Máscaras confeccionadas por povos originários brasileiros são peças de coleção e decoração
16 de janeiro de 2024Contam a história através de suas habilidades e culturas ancestrais
Hoje no Brasil, vivem aproximadamente 250 povos originários com mais de 150 línguas faladas, garantindo ao nosso país uma incrível diversidade cultural. Através da arte, podemos conhecer cada povo, suas culturas e seus diferentes modos de vida. Engana-se quem pensa que existe uma unidade, cada povo tem sua língua, sua estética, seus grafismos e adornos. Estas peças são minuciosamente feitas à mão por homens e mulheres que expressam na arte a força da ancestralidade.
A arte tradicional indígena é um trabalho coletivo que carrega em si a expressão e a identidade de cada povo, criando diálogo e promovendo visibilidade às tradições dos povos originários brasileiros. As máscaras indígenas, por exemplo, são repletas de significados que vão muito além da nossa imaginação. São representações de forças da natureza, da pesca, das colheitas, dos animais lendários e dos ancestrais em cerimônias específicas e festejos. Na Galeria Canoa, o público tem a oportunidade de conhecer máscaras de diversos povos, como Ticuna (Amazonas), Kayapó (Mato Grosso e Pará) e Mehinako (Mato Grosso). Seus materiais e significados variam de acordo com cada povo, sendo esta, uma conexão entre os mundos terreno e imagético.
Conheça algumas opções disponíveis na Galeria Canoa Arte Indígena:
A máscara cabeçuda é confeccionada pelo povo Mehinako e representa um espírito que vive nas matas. O Yewekuwitxumã é o dono do fumo do pajé e só pode ser visto pelo mesmo. Em muitas culturas indígenas, as máscaras personificam seres cosmológicos, antropomorfos e/ou zoomorfos. Além da caracterização de ” rosto ” da máscara, os indígenas recorrem a gestos, sons e posturas para simular a aparência do ente representado. Habitantes da região conhecida como Alto Xingu no Mato Grosso, são falantes de uma língua da família Aruak.
Atuxuwa ou (Atujuá) é a denominação dada à máscara Mehinako, ela representa o espírito da árvore do Jatobá, responsável pelos ventos e redemoinhos. É uma peça sagrada com uso ritualístico durante os períodos da seca ou para a cura de determinadas doenças presentes em algum membro do grupo. O Pajé enxerga a presença do espírito e, a partir disso a máscara é produzida e preparada para o uso ritual. Essa é a representação da maior máscara, considerada a “chefe”. O uso ritualístico é feito pelos homens Mehinako que dançam vestidos com as máscaras. Habitantes da região conhecida como Alto Xingu no Mato Grosso, são falantes de uma língua da família Aruak.
Feitas em fibra de tururi, entrecasca da árvore Ubuçu, as máscaras são produzidas somente pelos homens da aldeia e os pigmentos de origem mineral, são cerca de quinze espécies de plantas tintórias, que são empregadas nos tingimentos. As máscaras Tikuna, geralmente, fazem parte da festa da Moça Nova, que é um rito de passagem para mulheres. Os curandeiros e chefes dos clãs Tikuna que utilizam as máscaras , são chamadas de “Curacas”, simbolizando seres cosmológicos e animais. Os Tikunas configuram o mais numeroso povo indígena na Amazônia brasileira ondes estão localizados no estado do Amazonas, além de viverem na Amazônia Colombina e no Peru.
A Máscara Kukôire é a representação do macaco prego, feita durante a festa de Kôkô. Após sua confecção os indígenas do povo Kaypó a vestem e circulam pela aldeia, buscando comida e outros objetos para uma troca. Quando os guerreiros vêm com a caça da floresta os Kukôires levam os objetos coletados para trocar pela caça e distribuem para outros indígenas que precisam do alimento. Os Kayapó vivem nos estados do Mato Grosso e Pará, língua falada pelos Kayapó pertence à família linguística Jê, do tronco Macro-Jê.
A máscara Tomokó é usada tradicionalmente na festa da Cumeeira, realizada pelos povos Wayana e Apalaí. É feita em fibra de arumã, coberta com cera de abelha e pintada com tintas minerais. O corpo é feito de fibras naturais e em alguns casos, também são decoradas com fios de algodão cru. Os Wayana e os Aparai são dois povos diferentes, mas é muito comum encontrar referências a essa população como um único grupo, embora sua diferenciação seja reivindicada com base em trajetórias históricas e traços culturais distintos. Os Aparai e os Wayana são povos de língua karib e vivem na região de fronteira entre o Brasil, o Suriname e a Guiana Francesa.
Nina Taterka e os povos indígenas
Nina, idealizadora e curadora da Canoa, nasceu em São Paulo, mas cresceu em Paraty, onde sua mãe escolheu como lugar para criar seus filhos pequenos na década de 1980.
Viu o turismo se desenvolver na pequena cidade litorânea. Sempre teve habilidades comerciais e muito engajamento social, encontrando na arte indígena terreno fértil para se desenvolver como empreendedora sem perder o foco socioambiental.
A marca é definitivamente um lugar de escuta e aprendizado. Este é o fio condutor para esta história. Partindo deste princípio, ano após ano, as antigas relações se fortalecem enquanto novas parcerias surgem. Com o lado humano sustentando o modelo de negócio, uma pequena loja no centro histórico de Paraty se tornou um dos principais acervos de Artes Indígenas do Brasil, que através do seu e-commerce amplia sua conexão com o mundo.
Galeria Canoa
Rua Dr. Samuel Costa, 239 – Centro Histórico, Paraty/ RJ
Entrada Gratuita
Horário de Funcionamento: todos os dias das 9h às 22h
@canoaarteindigena
Juliana Victorino|Agência Jacarandá