Pesquisa da UFSCar propõe método eficaz para manejo da ferrugem da soja
6 de agosto de 2024Trabalho foi premiado no 43º Congresso Paulista de Fitopatologia
No último mês de julho, um estudo realizado no Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlois (UFSCar) recebeu o Prêmio de Melhor Trabalho de Iniciação Cientifica no 43º Congresso Paulista de Fitopatologia, que ocorreu na Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP). O estudo analisou o efeito de fungicidas isolados e integrados com agentes de controle biológico no manejo da ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhiz e considerada a principal doença da cultura, podendo causar danos de até 100%, caso os métodos adequados de controle não sejam implementados.
Atualmente, o principal método de manejo da ferrugem da soja empregado pelos produtores é o controle químico, ou seja, aplicação de fungicidas químicos. Entretanto, o uso contínuo de fungicidas tem levado ao desenvolvimento de populações do fungo resistentes aos principais grupos de fungicidas disponíveis, o que reduz a eficácia dos produtos e pode resultar em falhas no manejo da doença.
“Como trabalhamos na área de epidemiologia e manejo de doenças de plantas há 25 anos, sempre buscamos em nossas pesquisas definir as melhores formas para integrar os métodos de manejo com foco em critérios técnicos, econômicos e sustentáveis. Assim, no nosso entendimento o manejo da ferrugem da soja deve, obrigatoriamente, ser integrado, pois um método isolado não resultará em sucesso, por se tratar de um patógeno altamente agressivo”, diz Waldir Cintra de Jesus Junior, professor do Centro de Ciências da Natureza (CCN) do Campus Lagoa do Sino e orientador do projeto. “Nesse contexto, sempre buscando auxiliar os produtores na resolução dos seus problemas, decidimos realizar um projeto em condições de campo para avaliar o efeito de fungicidas aplicados de forma isolada e integrada com agentes de controle biológico no manejo da ferrugem da soja”, completa ele.
O experimento foi realizado na Fazenda Escola Lagoa do Sino, localizada no Campus Lagoa do Sino da UFSCar, de novembro de 2023 a março de 2024, em uma área de dois hectares, a qual foi dividida em parcelas. Uma parte recebeu a aplicação de fungicidas (Mancozebe, Trifloxistrobina, Protioconazol, Clorotalonil, Epoxiconazol), o tratamento padrão, utilizado pelos produtores; e a outra parte recebeu a aplicação de fungicidas associados a agentes de controle biológico (à base de Trichoderma asperellum e Bacillus amyloliquefaciens).
Com suporte nas análises realizadas, verificou-se que não houve diferença estatística entre os tratamentos em relação à intensidade da ferrugem, ou seja, a intensidade da doença foi igual quando empregou-se somente controle químico (fungicidas) e no tratamento que utilizou a integração de fungicidas e agentes de controle biológico. “Entretanto, um resultado extremamente importante foi que no tratamento com integração de fungicidas e agentes de controle biológico a produtividade da soja foi maior, o que demonstra que o controle biológico é uma estratégia importante para ser empregada no manejo integrado da ferrugem da soja”, destaca o orientador.
De acordo com ele, os resultados obtidos no trabalho têm grande importância pois podem auxiliar diretamente os produtores na minimização da problemática com a ferrugem, que é a principal doença da soja. “Comprovamos que para um controle eficiente da ferrugem da soja é fundamental a integração dos métodos de manejo. Também é importante ressaltar que a proposta de manejo integrada que proporcionou o melhor resultado do trabalho – integração de fungicidas e agentes de controle biológico – é uma medida prática, econômica e acessível ao produtor, permitindo racionalização do uso de fungicidas”, conclui Waldir Cintra de Jesus Junior.
O trabalho foi desenvolvido pelos estudantes de Engrenharia Agronômica da UFSCar Rodrigo Bielecki Jachinto, Giovanna Lorena Silva Zanni e Pedro Antevere Neto, com colaboração dos professores do CCN Flavio Sérgio Afférri e Alberto Luciano Carmassi, e dos engenheiros agrônomos Wellington da Silva Toledo, Kauê Ferreira e Vitória Costa Mingoranci.
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)