O excesso de informações e “problemas” na internet alteram a anatomia cerebral
18 de novembro de 2024A era digital nos inunda com uma avalanche de informações, e a exposição constante a notícias negativas, alertas e problemas virtuais pode ter consequências sérias para a saúde mental e até para a estrutura do nosso cérebro. O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, pioneiro em pesquisas sobre os impactos do mau uso da internet no cérebro, alerta para os perigos dessa sobrecarga.
“A pessoa abre o email e se depara com uma quantidade enorme de campanhas, promessas de soluções, e para piorar, empresas que causam alerta enchem a caixa de email dos cadastrados com avisos que deixam subentendido problemas a serem resolvidos”, observa o Dr. Agrela. “Estamos infestados de situações problemáticas, como notícias ruins, comentários que incomodam, alertas de riscos, tentativas de golpes, moldando assim cérebros pessimistas e alterando a neuroanatomia cerebral.”
Essa constante exposição ao estresse e à negatividade gera um ciclo vicioso no cérebro. “São situações que aumentam a ansiedade, ou seja, aumentam a produção de glutamato e cortisol, substâncias que precisam de controle inibitório. A liberação constante desses neurotransmissores hiperativa a amígdala cerebral e o hipocampo, áreas chave para o processamento das emoções e da memória”, explica o neurocientista. “Isso prejudica habilidades essenciais como a memória e a tomada de decisão, além de alterar a anatomia cerebral, o que aumenta a predisposição para problemas como ansiedade e depressão.”
Diante desse cenário, o Dr. Agrela defende a necessidade de um “detox digital” consciente. “É preciso um desmame, uma limpeza. Deixar de assinar divulgações que enchem a caixa de email e fogem do escopo do trabalho, deixar de ver comentários nas redes sociais e procurar apenas estar informado, contrabalanceando com esperança positiva e hábitos tradicionais para trazer o equilíbrio necessário para uma melhor saúde mental”, aconselha.
O especialista ressalta a importância de buscar informações de fontes confiáveis, filtrar o conteúdo consumido e priorizar atividades offline que promovam o bem-estar mental, como o contato com a natureza, a prática de exercícios físicos e a interação social real. A atenção à saúde mental na era digital é crucial para preservar não só a qualidade de vida, mas também a integridade do nosso cérebro.
MF Press Global