Chocolate gerando empreendedorismo feminino na Amazônia
10 de julho de 2023No Dia Mundial do Chocolate, conhecemos como o produto vem transformando vidas de comunidades em Barcarena, com apoio do Fundo de Sustentabilidade Hydro
Desejado por nove em cada dez pessoas, o chocolate é tão famoso que possui um dia especial, comemorado nesta sexta, 7 de julho. E você sabia que esta data é comemorada no mundo todo? A data ficou conhecida desta maneira por marcar a chegada do produto na Europa no século 15. Pelo clima e solo serem favoráveis ao plantio, as lavouras de cacau prosperaram na Bahia. De lá para cá, o chocolate se tornou o queridinho dos brasileiros. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), a sua produção no país alcançou 511 mil toneladas em 2021.
Segundo a Embrapa, na Região Norte essa produção ficou em 150 mil, sendo o Pará responsável por 96% do total regional. O estado nortista é o maior produtor nacional desse fruto, com 1,8 bilhão dos cerca de 3.5 bilhões movimentados no País em 2020, e 70% do cultivo é feito em áreas degradadas, majoritariamente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais. Em porcentagem, o Pará produz 50% do cacau brasileiro e está entre os dez maiores pólos cacaueiros do mundo. Natural das áreas de várzea, o cacau é manejado há mais de 400 anos na região do Baixo Tocantins, mas foi na região da Transamazônica, com os plantios em terra firme, que essa cultura ganhou maior expressão.
Cerca de 80% da produção de cacau do estado está na região da Transamazônica, do município de Novo Repartimento até Uruará, sendo Medicilândia o epicentro do pólo cacaueiro do Pará. Outros municípios que se destacam são Altamira, Placas, Anapu, Brasil Novo, Vale do Xingu, Tucumã e Tomé-Açu.
Os agricultores familiares que trabalham com o cacau e outras culturas da região amazônica são o foco do Projeto Tipitix, que visa a promoção de soluções de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Desde 2021, o projeto já apoiou 43 empreendedores, de 21 comunidades de Barcarena, lançando 54 produtos no mercado. Entre eles estão três empreendimentos liderados por mulheres que trabalham com a cadeia produtiva do cacau, em Barcarena. Como parte da produção dos empreendimentos delas, o projeto lançou quatro produtos: o chocolate em pó Arauaia, o chocolate em barra e as cápsulas Vovó Bel e as gotas de chocolate Ancestral. Como uma das cadeias apoiadas desde seu primeiro ciclo de desenvolvimento de negócios da agricultura, em 2021, o Tipitix promoveu uma oficina dedicada ao processo de beneficiamento de amêndoas de cacau para produção de chocolates premium.
Os chocolates Vovó Bel nasceram de uma tradição familiar iniciada por Dona Isabel na comunidade Canaã, que produzia chocolates para distribuir às crianças da comunidade. Dona Isabel, conhecida como Vovó Bel, desenvolveu a técnica do chocolate caseiro que é seguida por sua família, sempre com sua supervisão e olhar atento. Inspirada na mãe, Dona Abilene Pereira de Brito, de 60 anos, segue produzindo o chocolate Vovó Bel sempre buscando oferecer as melhores barras de chocolate artesanal. O chocolate é produzido com matérias primas cultivadas na região por agricultores familiares parceiros.
Abilene é uma das empreendedoras apoiadas pelo projeto desde o primeiro ciclo, em 2021, quando desenvolveu as barrinhas de chocolate 30 e 60% cacau. Ampliando sua linha de produtos, a empreendedora agora participa do 4º ciclo com as cápsulas de chocolate com capuccino.
“Já comercializamos as barrinhas em eventos, na loja do Instituto Peabiru e outros parceiros do projeto e ajuda bastante na renda familiar. Com a ajuda da minha irmã Eliene, meu sobrinho Eric e das minhas filhas Isabel, Thalita e Raniely, conseguimos uma boa comercialização. Com o suporte do projeto, aprimoramos nossos conhecimentos e habilidades. Também desenvolvemos por conta própria outros produtos, como licores, doces e bombons artesanais de chocolate. Nos nossos bombons de chocolate com recheios tradicionais, utilizamos cacau em pó produzido em pilão de madeira, um diferencial”, conta Abilene.
Abilene envolve outros agricultores na cadeia de produção. Como sua produção de cacau não é suficiente para a demanda de produtos, ela também adquire cacau por meio de parcerias com agricultores de Barcarena.
Mulher ribeirinha, Elene Elda e sua família trabalham com o cacau da variedade Forasteiro, realizando de forma tradicional todas as etapas da produção. Da colheita dos frutos à fermentação, secagem das amêndoas e preparação do chocolate. O chocolate em pó da Elene celebra sua origem levando em sua marca o nome e os sabores do rio Arauaia. De sabor intenso, as amêndoas ribeirinhas são seu principal ingrediente. Na receita, apenas o puro nibs de cacau e açúcar, sem conservantes, glúten ou lactose.
Benefícios do chocolate
O cacau também pode oferecer inúmeras vantagens à saúde. É capaz de atuar na prevenção de anemias, em razão do seu alto quantitativo de ferro. É o responsável pelo combate a doenças neurológicas, bem como sistema nervoso que se descontrola facilmente. Entre os principais e mais conhecidos benefícios do cacau, podem ser citados: melhora de humor, combate à ansiedade e depressão; prevenção de tromboses; combate ao colesterol alto; previne aterosclerose; previne o acúmulo de colesterol nos vasos de sangue; previne anemias; reduz o risco de diabetes; previne problemas como derrame e demência; melhora a memória; promove a redução da pressão, em razão de melhor qualidade dos vasos de sangue; auxilia a regular a saúde intestinal; auxilia no controle de inflamações.
Sobre o Tipitix
O projeto Tipitix é uma realização do Fundo de Sustentabilidade Hydro (FSH) e da Fundação Mitsui Bussan do Brasil, voltado para o Empreendedorismo Agroalimentar Comunitário, visando a promoção de soluções de desenvolvimento sustentável na Amazônia. O FSH, organização sem fins lucrativos, foi instituída em 2019 com o compromisso conjunto das empresas Hydro, Albras e Alunorte. Somente em 2022, o Fundo investiu R$ 5,5 milhões em projetos e ações sociais.
O Tipitix oferece uma unidade de beneficiamento com estrutura e certificações para produção de produtos de origem vegetal. Além do espaço, o projeto presta assessoria técnica nas áreas de tecnologia de alimentos, design e vendas para empreendedores e grupos sociais desenvolverem seus produtos e acessarem novos mercados. Com investimento de R$ 3 milhões, os quatro ciclos de desenvolvimento de negócios já geraram uma receita de mais de 98 mil reais na venda dos 54 produtos lançados.
Entre esses produtos estão, além dos chocolates, geleias de açaí e muruci; cobertura para sorvete de açaí, taperebá e cupuaçu; chopp de frutas; pão de queijo de macaxeira; farofa; farinha e goma de tapioca; maniva; jambu cozido; urucum; compota de frutas; cocada; temperos e molho de pimenta. Para saber mais, clique aqui.
In Press Pni,.