Estes são os trabalhos finalistas e com menções honrosas do Prêmio Roche 2022

A décima edição do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde chegará ao fim em alguns dias. Em breve, conheceremos os melhores trabalhos em Jornalismo Sonoro, Cobertura Diária e Jornalismo Digital. Recentemente, a equipe da Fundación Gabo (que conduz a Secretaria Técnica do concurso) finalizou as sessões virtuais de deliberação com o júri deste ano e, por isso, já contamos com nove trabalhos finalistas dentre os quais sairão os ganhadores de cada uma das três categorias do Prêmio.

Em uma dessas sessões também foi escolhido o trabalho com a melhor abordagem no jornalismo de soluções, que receberá uma menção honrosa. Para fazer essa seleção final, o júri do Prêmio Roche 2022 avaliou 40 trabalhos em Jornalismo Digital, 21 de Cobertura Diária e 16 em Jornalismo Sonoro, após a pré-seleção realizada pelos pré-jurados deste ano. Além disso, o processo contou inicialmente com uma rodada técnica, realizada pela equipe da Fundación Gabo, que verificou o cumprimento das normas do Prêmio nas 701 candidaturas recebidas durante a convocatória.

Esta etapa de avaliação e seleção foi acompanhada pelo consultor médico da décima edição do Prêmio Roche: Mauricio González, médico mexicano com especialização em clínica médica e em medicina de urgência, e colaborador em meios de comunicação internacionais.

Conheça agora os títulos dos trabalhos finalistas e com menções honrosas da décima edição e seus autores:

Finalistas na categoria Jornalismo Sonoro

O júri era formado por Mar Abad, jornalista espanhola, diretora editorial e cofundadora do selo de podcast El Extraordinario, e Guilherme Alpendre, jornalista brasileiro e diretor-executivo da Rádio Novelo, com a consultoria médica do doutor Mauricio González. O seguinte grupo de finalistas foi selecionado por esses profissionais entre 112 trabalhos que concorriam inicialmente nesta categoria:

“La ruta natural”

Andrés Mauricio Montenegro.

Meio de comunicação: Autopublicado (Colômbia)

Conceito do júri: O autor reflete sobre a cobertura da Covid-19 feita pelos meios de comunicação na Colômbia para indicar, de maneira muito organizada, com exemplos e entrevistas de especialistas, os principais erros cometidos em cada fase da pandemia. Isso não é feito de maneira agressiva, mas sim com humor e de modo propositivo, criando um espaço de reflexão muito rico não somente para os jornalistas, mas também para todos os cidadãos que desejem construir um olhar crítico sobre a cobertura de saúde e de ciência. Conheça o trabalho completo.

“La refugiada”

Melissa Silva, Martín Cruz e Catalina May.

Meio de comunicação: Las Raras Podcast (Chile)

Conceito do júri: Trata-se de um trabalho jornalístico que mostra muito bem como a ciência da saúde não é uma disciplina isolada. Ela está totalmente unida a questões sociais e culturais. Este trabalho foca em um problema social importantíssimo: o aborto sem as condições sanitárias pertinentes e o que é feito às escondidas pelas legislações de alguns países.

Ele relata o drama real da protagonista da história e de outras mulheres na sua mesma situação. Além disso, a história é muito bem contada e o design de som proporciona uma ambientação artística e cinematográfica, que ajuda na fluidez da narração. Conheça o trabalho completo.

“Revolta da Vacina”

Rodrigo Alves, Gabriela Montoni, Jamille Bullé, Thales Ramos, Clara Costa, Gabriel Falcão, Danilo Marques e Lívia Baião.

Meio de comunicação: Rio Memórias (Brasil)

Conceito do júri: O trabalho investiga os acertos e erros do governo no manejo de uma epidemia de varíola em 1904. A história se centra em uma revolta da população do Rio de Janeiro naquele ano diante das tentativas de implementar uma vacinação obrigatória e a partir disso aborda temas como a comunicação durante crises sanitárias, assim como as consequências das notícias falsas.

A equipe jornalística consegue ligar esses fatos, ocorridos há mais de um século, com a maneira como o governo brasileiro lidou com a pandemia da Covid-19, proporcionando uma relevância contemporânea ao trabalho. Conheça o trabalho completo.

Menção honrosa sob a temática “Desafios frente aos cuidados de saúde”

“Venezuela: La epidemia de salud mental”

Mariana Zúñiga, Silvia Viñas, Daniel Alarcón, Eliezer Budasoff, Elías González, Remy Lozano e Desirée Yépez.

Meio de comunicação: El Hilo (Venezuela)

Conceito do júri: Este episódio apresenta um dos desafios sanitários mais importantes que nós, como sociedade, enfrentamos: a saúde mental, abrindo a discussão do impacto que isso gera na qualidade de vida das pessoas, assim como das dificuldades para o acesso aos serviços de saúde.

Este é um tema recorrente nos meios de comunicação, mas este trabalho se destaca pela grande quantidade de dados científicos e médicos que expõe, muito bem contrastados e explicados. Conheça o trabalho completo.

Finalistas na categoria Cobertura Diária

O júri era formado por Alejandro Valdez, designer paraguaio, diretor e cofundador de El Surti, e Mariana Varella, jornalista brasileira e editora-chefe do Portal Drauzio Varella, que contaram com a consultoria médica do doutor Mauricio González.

Eles escolheram os seguintes finalistas dentre os 169 trabalhos inscritos inicialmente:

“O caso Prevent Senior”

Guilherme Balza, Wanda Alviano, Thaiza Pauluze e Thomas Kravezuk.

Meio de comunicação: Globonews (Brasil)

Conceito do júri: Esta série de reportagens constitui um exemplo de relevância internacional sobre como revelar os interesses econômicos, políticos e os atores por trás das notícias falsas e das desinformações é uma das maneiras mais eficazes de combatê-las.

Ela documenta com evidências claras o que acontece quando se coloca o lucro acima do bem-estar e do cuidado da saúde. Trata-se de um caso complexo, com muitos dados técnicos, diversidade de fontes e interesses que a equipe jornalística resolve direcionando e contextualizando as informações, sem necessidade de sair da linguagem própria da televisão. Conheça o trabalho completo.

“Los niños con plomo de Cerro de Pasco esperan justicia”

Marco Garro.

Meio de comunicação: Cobertura independente publicada no site Ojo Público (Perú)

Conceito do júri: Mediante uma grande qualidade narrativa e de entrevistas, o trabalho consegue traçar como a saúde é afetada pelo meio ambiente, pela economia global e por um sistema público de saúde deficiente. Além disso, ele mostra que as doenças na saúde de uma pessoa vão além daquilo que é físico, chegando a limitações em seu desenvolvimento cognitivo e social.

O trabalho fotográfico é destacável, e funciona como ponto de entrada para um texto completo porém desafiador. Por isso mesmo, valoriza-se a produção da reportagem sonora como outra via narrativa de difusão da investigação. Conheça o trabalho completo:Parte 1 / Parte 2 / Parte 3 

“Morir a la espera de un riñón: el limbo de los niños venezolanos que necesitan un trasplante”

Florantonia Singer e Gabriela Borjas Oráa

Meio de comunicação: El País – edição América (Venezuela).

Conceito do júri: A qualidade narrativa deste trabalho amalgama de maneira ágil dados pertinentes, histórias de vida e o contexto sociopolítico complexo para explicar as causas e, principalmente, as graves consequências da suspensão dos transplantes de rim na Venezuela.

O texto tem clareza narrativa e é acompanhado por um design editorial sóbrio e efetivo, com fotografias que contribuem e uma infografia simples porém contundente para visualizar o papel do governo venezuelano na gestão dos transplantes. É valorizado o foco nas crianças, expresso na presença realçada dos seus depoimentos e nos relatos de acompanhamento. Conheça o trabalho: Parte 1 / Parte 2

Menção honrosa sob a temática “Desafios frente aos cuidados de saúde”

“El desplome de la Línea 12 y la salud mental: las otras heridas”

Violeta Santiago, Luis Fernando Jarillo González, Diego Ortiz Olvera, Perla Mónica Castro Cruz, Álvaro Tonatiuh Lima García, Luz Cecilia Andrade Reyes, Jaime Jair Ortega de la Sancha, Emiliano Ruiz, Carlos Acuña, René Zubieta e Cosme Ornelas.

Meio de comunicação: Corriente Alterna (México)

Conceito do júri: O trabalho apresenta os motivos pelos quais a saúde mental deve ser incluída pelos sistemas de saúde e na reparação integral das vítimas, para além das consequências físicas de uma tragédia, neste caso do acidente da Linha 12 do Metrô na Cidade do México.

O trabalho se sustenta como uma boa reportagem, desenvolvida com uma série de perfis que propõem uma aproximação narrativa íntima e bem executada, com a extensão exata que permite ao leitor colocar-se no lugar dos protagonistas, que com os seus depoimentos expressam como a justiça também faz parte do caminho para curar e encerrar um evento traumático. Conheça o trabalho.

Finalistas na categoria Jornalismo Digital

As histórias desta categoria foram avaliadas por Gabriela Warkentin, comunicadora e acadêmica mexicana, e Pedro Doria, jornalista e escritor brasileiro, com a consultoria médica do doutor Mauricio González. O júri selecionou os seguintes finalistas dentre os 420 trabalhos que concorriam:

“Engolindo Fumaça”

Juliana Mori, Eduardo Geraque, Sonaira Silva, Tatiane Moraes, Felipe Barros, Camilo Estevam, Guilherme Guerreiro Neto, Juliana Arini, Leandro Chaves, Rebeca Navarro, Lucas Lobo, Ramon Aquim, Dell Pinheiro, Leandro Amorim, André Hanauer, Erlan de Almeida Carvalho, Erico Rosa, Guilherme Lobo, Robson Klein, Laiza Lopes, Laura Sanchez, Tony Gross e Renata Hirota.

Meio de comunicação: InfoAmazonia (Brasil)

Conceito do júri: A equipe aprofundou-se, com este trabalho, nos impactos na saúde causados pela fumaça dos incêndios no lado brasileiro da floresta amazônica. A investigação foi realizada utilizando jornalismo de dados para mapear a fumaça na região.

O design de cada relatório é atraente, com gráficos ricos e interativos, tudo isso complementado com material fotográfico de alta qualidade. Conheça o trabalho.

“Redes migrantes en la pandemia”

Carmen Patricia Mercado, Nadia Sanders, Ximena Natera, Jhasua Razo e Andrea Ornelas.

Meio de comunicação: Conexión Migrante (México)

Conceito do júri: A pandemia teve um forte impacto na comunidade latino-americana da cidade de Nova York. Nesse sentido, o Conexión Migrante produziu um sólido pacote jornalístico que cumpre várias funções: fornece informações àqueles que buscam alimentos e serviços, registra a história das pessoas que faleceram e retrata como a comunidade se organizou em redes de proteção mútua.

O trabalho é uma amostra do melhor que o jornalismo digital pode produzir hoje em dia, ao agrupar as informações de inúmeras formas: é possível ver, escutar ou ler, em sites tradicionais ou em redes sociais. A recepção é diferente, mas o potencial para chegar a diversos públicos é amplo. Conheça o trabalho.

“Cicatrices sin sanar: Historias, cuerpos y mentes marcadas por la desaparición en Colombia”

Ginna Marcela Santisteban, Óscar Parra, Pilar Puentes, Santiago Luque, Jessica Santisteban, Paula Hernández, Kimberly Vega e Samara Díaz.

Meio de comunicação: Rutas del Conflicto (Colômbia)

Conceito do júri: O trabalho apresenta um tema pouco explorado de uma perspectiva dolorosa e necessária, e tenta compreender o impacto na saúde mental dos familiares de desaparecidos durante o conflito colombiano.

Trata-se de um amplo conjunto de reportagens investigativas com um layout e edição de boa qualidade, que conferem ritmo à leitura e aproveitam os recursos da linguagem digital. Conheça o trabalho.

Menção honrosa sob a temática “Desafios frente aos cuidados de saúde”

“La cara detrás del dato: vacunación en México. ‘Para mí, la mejor vacuna del mundo es la que me pongan’”

Elías Camhaji, Teresa de Miguel, Eliezer Budasoff, Iván Mendoza, Fernando Hernández e Nelly Natalí.

Meio de comunicação: El País – edição América (México).

Conceito do júri: É uma obra delicada, comovedora e humana, que, com pouco texto, belas fotografias e uma impecável edição de som, envolve o leitor em um ambiente imersivo que conta a história cotidiana de um senhor que finalmente será vacinado no México.

Às vezes, a edição digital não precisa de muitos recursos e aqui estamos diante da criação de um ambiente imersivo no qual o leitor/espectador é convidado a sentir um ambiente social e entrar nas emoções de um personagem através da união de texto, imagens e som. Conheça o trabalho.

Menção honrosa em Jornalismo de Soluções

O trabalho jornalístico que obteve o reconhecimento com a menção honrosa em Jornalismo de Soluções foi selecionado Fabrice Le Lous, um jornalista francês-centro-americano especializado em análise política, jornalismo narrativo e jornalismo de soluções.

Dentre os 701 trabalhos que concorriam na décima edição do Prêmio Roche, 379 participaram desta menção honrosa, ao terem desenvolvido a cobertura do tema a partir da abordagem de soluções. Chegaram à instância final 16 peças jornalísticas e a escolhida pelo consultor foi:

“La partería tradicional en Oaxaca, una opción a la violencia obstétrica”

Diana Manzo, Isabel Briseño e Paulina Alejandra Ríos Olivera.

Meios de comunicação: Página 3, Pie de Página e Istmo Press (México)

Conceito do júri: Esta reportagem apresenta a obstetrícia tradicional de Oaxaca, que virou profissional, como uma solução à violência obstétrica. São apresentadas cifras contundentes, há depoimentos reveladores – e devastadores –, e há provas de que um sistema de obstetrícia profissionalizado pode proporcionar partos humanizados a um número maior de mães.

Esta reportagem cumpre amplamente com os quatro pilares do jornalismo de soluções: desde o título se concentra em uma resposta a um problema social; permite tirar lições sobre a solução (replicabilidade); deixa evidência da resposta através de depoimentos e dados, e não oculta as limitações que essa resposta tem (a discriminação, por exemplo). Conheça o trabalho.

E os ganhadores?

Os trabalhos ganhadores em cada uma das categorias desta décima edição e os seus autores serão anunciados na quarta-feira, 2 de novembro, em uma cerimônia em Cartagena das Índias (Colômbia), às 18h (horário local).

Os finalistas, jurados e organizadores do concurso comparecerão a este evento de encerramento, realizado novamente de forma presencial depois de dois anos de completa virtualidade.

Mas se quiser participar dessa celebração do melhor do jornalismo de saúde e ciência latino-americano, você pode preencher este breve formulário de registro para receber o link para o evento, que também será transmitido ao vivo.

Saiba mais sobre a cerimônia de premiação

Os ganhadores receberão uma bolsa para formação acadêmica de até $5.000 dólares (menos as taxas bancárias), além de um troféu e diploma.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundación Gabo, que promove a excelência jornalística na cobertura de temas de saúde na América Latina.

InPress Porter Novelli