Doença celíaca e intolerância ao glúten: entenda as diferenças

Doença celíaca e intolerância ao glúten: entenda as diferenças

16 de maio de 2023 Off Por Ray Santos
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Maio é o mês de conscientização da doença celíaca, que atinge 1% da população mundial e 2 milhões de brasileiros, de acordo com pesquisas da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil 

Cada vez mais comum no vocabulário do brasileiro, o glúten é formado por dois grupos de proteínas: prolaminas e glutaminas. Ele está presente em cereais, entre os mais consumidos estão o trigo, a aveia, o centeio, o malte e a cevada. Também é comum encontrar pessoas com intolerância ao glúten e sua associação à doença celíaca. No entanto, são duas condições distintas. 
“Na alergia ao trigo há uma resposta do sistema imunológico desencadeada pelo contato com as proteínas do trigo, que as confunde com um invasor após ingestão, inalação ou contato. Já na doença celíaca há uma condição autoimune onde existe o ataque do sistema imunológico aos próprios tecidos do corpo, principalmente o intestino delgado, em resposta à ingestão do glúten”, explica a nutricionista – também celíaca – Nathalia Forgerini.  
Os sinais sugestivos de ambas as condições são bem parecidos e podem ser vários, os mais comuns são: dor abdominal, estufamento, excesso de gases, diarreia, constipação, tontura, desmaios, enxaqueca, fadiga, dores nas articulações, anemia e em alguns casos pode se manifestar na pele com coceira e dermatite. 
A doença celíaca requer uma atenção redobrada se comparada a intolerância. “Se o diagnóstico for tardio, o paciente poderá desenvolver diversos outros problemas de saúde, inclusive câncer de intestino”, ressalta a nutricionista Karina Gama, do Conselho Regional de Nutricionista 3ª Região (CRN-3). 
Apesar de não existir cura para a doença, uma dieta correta e um acompanhamento de um especialista podem garantir uma vida mais tranquila para os celíacos. Segundo Forgerini, o nutricionista é de suma importância neste caso: “O profissional irá planejar corretamente a alimentação do indivíduo, sem risco de conter nenhum alimento com glúten na dieta, visando suprir suas necessidades e principalmente o déficit de nutrientes proveniente da doença”, pondera.  
Além disso, é importante destacar que a doença celíaca não é uma escolha de estilo de vida, mas sim uma condição médica séria que requer cuidados e atenção adequados. “Por meio da educação, conscientização e compreensão da sociedade em geral, é possível ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas com essa doença ou intolerância,” acrescenta Gama.
Cuidado e atenção à contaminação cruzada 
Quando diagnosticada a doença celíaca, é necessário a adesão à uma dieta livre de glúten. Junto à isso, deve-se ter a atenção redobrada com a contaminação cruzada. Forgerini explica que não adianta seguir uma dieta sem glúten e ainda sim conter traços de glúten ou haver alguma contaminação por outros alimentos, pois, dessa forma, a pessoa se contaminará e isso vai agredir o intestino do mesmo jeito. 
Existem alguns exemplos e possibilidade de contaminação cruzada que podem fazer o mesmo mal que a ingestão de glúten. “A pessoa cortou um pão francês normal, com glúten, pegou a espátula e passou a margarina no pão. Eu pego essa mesma espátula onde foi passada a margarina no pão e uso no meu pão sem glúten. Desta forma, já contamina. Essa mínima contaminação já me causa um malefício”, elucida Forgerini.  
Para evitar isso, é necessário que todos os utensílios, bancadas, sejam sempre bem higienizados ou, se possível, utilizar apenas para manusear alimentos sem glúten. 
É importante também avaliar os rótulos de alimentos antes de consumir ou de comprar no mercado. “Existem alimentos que podem conter glúten e as pessoas nem imaginam. Bala, chiclete, gelatina. Porque o glúten vai dar a elasticidade na preparação, então as pessoas não imaginam”, finaliza.

CRN-3


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