CAE vota na terça convite para ouvir presidente do Banco Central

CAE vota na terça convite para ouvir presidente do Banco Central

12 de março de 2023 Off Por Ray Santos
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Fonte: Agência Senado

Roberto Campos Neto pode ser convidado pela CAE a explicar as altas taxas de juros
Roque de Sá/Agência Senado

Fonte: Agência Senado

A pauta da primeira reunião deliberativa da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a ser realizada na próxima terça-feira (14), tem um requerimento (REQ 2/2023) de convite ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O objetivo, segundo o autor do requerimento, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), é ouvi-lo sobre a taxa de juros — Selic, fixada em 13,75% ao ano. A reunião terá início às 9h. 

Ainda na justificativa, Vandelan Cardoso, novo presidente da CAE, salienta que a alta taxa básica de juros tem gerado controvérsia na área econômica sobre a manutenção desse índice como a principal ferramenta para conter a inflação. O senador argumenta que, quando a Selic está em baixa, o estímulo ao consumo é maior e a economia tende a ficar aquecida. Para ele, é preciso que o Campos Neto esclareça esse cenário, em momento de baixo crescimento econômico. 

“Quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, fica reduzido. Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária. A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida”, diz o presidente da CAE no requerimento. 

A taxa básica de juros, Selic, é definida nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele é formado por diretores e pelo presidente do Banco Central, que definem a taxa que passa a vigorar durante um mês e meio após a reunião, até que uma nova reunião aconteça.

Aumentar, diminuir ou manter a Selic depende de como o Copom avalia riscos e oportunidades no cenário macroeconômico.

Americanas

Outro requerimento (REQ 4/2023) na pauta trata de convite à diretoria das Lojas Americanas para esclarecer o rombo de pelo menos R$ 20 bilhões nas contas da empresa. O autor do requerimento, senador Otto Alencar (PSD-BA), se referiu às chamadas “inconsistências contábeis” da empresa, que não registrou dívidas que tinha com fornecedores e bancos. Segundo Otto, o método contábil praticado pelas Americanas levou o mercado financeiro a se perguntar se outras empresas também repetem essa prática. 

“Na operação, a empresa compra mercadoria dos fornecedores e, antes da venda, ela quita essa dívida com um empréstimo do banco. Com isso, o fornecedor recebe e a companhia paga depois a instituição bancária com os juros. Isso é legal. O problema foi na hora de registrar essas dívidas. Em vez de registrar a dívida financeira, a Americanas registrava no balanço a dívida com o fornecedor, que não tinha juros”, detalha no requerimento. 

Essa prática foi executada por vários anos, o que causou um rombo bilionário na companhia. Muitas dívidas da Americanas têm, em contrato, condições variáveis. “Os juros cresceram e os prazos diminuíram e, assim, a conta já chegou em mais de R$ 43 bilhões, bem maior que os R$ 20 bilhões anunciados inicialmente. Esse rombo fez com que a companhia pedisse recuperação judicial”, acrescenta Otto. 

Entre os nomes sugeridos pelo senador a comparecerem no Senado estão o ex-diretor das Americanas Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, que comandou a empresa por 20 anos; o ex-CEO da companhia, Sergio Rial, que dias depois de assumir a direção, deixou a empresa e revelou a situação das Americanas; os ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros e Marcio Cruz Merelles, além do presidente da Febraban, Isaac Sidney Menezes Ferreira. 

Projetos 

Os senadores podem votar ainda quatro projetos de lei. Entre eles está o PL 229/2022, do senador Romário (PL-RJ), que garante licença-maternidade de quatro meses para atletas profissionais. Entre as medidas anunciadas pelo governo Lula na quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, está a licença-maternidade para as atletas, a ser encaminhada ao Congresso por meio de um projeto. De acordo com Romário, apesar de a Constituição já estabelecer o direito a licença remunerada de 120 dias a toda trabalhadora brasileira, sem prejuízo de seu emprego e salário, as atletas brasileiras não tem tido o reconhecimento desse direito por parte das entidades de práticas desportivas, ou clubes. Segundo ele, aquelas que hoje optam pela maternidade acabam tendo grande prejuízo financeiro e esportivo, já que precisam se afastar de suas atividades e vínculos empregatícios e acabam perdendo toda a estrutura técnica e financeira. 

“Seja por uma lacuna na legislação esportiva especial ou insensibilidade de seus dirigentes, essas atletas têm hoje que se afastar de suas atividades laborais e interromper os seus contratos para poder exercer o sonho da maternidade em toda a sua plenitude, e para qual a Constituição Brasileira lhe dá todo o respaldo”, afirma Romário na justificação. 

Outros projetos são: o PL 3.071/2019, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que permite que a renda de concurso da Loteca possa custear reabilitação de pessoas com deficiência; o PL 1.449/2019, de Romário, que proíbe a exigência de aquisição de material escolar nos estabelecimentos de educação básica pública e o PL 6.040/2019, do senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), pelo qual as mulheres que estejam até na 18ª semana gestacional poderão contratar planos de saúde hospitalares com cobertura obstétrica, com direito a atendimento integral. 

Vice-presidência

Após as votações, os senadores realizam uma nova reunião para eleger o vice-presidente da CAE. O presidente, senador Vanderlan Cardoso, foi eleito na última quarta-feira (8), no entanto a decisão do nome que assumirá a vice ficou para a semana seguinte.  

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado


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