Sem acesso à rede elétrica, projetos com investimentos de R$ 115 bilhões ficam travados no Ceará

Comentário Ivo Pugnaloni-www.enercons.com.br

Investir centenas de milhões, sem fazer todos os estudos e sem ter todos os licenciamentos? Achar que depois, na ANEEL, “a gente vai dar um jeito”?

Investir no emocional? Naquilo que “estiver na moda”? Deu nisso.

Onde houver um direito anterior, um licenciamento anterior, alguma empresa vai reivindicar. Podem ter certeza disso, as maiores autoridades e empresários do Brasil e do mundo inteiro.

“Ninguém ganha lanche grátis”, dizia Michel Freedman.

O sistema da rede básica tem uma capacidade projetada para uma carga. Pendurar cargas a mais do que o limite vai provocar desligamentos. Quem projeta investimentos precisa levar isso em conta.

Se a governos servir, esse dever aumenta exponencialmente. Achar que “vamos ver isso depois” pode ser o caminho que ultrapassa o limite da racionabilidade. E adentra no campo das possibilidades estatísticas.

Nenhum técnico responsável vai assinar algo assim, nenhum CEO de empresa estatal ou privada com direitos na ANEEL vai desistir desses direitos em favor de outra empresa, governo municipal ou estadual.

Os tempos mudaram. Embora nem sempre isto fique claro para todos.

Energia hidrelétrica: estamos sempre junto aos centros de carga, sem esses 3.000 km de distância como os ventos e o sol do Nordeste. Que sendo intermitentes, falham como qualquer coisa dessa natureza.

Conectar a um sistema local pode ter dificuldades? Pode sim. Mas sempre menores do que as enfrentadas com a rede básica, a espinha dorsal do sistema elétrico.

O estudo de cada caso, infelizmente aumenta o período de espera do faturamento. Mas tem um roteiro e tem regras legais, sem precisar descumprir as regras físicas, segundo as quais as correntes de elétrons se comportam. Estas sim, imutáveis.

Se as energias que são renováveis, mas ao mesmo tempo intermitentes não podem chegar ao Sudeste com qualidade depois de percorrer 3.000 km, por que as industrias do Sudeste e do Sul não podem transferir fabricas para o Nordeste?

Muitas fizeram isso no passado por incentivos fiscais. E se deram muito bem. Que diria agora, deixando de pagar pelo transporte da energia e pelo ICMS sobre ela se o consumo se der na modalidade autoprodução?

Por que não, presidente Lula e Mercadante, Diretor Sandoval? Por que não, Ministro Silveira?

Programa “Nordeste Me Aguarde” de Autoprodução de Energia Renovável, agora também na modalidade “semi Off Grid”, sem usar as redes de Distribuição nem de Transmissão.

“Minha Industria ao lado da Central Eólica-Solar”

Financiamento para Transferência de Consumidores Industriais

“Se a Montanha não vai a Maomé…”

Escrito por: Paloma Vargas -paloma.vargas@svm.com.br

Operador Nacional do Sistema Elétrico já teria negado pelo menos três iniciativas de produção de hidrogênio verde e uma de data center.

A falta de previsibilidade de ligação na rede elétrica nacional pode fazer com que o Ceará perca grandes investimentos de geração de hidrogênio verde (H2V) e de instalação de data centers. A medida, inclusive, pode retirar o Brasil do protagonismo da corrida global que visa uma transição energética verde.

Isso porque o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) negou acesso de pelo menos quatro empreendimentos à rede elétrica. São eles os projetos de H2V da Fortescue, Voltalia e Casa dos Ventos, além do projeto de data center, também da Casa dos Ventos.

Somadas as quatro iniciativas podem chegar a R$ 115 bilhões (usando como base o investimento divulgado pelas empresas no lançamento dos projetos).

Conforme o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) Raphael Amaral, são necessários estudos técnicos de viabilidade para saber os impactos que estes grandes empreendimentos vão trazer à rede nacional.

Ele comenta que possivelmente é necessário construir linhas de transmissão e subestações no sistema para poder abrigar estes investimentos.

“Só que o problema é que demora muito. Até que se faça os estudos, saia edital de leilão, de construção de linhas de transmissão, e que tudo esteja pronto, é na ordem de 7 a 8 anos.

Eles precisam dar aos investidores a segurança, mas o poder público trabalha com o prazo de 2032 e as empresas com 2029. Aí está o impasse”.

LEIA MAIS EM: Diário do Nordeste

ENERCONS
sistemas@comuniquese3.com.br

Veja mais novidades no "Portal TresLagoasMS .com"