Manutenção da Selic elevada impõe desafios ao mercado de crédito brasileiro

Manutenção da Selic elevada impõe desafios ao mercado de crédito brasileiro

24 de junho de 2024 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Principais preocupações são com os setores de serviços e varejo, que estão tendo um desempenho econômico fraco com a alta dos juros

Em sua mais recente decisão, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, consolidando um cenário desafiador para a economia brasileira, especialmente no que diz respeito ao mercado de crédito. Esta decisão, amplamente esperada pelo mercado, traz implicações significativas para diversos setores econômicos, com destaque para serviços, varejo e agropecuária.

Para Utcho Levorin, sócio da Multiplica Crédito e Investimentos, a estagnação econômica combinada à manutenção dos juros em patamares elevados intensifica a pressão sobre os tomadores de crédito. “Com os custos de financiamento permanecendo altos, o acesso ao crédito para empresas e consumidores torna-se ainda mais difícil, o que tende a elevar os índices de inadimplência”, comenta Levorin.

Os setores de serviços e varejo são particularmente vulneráveis neste contexto. “Além de já enfrentarem um desempenho econômico fraco, sofrem ainda mais com os custos elevados do crédito. A manutenção da Selic em 10,5% implica em um aumento no custo do crédito, dificultando a operação e expansão das empresas desses setores”, explica Levorin da Multiplica.

Outro setor afetado, o agropecuário, que vinha apresentando bom desempenho até recentemente, agora enfrenta desafios adicionais devido às quebras de safra. “Recuperações judiciais, antes raras neste setor, estão se tornando mais frequentes”, acrescenta Levorin, destacando a crescente preocupação com a sustentabilidade financeira neste segmento.

A alta da inadimplência emerge como uma das principais preocupações derivadas da manutenção da Selic elevada. “Com a economia estagnada e os juros altos, a capacidade de pagamento dos devedores é comprometida, aumentando o risco de inadimplência. Isso repercute no mercado de crédito, tornando os bancos e instituições financeiras mais cautelosos na concessão de novos empréstimos”, alerta Utcho Levorin.

O cenário atual também impõe desafios ao setor financeiro, que adota uma postura mais conservadora. “A manutenção da Selic reflete a cautela do Banco Central diante dos riscos inflacionários e das incertezas econômicas. Contudo, isso implica em custos mais elevados de captação e uma maior aversão ao risco”, observa Levorin. Ele ressalta a necessidade premente de um controle fiscal mais rigoroso como condição essencial para uma melhoria do ambiente econômico e a redução sustentável da taxa de juros.

Olhando para o futuro, Utcho Levorin sugere que o mercado de crédito deve se preparar para um período prolongado de desafios. “A menos que haja uma significativa melhora no controle fiscal e uma redução consistente na inflação, a taxa Selic deverá permanecer elevada, mantendo o mercado de crédito restrito. Empresas e consumidores precisarão ajustar suas estratégias para navegar neste ambiente econômico adverso”, conclui o especialista da Multiplica.

Iago Justo 


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