Acompanhamento na gestação pode ajudar a reduzir os mais de 300 mil partos prematuros anuais no Brasil
18 de novembro de 2024Ginecologista e obstetra Shirley Gonçalves de Pádua Miguel, diretora-presidente da Unimed Cerrado, explica que nem sempre é possível apontar causas e reforça importância do pré-natal
A prematuridade é um tema preocupante no Brasil, que está entre os 10 países com as maiores taxas de nascimentos prematuros no mundo, como aponta o Ministério da Saúde. Dados do relatório “Nascido cedo demais” estima que cerca de 11% dos partos anuais sejam prematuros, o que equivale a mais de 300 mil bebês nascidos antes de completarem 36 semanas de gestação. Diante desses números, a comunidade médica tem se dedicado a dar mais visibilidade ao assunto e à conscientização.
O acompanhamento pré-natal está entre as principais estratégias para reduzir a ocorrência de partos prematuros. Como explica a médica ginecologista e obstetra Shirley Gonçalves, “essas consultas de rotina durante a gestação permitem identificar fatores de risco e condições que podem ser tratadas ou monitoradas a tempo, como infecções, hipertensão, diabetes gestacional e outros problemas que podem levar ao parto prematuro”. Ela ressalta que exames regulares, orientações médicas e um plano de cuidado personalizado são essenciais para garantir a saúde da mãe e do bebê.
Possíveis causas de partos prematuros
Como mencionado, algumas complicações durante a gestação como infecções, pré-eclâmpsia, gestação de múltiplos e problemas na placenta podem estar entre as causas de partos prematuros. Ainda assim, a médica e diretora-presidente da Unimed Cerrado pontua que nem sempre é possível definir uma motivação para o nascimento pré-termo.
“É importante que os pais compreendam que, embora existam fatores de risco, muitos casos de prematuridade acontecem sem uma causa aparente”, destaca a especialista. Ainda assim, ela aponta outros fatores associados que incluem idade materna avançada, histórico de prematuridade em gestações anteriores e hábitos como tabagismo e consumo de álcool.
Como os pais podem se preparar?
Lidar com a prematuridade pode ser desafiador para os pais. Por isso, estar bem-informado e ter uma rede de apoio sólida são elementos fundamentais. “Os pais devem ser encorajados a buscar informações sobre o cuidado com o bebê prematuro e a se envolver em grupos de apoio e iniciativas que compartilhem experiências”, orienta a médica. Participar ativamente do desenvolvimento do bebê e contar com suporte emocional e psicológico também são práticas recomendadas.
Após a alta hospitalar, os cuidados em casa são importantes e, no caso de bebês prematuros, eles precisam ser ainda rigorosos para garantir o desenvolvimento seguro do recém-nascido. Por isso, é necessário criar um ambiente seguro e acolhedor, controlar visitas para evitar infecções e manter uma rotina que respeite as necessidades do bebê.
Dúvidas e pontos de atenção
A diretora-presidente da Unimed Cerrado também ressalta que o acompanhamento pediátrico e multidisciplinar do recém-nascido tem papel fundamental na manutenção da segurança do bebê. Por isso, ela esclarece que é importante seguir a rotina de consultas regulares para avaliar o desenvolvimento do bebê e a necessidade de intervenções.
Dentre os principais pontos de atenção estão a possibilidade de problemas respiratórios, de infecções e de dificuldades alimentares, que estão entre as complicações mais comuns. Além disso, os pais e familiares mais próximos devem participar do processo de desenvolvimento oferecendo estímulos sensoriais. Para o pai e a mãe, o contato pele a pele (também conhecido como método canguru) é uma prática benéfica. A ginecologista e obstetra Shirley Gonçalves finaliza lembrando que os pais podem se preparar para o nascimento do bebê por meio das consultas e exames pré-natal e de programas de orientação.