Coalizão Energia Limpa alerta sobre possível crise energética ainda este ano

Coalizão Energia Limpa alerta sobre possível crise energética ainda este ano

28 de setembro de 2024 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Posicionamento crítico de especialistas da sociedade civil também aponta soluções 

Três anos após a crise hídrica de 2021, o Brasil enfrenta novamente o risco de desabastecimento energético, agravado pela redução das chuvas na Região Norte desde 2023, e que se estendeu para outras regiões em setembro de 2024. A incerteza sobre o impacto do La Niña no fim deste ano eleva as preocupações, já que a baixa nos reservatórios das hidrelétricas pode levar ao uso emergencial de termelétricas, aumento das tarifas de energia e maiores emissões de gases de efeito estufa.

Em posicionamento alertando a sociedade sobre o tema lançado hoje, dia 26 de setembro, a Coalizão Energia Limpa traz algumas propostas. Entre elas, o grupo formado por organizações especializadas na área relata que o déficit de potência em períodos de pico e o desperdício de fontes pelo operador requerem medidas para aumentar a resiliência do sistema elétrico, no curto e no longo prazo. Bancos de bateria, junto a fontes renováveis, poderiam reduzir flutuações e fornecer energia firme.

Segundo o texto, a criação de um arcabouço legal para sistemas de armazenamento, valorizando seus serviços, é fundamental para integrar renováveis. Novas linhas de transmissão e a gestão da demanda também são essenciais para a transição do sistema elétrico. A expansão das redes de transmissão no Nordeste, onde há mais de 80 GW de projetos solares, é crítica para evitar desperdício de energia.

Parques híbridos – combinando solar, eólica, biomassa e hidrelétricas – poderiam melhorar a disponibilidade de energia. A resposta voluntária de grandes consumidores e tarifas dinâmicas para os menores também conseguiriam ajudar a equilibrar a demanda em horários de pico.

Além disso, o documento ressalta que adaptar as hidrelétricas para além da oferta de energia elétrica tradicional, fornecendo novos serviços de armazenamento de energia e atendendo à demanda de potência em momentos críticos, poderia equilibrar a variabilidade das fontes solar e eólica.

No curto prazo, medidas de gestão da demanda e a maior inserção de sistemas renováveis em leilões de potência poderiam ajudar a enfrentar picos e acelerar a descarbonização do sistema elétrico, tornando-o mais preparado para eventos climáticos extremos.

É essencial priorizar políticas públicas de eficiência energética no setor elétrico brasileiro, com um plano estruturado que defina metas, indicadores e mecanismos de monitoramento. Essas políticas poderiam beneficiar consumidores, municípios e a indústria ao promover iluminação pública mais eficiente, equipamentos e edificações energeticamente melhores e redução do consumo em processos industriais intensivos. O uso de coletores solares, como nos programas do Minha Casa, Minha Vida, também seria uma solução acessível para reduzir a demanda no horário de pico.

Isis Nóbile Diniz


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