Brasil pode liderar transição verde do planeta, diz Marina em Nova York

Brasil pode liderar transição verde do planeta, diz Marina em Nova York

20 de setembro de 2023 Off Por Marco Murilo Oliveira
Compartilhar

Ministra discursou na Bolsa de Valores e participou de seminário na Universidade Columbia

O Brasil tem vantagens comparativas para liderar a transição verde do planeta, afirmou a ministra Marina Silva durante seminário na Bolsa de Valores de Nova York nesta segunda-feira (18/9). Decisões políticas acertadas e compromisso com as mudanças, completou, transformarão o país em uma potência sustentável.

Marina está nos Estados Unidos na comitiva do presidente Lula para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que coincide com a Semana do Clima de Nova York. Treze ministros e uma série de deputados e senadores — entre eles os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco — também viajaram.

Marina, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, participaram pela manhã do seminário “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável”. Organizados pela Confederação Nacional da Indústria e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, os debates foram centrados na transição energética brasileira.

“Mais do que adaptar e mitigar, nós queremos transformar. E o Brasil é o país que tem as melhores vantagens comparativas para enfrentar as três agendas: da mitigação, da adaptação e da transformação”, declarou Marina, ao reforçar a prioridade da pauta para o governo.

De janeiro a agosto, com o aumento da fiscalização pelo Ibama e o ICMBio, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 48% em comparação com os oito primeiros meses do ano anterior. A queda, discursou a ministra, evitou o lançamento na atmosfera de 200 milhões de toneladas de gás carbônico.

Ações de mitigação, completou Marina, trazem grandes oportunidades econômicas para o país, como a criação de um mercado regulado de carbono e o plano de transição ecológica comandado pelo Ministério da Fazenda. A ministra também destacou que o governo pretende fazer a concessão de 1 milhão de hectares de floresta para uso sustentável neste ano.

“O Brasil está para o século XXI como os EUA estiveram para o século XX: um país jovem, competindo com países de cultura milenar, que se tornou mais desenvolvido em vários aspectos”, disse ela. “Não temos as mesmas capacidades técnicas ou recursos financeiros, mas se tivermos a decisão política e o compromisso ético para fazer as mudanças que precisamos fazer, com certeza o Brasil será uma potência em vários sentidos.”

Haddad ressaltou que o combate às mudanças climáticas é prioritário e transversal para o governo.

“O Brasil talvez seja um dos poucos países que pode pôr os ministros da Fazenda e do Meio Ambiente lado a lado, falando a mesma língua e com os mesmos propósitos”, discursou o ministro, defendendo o desenvolvimento sustentável social, fiscal e ambiental.

O Brasil e a América Latina, afirmou Goldfajn, são parte da solução para os problemas globais, citando iniciativas apresentadas por Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

Lira disse que a “pauta verde” terá primazia no Congresso: mencionou projetos como a regulamentação do mercado de carbono e o marco regulatório da transição energética.

“A atual legislatura já provou que deseja fazer a diferença no Parlamento, e sou testemunha do interesse e empenho dos deputados federais em torno do desenvolvimento sustentável”, afirmou o presidente da Câmara.

Já Pacheco declarou que o Brasil tem uma “oportunidade ímpar” de se desenvolver sustentavelmente. Para isso, completou, combater o desmatamento nos biomas brasileiros é uma “incumbência primordial”, assim como reduzir as desigualdades urbanas.

“O contexto atual se apresenta de uma forma muito particular ao Brasil, e não resta dúvida de que há um compromisso sério, real e efetivo dos agentes públicos e políticos com o desenvolvimento sustentável do nosso país”, discursou o presidente do Senado.

Além de Marina e Haddad, compõem a comitiva presidencial os ministros: Cida Gonçalves (Mulheres), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Nísia Trindade (Saúde) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social). Os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Jader Filho (Cidades), Margareth Menezes (Cultura) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) também estão em Nova York para agendas extras.

Justiça Climática

Durante a tarde, a ministra Marina Silva participou do seminário “Brasil na dianteira da justiça climática: uma visão global para o futuro”, na Universidade Columbia. Em painel com os professores Thiago Amparo e Jeffrey Sachs, ela discursou que o aquecimento global afeta principalmente pessoas já vulnerabilizadas.

“Estamos chegando aos limites planetários da capacidade de suporte do planeta. Se eu penso em justiça climática, tenho que pensar na Justiça capital: não deixar destruir as condições que promovem e sustentam a vida na Terra”, disse Marina. “Para combatermos a injustiça racial, a injustiça de gênero, precisamos estar vivos.”

Em seguida, a ministra participou do evento Florestas para o Nosso Futuro, organizado pelo Programa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Na terça-feira, a agenda inclui eventos como a abertura do debate da Assembleia Geral da ONU, onde o presidente Lula será o primeiro a discursar, e uma série de reuniões bilaterais.

Marina chegou em Nova York no sábado e, no domingo, participou da abertura da Semana do Clima de Nova York. A ministra fez ainda uma apresentação sobre bioeconomia na ONU e teve audiências com a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen.

“A bioeconomia, num país megadiverso como o Brasil, representa uma grande oportunidade para criar um modelo de desenvolvimento econômico baseado no uso sustentável dos grandes ativos da biodiversidade. Esse uso deve respeitar os limites dos ecossistemas e contribuir economicamente para o alcance do equilíbrio climático”, discursou Marina na ONU.

Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)


Compartilhar