Remédios que aumentam a pressão são amplamente vendidos no Brasil

Pode ser considerada alta a pressão que estiver na casa dos 14 por 9

21/03/2025 às 07h02 – Por: Max Gonçalves

Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

A hipertensão arterial é uma doença silenciosa e também perigosa. Não tem cura, mas pode ser controlada. É caracterizada por níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias.

A única forma de diagnosticar é acompanhando a aferição da pressão, que não é costume no Brasil. Pode ser considerada alta a pressão que estiver na casa dos 14 por 9.

O alerta do momento é para medicamentos de uso cotidiano no Brasil que podem promover a hipertensão, sem que os usuários tenham consciência do risco que estão correndo.

O médico cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, Dr. Matheus Marques chama a atenção para os efeitos dos anti-inflamatórios, como a nimesulida, amplamente vendido no país, assim como medicamentos para cólica menstrual cujo princípio ativo é o ibuprofeno.

Medicamentos para aliviar dores, mas que podem trazer outras complicações.

O médico explica que os anti-inflamatórios agem bloqueando uma enzima fundamental para a dilatação das artérias do nosso corpo e a regulagem do fluxo de sangue mantendo a pressão arterial sob controle.

Ao bloquear a enzima, chamada COX, o medicamento acaba por promover o enrijecimento das artérias, dificultando a passagem do sangue e aumentando a pressão arterial.

O anti-inflamatório também atua atrapalhando o funcionamento dos rins.

Os descongestionantes nasais também podem gerar hipertensão, assim como alguns anticoncepcionais.

Os descongestionantes têm como princípio ativo o corticoide, que atua contraindo os vasos sanguíneos do nariz, mas que, se usado em exagero, pode provocar uma contrição de vasos em todo o corpo, aumentando a frequência cardíaca e elevando a pressão arterial.

Os anticoncepcionais hormonais, especialmente aqueles que contêm estrogênio, fazem com que o corpo da mulher retenha mais líquido, gerando mudanças na estrutura dos vasos sanguíneos, que ficam mais apertados.

O médico cardiologista esclarece que não significa que as mulheres devam parar de usar o medicamento, mas que usem com acompanhamento da pressão arterial junto com a ginecologista, sobretudo as mulheres que já tem problemas de pressão ou que não têm o hábito de verificar a própria pressão arterial para saber se há alterações.

Reportagem, Max Gonçalves