Biodigestor é alternativa para sustentabilidade na pecuária no bioma do Pantanal 

Biodigestor é alternativa para sustentabilidade na pecuária no bioma do Pantanal 

15 de julho de 2024 Off Por Ray Santos
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Foto: arquivo

Através de um sistema que funciona a partir do uso de dejetos de gado para produção de biofertilizante, biogás e energia, a nova tecnologia pode reduzir queimadas e emissão de gases de feito estufa que assolam o pantanal mato-grossense

Ribeirão Preto (SP), 10 de julho de 2024 – De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil movimenta em torno de R$ 460 bilhões anuais na agropecuária, com o segundo maior rebanho bovino do mundo.

O setor gera mais de 15 milhões de empregos e representa força potente da economia nacional, responsável por 3% das exportações do país e 6% do PIB (Produto Interno Bruto).

De outro lado, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) revela que até novembro de 2023 as queimadas consumiram cerca de 950 mil hectares do bioma que se espalha pelos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, área onde concentram grande parte da produção brasileira de gado – bioma pantaneiro de grande importância para o equilíbrio do meio ambiente do Brasil.

Portanto, buscar alternativas que viabilizem e promovam a pecuária sustentável neste bioma que está vulnerável e atualmente em chamas tornou-se imperativo entre ambientalistas, gestores públicos e produtores, especialmente em um mundo que, cada vez mais, prioriza e privilegia a responsabilidade ambiental em todos os âmbitos.

Nessa esteira, alternativas como a ampliação do uso de biodigestores é uma opção bem-vinda. O pecuarista Renato Vollet discutiu o tema em seu trabalho de conclusão do curso do MBA em Agronegócio/USP, pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), instituição ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP).

No trabalho (“Pecuária bovina e a sustentabilidade”), Vollet destacou os benefícios dos biodigestores para o meio ambiente: evitar a degradação dos recursos hídricos e do solo, diminuir a emissão de gases de efeito estufa, reduzir a ocorrência de queimadas: tudo a partir do aproveitamento dos dejetos do gado confinado.

“O aumento do desmatamento para adensar a quantidade de animais por hectare leva à degradação de pastagens e ao maior uso da água de superfície por conta da retirada das árvores de raízes profundas, responsáveis por manter o subsolo umedecido. Com os biodigestores é possível aumentar o desempenho da propriedade sem comprometer o meio ambiente”, explica Vollet.

A proposta do pecuarista destaca o sistema que trata matéria orgânica por meio da decomposição anaeróbia (sem oxigênio) gerando, como subprodutos, um biofertilizante para pastagens e áreas de plantio, e o biogás (mistura dos gases metano com carbônico), que pode ser utilizado para diversas atividades dentro da propriedade.  

“A produção do biogás, por exemplo, é um recurso economicamente interessante, principalmente em localidades com restrições de acesso à rede elétrica ou com custos elevados para o fornecimento”, comenta a Professora Doutora da Fundace, Sônia Valle Walter Borges de Oliveira, especialista em biodigestores e orientadora de Renato Vollet na Fundace.

No compasso do mundo

Produzir mais em áreas menores é um desafio que a pecuária mundial precisa dar conta para continuar viva sem acabar com o meio ambiente.

Para isso, adotar práticas sustentáveis é, de acordo com Renato Vollet, o caminho que vai garantir a viabilidade da atividade em longo prazo.

“O conceito de pecuária sustentável ganha cada vez mais importância no mundo e a produção brasileira precisa estar alinhada com questões globais de sustentabilidade, processo de crédito de carbono, efeito estufa etc.

É uma decisão que também gera retorno financeiro, mas pensando em sustentabilidade, os ganhos para o planeta são enormes”, destaca Vollet. 

“Há uma urgência geral de introduzir melhorias em todos os processos no campo para contribuir com a sustentabilidade. E tem ainda o aspecto social, com geração de emprego e renda, e melhor qualidade de vida em relação ao meio ambiente, que estará mais conservado”, emenda a professora Sônia Oliveira.

Reduzir os impactos da pecuária ao meio ambiente é uma necessidade de mercado e uma exigência tanto dos órgãos reguladores brasileiros como da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Atualmente, muitos frigoríficos pagam bonificações especiais para animais de fazendas que adotam padrões sustentáveis de produção.

“Sustentabilidade na pecuária não é difícil e com direcionamento e vontade todos os produtores podem buscar soluções de integração entre esses dois fatores”, finaliza Renato Vollet.

O estudo, segundo a Profa. Dra. Sônia Valle, deveria ser discutido em nível de política pública governamental, como forma de preservar o bioma Pantaneiro que sofre com desmatamento, erosões e sedimentação, por manejo inadequado de terras para agropecuária.

Sobre a Fundace

A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma entidade sem fins lucrativos criada em 1995, vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).

Seu objetivo é promover pesquisas e desenvolvimento nas áreas de Administração, Contabilidade e Economia, buscando contribuir para o crescimento econômico e social do país.

A Fundace conta com uma equipe qualificada de professores, pesquisadores e consultores, que combinam a sólida formação acadêmica com a experiência prática de mercado, organizando os recursos de conhecimentos gerados por professores e pesquisadores da FEA-RP/USP. 

A instituição também executa serviços de consultoria especializada para atender às demandas da sociedade e de organizações públicas e privadas em geral, interessadas em práticas modernas e mais eficazes de gestão.

Entre os setores que contam com a expertise empregada pela Fundace estão projetos ligados ao saneamento e a resíduos sólidos, avaliação de investimentos e elaboração de modelos de concessão e PPP (Parceria Público Privada). 

Congrega um pool inovador de cursos de especialização e qualificação, prestação de serviços, bem como extensão e soluções empresariais.

Já foram oferecidos diversos cursos de MBA em áreas de nas áreas de administração, economia, contabilidade, finanças, marketing, entre outros.

Atualmente, são ofertados cerca de 12 cursos por semestre nas modalidades presencial e on-line.

Ao longo de sua trajetória de quase 30 anos, a Fundace tem contribuído significativamente para o avanço do conhecimento nas esferas administrativas, contábeis e econômicas, além de prestar relevantes serviços às comunidades empresarial e acadêmica brasileiras.

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