A atriz Léa Garcia morreu nesta terça-feira (15)
15 de agosto de 2023ARTISTA É UMA DAS ENTREVISTADAS DA SÉRIE ‘COMPANHIAS DO TEATRO BRASILEIRO’ NO AR , ÀS 23h30 NO CURTA! E DISPONÍVEL NO CURTA!ON A PARTIR DESTA QUARTA (16)
O teatro brasileiro acaba de perder mais uma de suas grandes atrizes: Léa Garcia, que faleceu nesta terça-feira, dia 15. Programado para ir ao ar hoje, no canal Curta!, às 23h30, o episódio inédito “Teatro Experimental do Negro” da série exclusiva “Companhias do Teatro Brasileiro” traz depoimentos da artista, que relembra quando começou a atuar no TEN. O capítulo estará no Curta!On – Clube de Documentários – nesta quarta. Produzida pela Camisa Listrada e viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), a obra tem direção de Roberto Bomtempo.
Além de Léa Garcia, Ruth de Souza e Haroldo Costa contam em entrevistas inéditas como o TEN surgiu, seus objetivos e sua trajetória. Fotos e entrevistas históricas ilustram o episódio, que conta ainda com o pesquisador Daniel Marano e Elisa Larkin Nascimento, escritora e diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros.
“Meu sonho era ser escritora, mas Abdias chegou em minha vida e mudou tudo. O teatro realmente entrou na minha vida após atingir certa idade, por volta dos 16 anos, quando fui com Abdias assistir a “A Herdeira”, com Bibi Ferreira. Foi em uma dessas saídas que meu pai estava me esperando na esquina da minha rua e me bateu. Então, larguei meu material escolar e tudo mais, fugindo de casa. Acabei vivendo com Abdias”, relembra Léa Garcia.
A atriz foi casada com Abdias do Nascimento — ator, poeta, jornalista, economista e militante da causa negra — criador da companhia ao lado de Aguinaldo Camargo, Theodorico dos Santos e José Hernel. O TEN foi uma resposta a uma prática comum na época conhecida como “black face”, na qual atores brancos tinham o rosto pintado de preto para interpretar personagens negros. Abdias ficou indignado ao assistir a uma produção teatral que utilizava essa prática e decidiu fundar um teatro negro que servisse para combater o racismo. O “Experimental” viria para romper conceitos, permitir a experimentação artística e o questionamento das normas estabelecidas. Além, claro, de mostrar que os negros também podiam ser atores e participar ativamente das produções teatrais.
“Em casa, ele costumava me dizer que eu tinha um talento artístico muito grande e uma ótima capacidade de atuação. Eu, porém, dizia que não queria ser atriz, mas ele continuava insistindo. Foi quando engravidei, pouco tempo depois, que ele montou o espetáculo “Rapsódia Negra” (1952) e me convenceu a fazer parte do elenco.” (…) “Eu estreei dizendo ‘O Navio Negreiro’, de Castro Alves, e também dançando uma música chamada ‘Harlem’, onde dançava com Claudiano Filho, também membro do Teatro Experimental do Negro, em um número de jazz. Além disso, havia um quadro focado na dança dos orixás das religiões de matriz africana, onde eu interpretava Oxum. Assim, foi minha estreia no teatro. Uma vez que pisei no palco, não quis mais sair”, comentou Léa Garcia em entrevista exclusiva para a série.
O TEN estreou em 8 de maio de 1945 com a peça “O Imperador Jones”, de Eugene O’Neill, não por acaso, a mesma que Abdias tinha assistido anos antes, marcando a primeira vez que atores negros pisaram no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O pesquisador Daniel Marano explica que Abdias do Nascimento, desde o começo, quis que o Teatro Experimental do Negro fosse mais do que apenas um grupo teatral, que desenvolvesse atividades paralelas ao palco. Assim vieram os cursos de alfabetização, congressos, debates sobre a questão do negro, concurso de artes plásticas, de beleza e a publicação de um jornal, “Quilombo”.
Ao longo da década de 1960, o TEN se afastou dos palcos devido a questões financeiras e passou a focar mais nas atividades sociais e políticas lideradas por Abdias Nascimento, que seguiu carreira política, uma forma de ampliar conquistas. Em uma rara entrevista, Abdias explica a importância da companhia. “O Teatro Negro é uma afirmação da cultura negra, da capacidade do negro de se organizar, a capacidade de luta do negro e de cultura africana no Brasil, independentemente de qualquer influência branca”.
“Teatro Experimental do Negro” pode ser assistido também no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br. Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. A estreia do episódio é na Terça das Artes, 15 de agosto, às 23h30.
Terça das Artes (Visuais, Cênicas, Arquitetura e Design) – 15/08
23h30 – “Companhias do Teatro Brasileiro” (Série) – Episódio: “Teatro Experimental do Negro” – INÉDITO
O Teatro Experimental do Negro (TEN) nasceu com a proposta inovadora, no século XX, de valorizar a cultura afro-brasileira, experimentar estilos teatrais e, principalmente, formar atores negros. Criado por Abdias Nascimento, o TEN foi revolucionário para o teatro brasileiro. Direção: Roberto Bomtempo. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 16 de agosto, quarta-feira, às 03h30 e às 17h30; 17 de agosto, quinta-feira, às 11h30; 19 de agosto, sábado, às 18h30; 20 de agosto, domingo, às 08h30.
PROMO: https://youtu.be/e2Et078NAF4
Sobre o Grupo Curta!
O Grupo Curta! tem como missão a difusão de conteúdos audiovisuais relevantes nas áreas de artes e humanidades, sejam brasileiros ou estrangeiros, através da TV linear (canal CURTA!), de plataformas de streaming de operadoras de telecom e da internet. A curadoria de conteúdos é, portanto, o motor central do grupo e foi uma das que mais aprovaram projetos originais para financiamento da produção pelo Fundo Setorial do Audiovisual: já foram mais de 125 longas documentais e 872 episódios de 77 séries que chegam ao público em primeira mão através de suas janelas de exibição:
O canal Curta!, linear, está presente nas residências de mais de 10 milhões de assinantes de TV paga e pode ser visto nos canais 556 da NET/Claro TV, 75 da Oi TV e 664 da Vivo Fibra, além de em operadoras associadas à NEO;
O Curta!On, o clube de documentários do Curta!, na ClaroTV+ e em CurtaOn.com.br, conta com mais de 800 filmes e episódios de séries documentais, organizadas por temas de interesse como Música, Artes, MetaCinema, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mitologia e Religião, Sociedade e Pensamento. Há também pastas especiais com novidades – que estreiam a cada mês –, conteúdos originais exclusivos, biografias, além de uma degustação para quem ainda não é assinante do serviço.
A Tamanduá TV, plataforma marketplace aberta para qualquer internauta, já reúne mais de quatro mil conteúdos. O usuário pode alugar filmes e séries específicos ou assinar de forma econômica um dos pacotes que contêm conteúdos segmentados por área de interesse: CineBR, CineDocs, CineEuro, CurtaEducação (para professores e estudantes do Ensino Médio e Enem), MetaCinema (para aficcionados e estudantes de Cinema), entre outros. Os pacotes CineBR, CineDocs e CineEuro são disponibilizados desde 2018 como serviço de valor agregado (SVA) para perto de oito milhões de assinantes de banda larga fixa (ISP) da operadora CLARO, sem custo adicional.
As atividades do Grupo Curta! também promovem a geração de royalties para produtores audiovisuais independentes, com a exploração de seus direitos audiovisuais nas diferentes janelas de streaming. O pacotes Cines da Tamandua TV e do Curta!ON estão repassando anualmente mais de R$ 1,5 milhão de reais em royalties para os produtores dos conteúdos que difunde.
Herval Peixoto – Agência Febre