Campo Grande (MS) é pioneira no uso do método Wolbachia no Centro-Oeste

Foto: ebc/Google

A nova tecnologia é comprovadamente eficaz e, quando aliada à atuação contínua da população na prevenção, apresenta resultados significativos na redução das arboviroses

Publicado em 22/01/2025 19h02

A cidade de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, foi a primeira do Centro-Oeste a adotar o método Wolbachiano combate à proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como denguezika chikungunya.

A introdução de novas tecnologias de controle vetorial faz parte do Plano de Ação 2024/2025, que visa reduzir os impactos das arboviroses.

Desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP) em parceria com a Fiocruz, o método interfere na capacidade do mosquito de transmitir os vírus, tornando-o menos eficiente na disseminação das doenças. 

A implementação do método foi concluída no ano passado, com seis fases que cobriram 74 bairros e sete regiões urbanas, beneficiando cerca de 130 mil pessoas por fase. Mais de 102 milhões de “wolbitos” – como são conhecidos os mosquitos infectados pela bactéria – foram liberados em Campo Grande.

Uma das metas do Ministério da Saúde é expandir a metodologia Wolbachia para mais 40 municípios em 2025. Até o momento, cerca de 4 milhões de habitantes foram beneficiados com a tecnologia em 8 cidades brasileiras: Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Esse número deverá atingir 5 milhões com as liberações previstas para Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG). 

Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas.

“A nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha. 

Biofábricas 

Atualmente, há biofábricas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde é reproduzido todo o ciclo de vida do mosquito, além da produção de ovos.

Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville também abrigam biofábricas, responsáveis pelo processo iniciado com a eclosão dos ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia.

Além disso, estão em andamento novas biofábricas que seguirão esse mesmo modelo nas cidades de Presidente Prudente, Natal e Uberlândia. 

Entenda o método 

Wolbachia é uma bactéria encontrada em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti.

Quando introduzida nesse mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças. 

O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, formando gradualmente uma nova “população” de mosquitos portadores da bactéria.

Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo. 

Os “Wolbitos”, como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética.

Além disso, não transmitem doenças, e a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. 

Ministério da Saúde Categoria

Saúde e Vigilância Sanitária

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