Com ‘biocouro’ feito de manga descartada, empresa inova no mercado da moda

Com ‘biocouro’ feito de manga descartada, empresa inova no mercado da moda

7 de dezembro de 2024 Off Por Ray Santos
Compartilhar

De Mato Grosso do Sul, conheça a startup que trouxe sustentabilidade para o mercado têxtil ao transformar resíduos de alimentos em biomateriais

Novas criações podem surgir do reaproveitamento de recursos que teriam como destino final o lixo.

A startup Terateks, de Mato Grosso do Sul, surgiu com esta premissa ao transformar resíduos alimentares em biomateriais para a indústria têxtil, ganhando destaque no mercado da moda por ser a pioneira na produção de biocouro a partir de mangas descartadas.

Atendida pelo Sebrae/MS, por meio do Living Lab – laboratório de inovação e prototipagem, o empreendimento vem se profissionalizando e alcançando ainda mais mercados e parcerias.

Venezuelana, a jornalista e publicitária Mercedes Gabriela Trindade é a fundadora da marca. Antes mesmo de empreender, ela já tinha como paixão os assuntos relacionados à moda. Participar de lançamentos de coleções em lojas, grifes e desfiles é algo de seu gosto pessoal.

Porém, a empresária se incomodava com os impactos causados pela indústria têxtil, que pode utilizar microplásticos e tintas com metais pesados na produção de calças, vestidos, blusas, acessórios e demais peças.

Mercedes veio ao Brasil, mais precisamente a Campo Grande, para acompanhar seu marido. Ao se adaptar, estudou temas que a aproximassem do novo lar, como a flora e os costumes da população e, constatou uma rica diversidade de árvores que dão frutos, mas que acabam não sendo aproveitados. Em 2023, ela partiu desse histórico e criou a Terateks.

Atualmente, Mercedes lidera todos os processos da startup e afirma que a manga, coletada em parques e chácaras de parceiros, foi escolhida como matéria-prima inicial devido à abundância em Mato Grosso do Sul.

“Em Campo Grande, há mangueiras em cada esquina: nas estradas, parques, escolas e chácaras. Durante a temporada, muitas não são consumidas e acabam apodrecendo, criando ambientes propícios para o mosquito-palha, que transmite a Leishmaniose. Assim, além de reduzir o desperdício, estamos ajudando a combater um problema de saúde pública”, afirma.

Diferencial tecnológico

A produção sustentável na Terateks é refletida em todas as etapas, desde o cultivo da fruta até o descarte do produto, promovendo práticas mais eco-friendly (amigáveis ao meio ambiente) tanto na alimentação quanto na moda.

Todo o processo é 100% natural, biodegradável e livre de substâncias químicas. O nome ‘Terateks’ reflete essa visão, como Mercedes explica: “Minha inspiração veio da terra e da tecnologia, pois nosso propósito é criar produtos que saem da terra e retornam a ela sem causar danos ao meio ambiente.”

O “couro vegano” ou biocouro, como é chamado o produto carro-chefe atual da Terateks, com a devida licença ambiental, poderá ser comercializado e utilizado para as indústrias para confeccionar bolsas, sapatos e itens do dia a dia, como revestimentos para bancos de carros e sofás.

O projeto foi aprimorado e otimizado no Programa de Aceleração do Living Lab (ALL), que proporcionou à startup experiências de mercado e networking, como também a participação em eventos para fortalecer a presença no mercado, como o Web Summit Rio, no Rio de Janeiro (RJ) e o EmpreendeFest, evento do Sebrae em Campo Grande (MS).

Novos destinos

A atuação da startup segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e já está sendo reconhecida fora de Mato Grosso do Sul.

Prova disso é que, em outubro de 2024, a Terateks foi premiada internacionalmente com o Prêmio Green and Digital StartUp da AHK no Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade, reconhecendo sua contribuição para a transição verde mundial.

Os próximos passos da empresária incluem a produção em larga escala do biocouro de manga e a internacionalização da marca.

“Estamos focando em levar a Terateks para o exterior, começando por Lisboa, um mercado em crescimento na moda sustentável, com várias fábricas de tecidos reciclados e até tecidos feitos de frutas como a maçã”, complementa Mercedes.

E as inovações não param por aí. A startup está explorando outras opções para a produção de biomateriais como cogumelos. Também está realizando experimentos para desenvolver bioplásticos a partir de resíduos alimentares, com o objetivo de substituir o plástico tradicional com abordagens tecnológicas mais seguras para o planeta.

A Terateks pode ser encontrada nas mídias sociais como o Instagram e no site oficial.

Para mais informações sobre as ações do Sebrae/MS, entre em contato pela Central de Relacionamento no número 0800 570 0800.


Compartilhar