Atividade física para crianças é aliada para bem-estar físico e mental

Especialistas reforçam que, além de ensinar valores importantes, a atividade contribui para a saúde de crianças e adolescentes

A Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um manual de orientação sobre a prática de atividades físicas por crianças e adolescentes. No documento, eles apontam que há evidências que indicam que “a atividade física durante a infância e a adolescência pode contribuir para o enfrentamento da obesidade”. Um dos caminhos, segundo a SBP, é que jovens ativos tendem a se tornar adultos ativos, além disso, possuem menor probabilidade de desenvolver obesidade e doenças relacionadas a ela na fase adulta. 

Dados do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, do Ministério da Saúde, apontam que, até meados de setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade. 

Especialistas apontam que a atividade física, além de ser uma importante aliada no combate à obesidade infantil, também é fundamental para o bem-estar físico e mental das crianças.

A psicóloga Ana Carolina H. Ermisdorff explica que, assim como uma boa alimentação e sono reparador, o exercício físico também é um componente importante para um desenvolvimento mais saudável, tanto físico quanto mentalmente. 

“A prática de atividades físicas ajuda na liberação de hormônios que trazem sensações mais prazerosas, ativam  áreas cerebrais, auxiliando para um melhor funcionamento das funções mentais como memória, atenção, percepção, entre outras. É importante observar que nada funciona isoladamente, para buscarmos uma melhor saúde física e mental, esse ‘combo’ de boa alimentação, sono, exercícios devem atuar  juntos”, explica a coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Fapan.

Entre os benefícios da prática esportiva para crianças, a psicóloga lembra que os ensinamentos vão muito além da ativação física. “Ensinam regras e valores importantes para a convivência em grupo, por exemplo. A atividade física ajuda a melhorar o funcionamento cognitivo, como o raciocínio, proporciona uma ativação comportamental, auxilia no desenvolvimento social, contribui para o desenvolvimento da nossa capacidade de sermos resilientes e lidar com frustrações, além de propiciar o contato com regras e por qual razão elas são importantes”, destaca.

O educador físico e professor do IDOMED Fapan, João Alves, lembra que “as crianças não têm a mesma capacidade física e mental, mas qualquer desafio alimentará a inteligência e favorece sistemas neurológico, cardíaco, esquelético, respiratório, entre outros”.

Uma das sugestões do profissional para quem quer inserir a atividade física na vida dos filhos são as artes marciais. “As pessoas desconhecem os ensinamentos das artes marciais e a relacionam muito à violência. Dizem que estimulam violência, mas as lutas interagem com várias ciências, como psicologia,  filosofia e fisiologia, por exemplo”, afirma.

De acordo com o educador físico, alguns estudos já apontam que as artes marciais  podem ser aliadas no tratamento de crianças com TDAH, pois melhoram o comportamento das relações interpessoais, além de despertar consciência corporal e domínio das emoções. 

“As artes marciais têm regras e sistema hierárquico, como a sociedade em geral. O professor tem a liberdade para flexibilizar as regras para possibilitar a participação de todos – inclusive do aluno com obesidade, por exemplo. Além disso, nas artes marciais, as crianças são ensinadas a vencer sem debochar e também a saber perder. Tudo isso valoriza muito o espírito esportivo. As artes marciais trabalham valores morais, sociais e familiares”, finaliza.

Por Patrícia Belarmino