Mayra Couto, COO da Ethos Asset Management, aponta que Brasil precisaria gastar 3,7% do PIB para fechar lacuna de infraestrutura
22 de setembro de 2023Durante o Summit Brasil Canadá a executiva falou sobre as perspectivas de investimento nos dois países, o que inclui até US$2 bilhões no Brasil
Mayra Couto, Chief Operating Officer (COO) para a América do Sul da Ethos Asset Management no Brasil, empresa global de Project Finance com sede nos EUA, participou nesta terça-feira, dia 19, do Summit Brasil Canadá, no painel “Investimentos: um olhar nos próximos 50 anos”. A Ethos recentemente anunciou que decidiu expandir sua atuação no Brasil e investir US$2 bilhões até 2024, considerando os financiamentos já realizados e os comprometidos.
Dentro da abordagem do tema do painel, Mayra explica que, apesar de Brasil e Canadá estarem expostos a riscos macroeconômicos diferentes, são países de grande extensão territorial, grandes produtores de commodities e com grande demanda de investimentos.
“Ao considerarmos esses países como destinos primordiais de investimentos, olhamos além da volatilidade econômica de curto prazo e avaliamos o potencial econômico de longo prazo capaz de atrair nossos investimentos. A Ethos, que faz investimentos em forma de dívida, olha tanto para o Brasil como para o Canadá como países com enormes oportunidades para crescimento e expansão de nossos investimentos”, ressalta a COO da Ethos.
Mayra entende que ambos os países, apesar de contarem com investimentos e subsídios concedidos pelos governos a setores específicos da economia, ainda têm uma grande demanda por capital intensivo que deve ser absorvida por empresas financeiras privadas como a Ethos.
Ela pontua ainda, a título de exemplo, que a lacuna de financiamento em infraestrutura no Brasil está se aproximando rapidamente de US$800 bilhões, o que exigiria gastar 3,7% do PIB por ano até 2030 para fechá-la. Outro exemplo é uma pesquisa recente, realizada pela Bloomberg New Energy Finance, que aponta que o Brasil deverá atrair 300 bilhões de dólares no setor energético até 2040.
Para se ter uma ideia, somente no ano de 2023, o Brasil estima receber US$ 90 Bilhões em investimento estrangeiro, o que demonstra a atratividade do mercado. De igual maneira, o mercado canadense tem atraído muitos investimentos de empresas brasileiras que consideram o país uma porta de entrada para o mercado norte americano. Setores como de alimentos, bebidas, agricultura, mineração e tecnologia têm se destacado.
“São oportunidades como essas que têm atraído nosso olhar para o mercado brasileiro e aumentado nosso apetite de investimento de forma significativa em setores como de infraestrutura, energia renovável, real estate, agronegócio, indústria. A nossa presença no Canadá é recente (atualmente 2 projetos sendo financiados) e acreditamos tanto no potencial dessas economias que até o fim de 2024, pretendemos investir 2 bilhões de dólares somente no mercado brasileiro. O Brasil não é mais uma promessa de mercado para nós, é uma certeza. Enquanto investidores e dado o nosso modelo de negócio, acreditamos também ter espaço para parcerias com fundos de pensão e private equity canadenses, por exemplo, que já investem ou que pretendem investir no Brasil, e que podem contar com nosso capital para o desenvolvimento do projeto, diminuindo o grau de alavancagem. Também olhamos para projetos de empresas brasileiras que pretendem expandir suas operações no Canadá como uma ótima oportunidade de investimento global”, complementa Mayra.
Todos os projetos financiados pela Ethos atendem a questões de ESG e é um critério fundamental para a elegibilidade de projeto candidato ao nosso investimento. “Questões de ESG têm um grande peso na avaliação de nosso Departamento de Crédito e Risco. CSR – Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa – tem um peso de 8,5% nos nossos critérios de avaliação. Podemos citar a título exemplificativo, dois projetos financiados pela Ethos que contemplam questões ESG, Plasticbank (Canadá) e Deinve (Brasil)”, ela afirma.
Um dos efeitos naturais da globalização é a intensificação do comércio e investimentos entre países e formalização de acordos bilaterais ou multilaterais que facilitem essa dinâmica e interação com a economia global. Nos próximos anos as projeções apontam para um grande crescimento da economia brasileira, podendo figurar como uma das 5 maiores economia mundial. Mas para isso, tem que aproveitar as oportunidades e fazer seu dever de casa.
Para concretizar esse potencial de crescimento, Mayra acredita que é preciso implementar reformas estruturais para melhorar a estabilidade macroeconômica, diversificar a economia e desenvolver instituições políticas e jurídicas mais eficazes. “Acredito que nos próximos 50 anos os investimentos estarão mais voltados para energias renováveis (alteração da matriz energética), educação, pesquisa e desenvolvimento, inovação e tecnologia que será o diferencial para enfrentar uma nova era”, a COO da Ethos conclui.
Acompanhada de Alexandre Caldas, da Bridge Capital Partners, o painel do qual Mayra participou teve como moderador Henrique de Palma, Partner & Head of Canadian Desk, KPMG e ainda a presença de: Guillaume Legare, Head South America, TMX; Diogo Castro, Partner – Corporate & Investment Banking, Finvest; Esteban Fornasar, CFO, Brookfield; Margarita Motta, Conselheira Expert para Exportações, América do Sul, Investissement Québec.
FSB Com,.