Com salário mínimo abaixo do ideal e aumento do custo de vida, brasileiros acumulam dívidas

31 de agosto de 2022 Off Por Ray Santos
Compartilhar

Inflação nas alturas e salários baixos aumentaram os pedidos de empréstimos

Em abril de 2022, o Brasil registrou o maior número de endividados e inadimplentes (quem tem dívidas em atraso) dos últimos 12 anos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No mês em questão, foi alcançada a marca de 77,7% de endividados, 10,2% a mais que em abril de 2021. Esse foi o maior índice registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic) desde sua criação, em janeiro de 2010. O número continua subindo, e, em agosto, já atingiu a marca de 78%.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que os brasileiros precisariam ter um salário mínimo 5,27 vezes maior para conseguir se sustentar sem passar necessidades. A base utilizada foram famílias de quatro pessoas, onde seria necessária uma renda de pelo menos R$ 6.388,55 para arcar com alimentação, saúde, educação, transporte, lazer, vestuário, higiene e previdência. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1.212.

A pandemia e a inflação são as duas principais causas apontadas para esta crise financeira. O excesso de dívidas acumuladas também registrou um aumento considerável nos pedidos de empréstimos pessoais, uma medida que boa parte dos endividados vêm adotando para conseguir controlar suas pendências financeiras. Dados publicados no Índice Financeiro de Empréstimos da FinanZero apontam que, em junho de 2022, houve um aumento de 34% nos pedidos de empréstimos, se comparado com o mesmo período do ano anterior.

Perfil dos solicitantes

Com foco no mês de junho, o Índice Financeiro de Empréstimos ainda aponta que 51% dos solicitantes são homens com, em média, 34 anos de idade. 54% de todos os empréstimos solicitados no país estão concentrados na região Sudeste, que engloba os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 79% dos solicitantes não possuem ensino superior e 51% trabalham em regime CLT, com carteira assinada. O valor médio dos empréstimos fica em torno de R$ 6.653, sendo que 32,6% dos solicitantes usariam o dinheiro para pagar dívidas.

Esses dados mostram que a maioria dos endividados são pessoas com baixa escolaridade, o que também encaixa com o perfil dos trabalhadores com os menores salários. Contudo, os empréstimos muitas vezes não resolvem totalmente o problema. 

Antes de mais nada, é preciso ter um bom planejamento financeiro para evitar criar uma dívida mais pesada. Cerca de 18,75% das dívidas registradas no país são referentes aos atrasos de empréstimos com bancos, número que superou até mesmo contas recorrentes como água, luz e telefone.

Por Luisa Pereira


Compartilhar