenho apoio do meu marido, trabalhamos juntos.

A gente faz planejamento e não damos passo maior que perna”, relembra Cristiane ao mencionar um pouco da história do pai, Geraldo Angelo Paschoaletto, e da mãe, Shirley Veneranda D. Paschoaletto.

A empresária do agronegócio só teve filhas e ela comenta que segue os passos do pai ao apresentar o próprio negócio para elas, prevendo que ambas ainda podem atuar diretamente no meio rural.

“As duas moram em São Paulo, mas uma já se formou em Direito e trabalha como advogada. É ela quem faz meus contratos. A outra está cursando administração”, detalha.

Na família de Cristiane, ela ainda tem duas irmãs com propriedade no Pantanal e que têm criação de gado.

Conforme os dados levantados pelo Sistema Famasul, apontando o crescimento da presença da mulher no sistema produtivo rural no período de 10 anos, Cristiane faz parte diretamente dessa estatística.

Ela migrou de vez para a área há quatro anos. Nesse período, não só aprendeu a atuar com o sistema de cria de gado, como no de recria.

Analisando a movimentação do mercado da pecuária, percebeu mais recentemente que poderia agregar valor à sua produção se adequasse o gado para o sistema sustentável, aproveitando também o potencial que o Pantanal oferece em termos de reconhecimento de qualidade.

“Eu fico cuidando diretamente e de perto do lado financeiro da fazenda.

No Pantanal, temos os sistemas de cria e recria. A gente mistura o pasto formado com o natural e a certificação, com apoio que recebemos da ABPO, do Sebrae, estamos conseguindo organizar para valorizar o nosso gado. É um benefício que temos o fato de a gente ter o gado pantaneiro”, indica a mulher rural.

Nessas propriedades localizadas no Pantanal do Rio Negro, ela e o marido, Pedro Manoel Correa da Costa, ainda introduziram o processo de inseminação para melhorar a qualidade do gado que é criado.

Conforme a empresária, os métodos produtivos para a pecuária no Pantanal foram alternando-se ao longo do tempo e a inovação é uma etapa necessária para equilibrar a produção com o resultado.

“Antigamente, criação de gado no Pantanal era só no campo e não tinha muito mais que era feito. Veio a concorrência e a tecnologia passou a ser importante para auxiliar essa produção. Agora temos a certificação.

A gente precisa se atualizar para não ficar para trás”, defende.

Mulheres e o agro

O levantamento do Sistema Famasul com dados do Ministério do Trabalho identificou que em 2010, 1,1 mil mulheres tinham participação em atividades agrícolas no Estado.

Em 2020, esse número passou para 2,4 mil. Em termos de ocupação das mulheres na agropecuária sul-mato-grossense, em 2010 elas eram 13,73% dos empregados no campo.

Dez anos depois, esse número aumentou para 14,26%. Essa estatística identificou que a maioria da presença feminina no setor é com a criação de bovinos, 53,44% de participação.

Cristiane Paschoaletto encaixa-se nesse perfil. O cultivo da soja fica em segundo lugar, com 13,90% de participação de mulheres.

Além do Pró Pantanal, outras iniciativas do Sebrae promovem o fortalecimento de negócios que têm mulheres a frente.

Sebrae Delas é outra proposta de atuação, que pode contribuir tanto para quem atua no meio rural, como em outros setores.

Cadeia da carne pantaneira sustentável

A quantidade de animais e de carne produzida em sistemas orgânicos alcançou aumento de 200% entre os anos de 2013 a 2016, conforme Embrapa Pantanal, Embrapa Gado de Corte e apoio da ABPO, em pesquisa divulgada em maio de 2022.

O crescimento dos abates mensais com certificação de carne sustentável também foi registrado para o período entre junho de 2020 a maio de 2021.

Os criadores que aderem a todos os protocolos de criação obtém 50% de isenção do ICMS (sistema sustentável) e 67% de isenção do ICMS (sistema orgânico).

Esse crescimento registrado até agora tem espaço para ser maior porque há avaliação que o mercado consumidor tem interesse na oferta desse produto de valor agregado.

Por parte da produção, todas as regiões do Pantanal têm vocação para a criação de animais a partir dessas boas práticas.

O valor agregado dessa carne pantaneira está alicerçado em fatores culturais e é reafirmado pelas condições históricas que existem em torno da produção do gado, levando-se em consideração que é preciso pastagem natural e necessidade de preservação ambiental para garantir a qualidade das forrageiras nativas.

Pró Pantanal

O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal, iniciativa do Sebrae, dá apoio para os criadores que direcionam sua criação para obter a certificação sustentável ou orgânica.

O programa também possui eixos de atuação no turismo e na economia criativa.

O Pró Pantanal ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

Para obter mais informações sobre o programa Pró Pantanal e suas ações que ocorrem nos eixos de economia criativa, de turismo e de agronegócio, fale com o Sebrae, pelo pelo número 0800 570 0800.

Visite o site oficial do programa clicando aqui.

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