Crianças entre 8 e 9 anos revisam estudo do Instituto Butantan
1 de agosto de 2023Os cientistas mirins sugeriram a inclusão de ilustrações e de um glossário, acatado pela edição da versão final publicada na revista Frontiers for Young Minds
O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, publicou um artigo na revista Frontiers for Young Minds que foge do convencional: foi editado por e para crianças. Trata-se do estudo intitulado A Blessing in Disguise: From Fish Venom to Novel Medicines (Peixes Especiais: do Veneno de Peixe a Novos Medicamentos, em tradução livre).
O objetivo da pesquisa era contar sobre a existência de peixes peçonhentos como o niquim (Thalassophryne nattereri), a descoberta de novas proteínas presentes no veneno da espécie com potencial ação anti-inflamatória, além de reforçar a importância da plataforma Zebrafish para a realização de ensaios pré-clínicos.
O processo de revisão dos artigos enviados à Frontiers for Young Minds é feito em parceria com escolas dos Estados Unidos que fomentam o olhar científico dos pequenos cientistas e a leitura do material conta com o auxílio de um professor, que ajuda as crianças a responderem a uma série de perguntas a fim de identificar o nível de compreensão que eles tiveram.
No caso do texto dos cientistas brasileiros, os alunos pontuaram que, apesar de terem achado a história interessante, alguns pontos estavam confusos. Para facilitar o entendimento, as crianças sugeriram a inclusão de ilustrações, de um glossário para interpretação de palavras desconhecidas e descrições mais detalhadas de determinados trechos.
O processo
A primeira versão do artigo foi submetida para análise da revista em março de 2022, e seis meses depois veio o retorno. Apesar de acumular 118 publicações em títulos especializados, Mônica conta que precisou reescrever o artigo após receber o feedback de seus revisores mirins. Após alguns ajustes, o trabalho foi aprovado pelos pequenos e publicado.
“Considero esse artigo algo ímpar na minha vida. Trata-se de um material que é, em essência, um trabalho de difusão. Isso porque une a parte de disseminação, que já fazemos rotineiramente com a publicação de estudos, e de divulgação científica, uma vez que é dedicado a um público não especializado”, conta a pesquisadora científica do Laboratório de Toxinologia Aplicada (LETA) do Butantan, Mônica Lopes-Ferreira.
Para finalizar a ação, a revista promoverá um encontro virtual entre os revisores da escola do Texas e os autores brasileiros. A pesquisadora do Butantan também planeja levar o artigo produzido às escolas brasileiras, em mais um esforço para tornar a ciência acessível para todos os públicos. “Abraçar o ofício de cientista implica em inúmeros comprometimentos, e produzir conhecimento além do técnico é um deles. Não acredito naquela história de ‘nem conto, porque você não vai entender’. É nosso papel garantir que a ciência seja feita com e para toda a sociedade”, finaliza.
Por Instituto Butantan
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