Mercado: volatilidade veio para ficar neste semestre, alerta especialista da FIPECAFI
19 de agosto de 2024O economista e professor de finanças analisa o Black Monday, e aponta para um mercado mais volátil nos próximos meses; investidores mais avessos devem tomar cuidado
O dia 5 de agosto foi de pânico para o mercado financeiro e, principalmente, para as economias asiática, norte-americana, europeia e, até mesmo, para os investidores brasileiros. Isso, devido aos rumores de uma recessão nos Estados Unidos, após entidades divulgarem os dados sobre emprego, juros e inflação no país. O especialista em finanças da FIPECAFI, Hudson Bessa, afirma que o segundo semestre será de maior volatilidade e pondera que os investidores mais avessos ao risco devem tomar cuidado.
“Com essa ansiedade e tamanha apreensão nós vamos passar a ter uma volatilidade maior, subidas e descidas de bolsas e mais sustos. O segundo semestre tende a ser uma gangorra, talvez não com tanta intensidade, mas sim com maior frequência. A volatilidade veio para ficar nestes próximos meses”, alerta Bessa.
O especialista ainda explica que há uma dúvida muito grande se realmente os preços das ações estão em seus valores justos ou se muito caros, esticados, já que eles vêm subindo de uma forma que “parece não ter fim”. Muito se tem apostado na tese de que a inteligência artificial “parece que resolverá todos os problemas do mundo”, contudo alguns investidores graúdos começam a se questionar se tanto investimento vai realmente resultar em fluxos de caixa tão robustos.
“A IA é disruptiva e cria muitas oportunidades, mas pairam dúvidas sobre, por exemplo: será que os retornos dos investimentos serão compensadores? Qual a duração deste fluxo exuberante? A concorrência pode vir a comprimir as margens? O timing está adequado ou pode demorar mais que o imaginado. Essas dúvidas estão no ar, e os grandes investidores começam a se preocupar, começam a ficar ansiosos. Nesse ambiente pequenos ruídos podem ser amplificados e gerar corridas de venda. É como num filme de faroeste, quem atira primeiro ganha o duelo, ou evita realizar a perda. E os próximos meses tendem a ser emocionantes com redução da taxa de juros americanas, eleições por lá e por aqui e os conflitos geopolíticos.” Conta o especialista em Finanças da FIPECAFI.
A economia real não vai mal:
Ao analisar o cenário, porém, o especialista em Finanças da FIPECAFI pondera que a perspectiva de desaceleração norte-americana já estava na conta e, hoje, parece caminhar para um soft landing e, pelo mundo, as inflações estão comportadas.
As big techs, (as 7 magníficas), vão ser mais cobradas, importante que elas continuem entregando bons resultados. É importante que os investidores acreditem que elas conseguirão dominar o próximo ciclo e continuar gerando resultados robustos. Aqui um ponto de atenção.
No Brasil, temos nossas questões internas. Por exemplo, precisamos manter certo equilíbrio fiscal e, cuidar da inflação cm lupa e reduzir o tom belicoso entre Governo e BC. Mas, a economia vem crescendo e a inflação, embora no topo da meta, está sob controle.
“Em meio à nossa realidade, o Banco Central já vem emitindo sinais de que pode vir a aumentar os juros, o que tem deixado o mercado mais tranquilo frente a mudança próxima no comando da instituição. Isso tem funcionado como um reforço na confiança.
Por outro lado, o início do ciclo de flexibilização monetário norte-americano, tende a dar uma ajuda para a economia brasileira. A conferir, contudo, qual será o impacto de uma desaceleração dos EUA”, finaliza.
Hudson Bessa é professor de Finanças e Mercado Financeiro da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).
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