Ginecologista e obstetra responde dúvidas comuns de gestantes

A gestação é uma fase de muitas mudanças na vida da mulher, tanto físicas, como hormonais e emocionais

A gestação é uma das experiências mais marcantes na vida de uma mulher. Isso porque além das mudanças físicas, claramente visíveis no seu corpo, há também grande transformação hormonal e emocional. E nessa fase de tantas mudanças, é quando também pairam muitas dúvidas sobre os cuidados com o bebê que vai chegar, mas também com ela própria.

Por isso, acolhemos questionamentos da Vaniely Fernanda Casemiro (31 anos) e Allessyane Cleyti da Silva (29 anos), as duas, por coincidência, grávidas de 34 semanas e à espera do primeiro filho. E para acalmar os corações dessas mamães, a ginecologista e obstetra da Unimed Campo Grande Klissia Pires Souza responde a cada um deles. Confira!

1- Qual a importância do pré-natal?

O pré-natal é essencial para reduzir os riscos de complicações para a mãe e o bebê no período da gestação, parto e puerpério.

2 – Quais exercícios são indicados para as gestantes?

A atividade física é benéfica para a saúde e o bem-estar da gestante e deve ser incentivada desde que não haja alguma contraindicação formal para a prática. Os mais indicados são caminhadas, alongamento, yoga, hidroginástica e musculação (com foco no fortalecimento da musculatura pélvica e lombar).

A gestante deve evitar esforço físico em excesso, atividades que envolvam risco de queda, como ciclismo, e as de grande impacto, como correr e pular.

3 – Que cuidados são necessários para evitar a toxoplasmose?

As gestantes suscetíveis (IgM e IgG negativos), devem seguir alguns cuidados, como higienizar corretamente as mãos antes das refeições, após manusear lixo, contato com animais e ao manipular carnes cruas, se possível, usar luvas.

As mãos limpas são aliadas no combate à toxoplasmose, então, evite nesse período da gestação, manusear terra ou solo sem utilizar luvas. Além disso, consuma apenas água filtrada ou fervida, higienize frutas, legumes e verduras em água corrente, um a um, e desinfete por meio de imersão em solução clorada própria para esse fim por 10 minutos antes do consumo, não consuma carnes cruas, malcozidas ou malpassadas, evite também carnes defumadas ou curadas em salmoura (embutidos – salame, copa, linguiça) e não consuma leite e seus derivados crus, não pasteurizados.

4 – É necessária alguma suplementação para a mãe durante a gestação, e depois, enquanto amamenta?

Sim. O folato (ácido fólico ou metil-folato) deve ser suplementado três meses antes da gestação, ou imediatamente, assim que se descobre a gestação. Essa suplementação visa proteger o bebê de malformações relacionadas ao sistema nervoso. Também o ferro deve ser suplementado, pois a gravidez, por si só, leva à uma anemia que pode ser compensada com a reposição do ferro.

Outros suplementos também podem ser indicados, conforme as necessidades durante a gestação. Por exemplo, o cálcio deve ser prescrito quando ele é insuficiente na alimentação.

Gestantes vegetarianas e veganas precisam de uma atenção maior quanto à alimentação e suplementações. As veganas, por não comerem alimentos de origem animal, têm mais chance de precisar suplementar vitamina B12, ferro, cálcio, colina, vitamina D e ômega-3.

Na amamentação, os cuidados continuam. As mulheres devem manter a suplementação de ferro por até três meses após o parto. Essa suplementação contribuirá para o retorno mais rápido dos níveis de hemoglobina, pois há perda de sangue no parto. Além do ferro, as mulheres que estão amamentando precisam ter atenção quanto ao consumo do cálcio e alimentos ricos em proteínas, além de boa ingestão de líquidos.

5 – Em relação à alimentação, o que é preciso ter em mente durante a gravidez e no período pós-parto?

A regra é investir em uma alimentação saudável. Para isso, é importante o consumo de folhas verdes, legumes, frutas, ovos, leite, peixes e carnes, de preferência grelhados, assados ou cozidos. Evitar frituras, alimentos enlatados e embutidos, fast foods, doces e refrigerantes, optando sempre por água e sucos naturais, de preferência sem açúcar.

Durante a amamentação, as necessidades energéticas e proteicas são maiores devido à produção do leite. Por isso, é importante cuidar da hidratação e fazer pratos coloridos, com folhas, legumes, frutas e cerais. Ter preferência para carnes magras, e atenção ao consumo do leite e derivados, além das oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas).

6 – O que fazer para passar pelo puerpério de forma mais leve?

A experiência pós-natal positiva é fundamental para a qualidade de vida da puérpera. A mulher fica mais sensível nessa nova fase, sujeita a sintomas de fácil resolução como uma constipação intestinal ou até situações mais delicadas como dificuldades com a amamentação e a depressão pós-parto, que necessita assistência específica.

Nessa fase, é importante que se mantenha a assistência médica direcionada para a mãe, e não só para o bebê, e que toda a família esteja empenhada nesses cuidados, apoiando-a nos pequenos descansos durante o dia, já que as noites costumam ser bastante cansativas. A puérpera precisa se sentir acolhida e cuidada.

7 – A escolha da via de parto interfere na produção de leite materno?

O parto normal pode favorecer a descida mais rápida do leite, devido aos níveis mais altos de ocitocina. Mas, a produção láctea está diretamente relacionada ao estímulo de sucção do bebê na mama, que induz a produção da prolactina.

Independente da via de parto, todas as mulheres que seguem as orientações quanto ao início precoce da amamentação (ideal na 1ª hora), a pega correta e a livre demanda, têm condições de amamentar seus bebês.

8- Para as mulheres que normalmente consomem álcool, há algum problema em ingerir durante a gestação? O que esse hábito pode ocasionar?

O consumo do álcool deve ser totalmente abolido na gestação, mas não se preocupe, é comum a mulher modificar os desejos alimentares e perder totalmente a vontade pela bebida alcoólica neste período.

O alcoolismo na gestação pode levar à síndrome alcoólica fetal, com alterações na formação dos músculos, ossos e sistema nervoso.

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Comunicação Unimed Campo Grande