Lã brasileira têm potencial para mercado internacional

Lã brasileira têm potencial para mercado internacional

30 de agosto de 2023 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Concurso de melhor lã para a indústria movimentou pavilhão de ovinos na Expointer

Pelo sexto ano consecutivo, jurados uruguaios vêm à Expointer para avaliar e precificar a qualidade da lã gaúcha. O VI Concurso Melhor Velo Industrial é realizado durante a feira e tem o objetivo de atribuir valores objetivos à lã da produzida no Brasil, sob o olhar da indústria têxtil uruguaia, grande compradora do produto nacional.

Outra intenção do evento é chamar a atenção para a cadeia produtiva da ovinocultura. “As ovelhas de aptidão laneira apresentam ótimo resultado também na produção de carne, em função do marmoreio”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ideal, Milton Fernandes. E o concurso, diz o dirigente, contribui também para a valorização da genética das cabanhas, já que os animais que possuem a melhor lã, com melhor rendimento, podem transferir essa característica para sua descendência. “É um trabalho árduo e, desta forma, também queremos valorizar o trabalho de cada produtor”, destaca Fernandes.

Foto: Thais Davila

O evento, promovido pelas associações de criadores de raças de aptidão laneira (Ideal, Corriedale e Merino Australiano), movimentou o pavilhão de ovinos nesta terça e quarta-feira. A esquila, realizada “ao vivo”, utiliza o método de retirada de lã chamado tally hi (sem amarração), garante o bem-estar dos animais. O profissional que realizou o procedimento é Claudiomar França Batista, que tem nove anos de experiência com o método. “Usamos técnica e não força. Assim, fazemos com que o animal permaneça imóvel e mais confortável possível. Também observamos a retirada da lã de forma que a qualidade não se perca”, afirma Batista, que também é instrutor do Senar.

O concurso recebeu a atenção do representante da Agência Brasileira de Promoção de Exportações, que visitava a Expointer. Gabriel Isaacsson disse que a Apex vem prospectando setores produtivos para apoio a negócios internacionais. “Temos conhecimento da qualidade dos produtos daqui e cremos na exportação como uma grande ferramenta de competitividade”, finalizou.

Durante o concurso, os jurados avaliam o processo de retirada da lã, desde o trabalho do esquilador até o acondicionamento. São analisadas todas as características das fibras (que já passaram por análise laboratorial prévia), e o peso total de lã retirada de cada animal. Para um dos jurados, José Luiz Triffoglio, a qualidade da lã produzida no Rio Grande do Sul vem crescendo ano a ano. “Percebemos um melhoramento das lãs brasileiras e temos aqui produtos de qualidade similar às melhores lãs do Uruguai”, afirma Triffloglio.

Foto: Thais Davila

O Concurso teve o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos e do Senar-RS. A Comissão de Ovinos da Farsul promoveu a transmissão do evento, nos dois dias, permitindo que produtores que não estivessem na feira pudessem acompanhar o trabalho e entender como a lã é avaliada. A vice-presidente da Comissão de Ovinos da Farsul, Elizabeth Lemos, pontuou que até o acondicionamento da lã, após a esquila, faz diferença. “Antes, os produtores utilizavam sacos de juta para colocar a lã. Agora, estimulamos o uso de bolsas plásticas, como fazem os uruguaios, e temos até a produção deste material no Brasil, facilitando a aquisição.”

Atualmente o Brasil não exporta diretamente para os mercados consumidores, sendo o Uruguai o caminho da lã produzida. Os jurados, que são da Estâncias Puppo, uma empresa uruguaia que comercializa a lã, pagam o valor pela lã retirada e também premiam os melhores resultados do concurso. Machos recebem um prêmio de US$ 800,00 e as fêmeas US$ 400,00. Entre os competidores da raça Merino Australiano, a vencedora foi a Cabanha Santa Camila de Alegrete, com os melhores resultados em machos e fêmeas. Já entre os ovinos Corriedale, a vencedora foi a Cabanha Felicidade, de Pedras Altas, também machos e fêmeas. Na raça Ideal, os vencedores foram a Cabanha Escondida, de Alegrete, com as fêmeas, e a Cabanha Vale do Camoaty,  de Uruguaiana, com os machos.

Veja como ficou a precificação da lã e os vencedores de cada raça:

 Machos (peso de lã/preço total)Fêmeas (peso de lã/preço total)
Merino Australiano10,60 quilos – US$ 63,6310,20 quilos – US$ 58,33
Corriedale8,9 quilos – US$ 10,538,2 quilos – US$ 9,67
Ideal8,2 quilos – US$ 55,807,90 quilos – US$ 40,42

Thais Davila


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