Pesquisa revela que 7 a cada 10 médicos no  Brasil já apresentaram sinais de depressão

1 de dezembro de 2022 Off Por Ray Santos
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Transtorno de ansiedade e alto nível de estresse são preocupantes e aparecem  inclusive como reflexo da pandemia da Covid-19; levantamento “Saúde Mental do Médico 2022” embasado em metodologias científicas ouviu 3.489 participantes de todas as regiões do País 

Estudo realizado pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya, maior ecossistema  de educação em saúde e healthtechs do Brasil, mostra que 69,4% dos médicos do País  já apresentaram sinais de depressão durante a vida. E para metade dos entrevistados  a condição ainda é uma realidade: 26,8% têm um diagnóstico atual e 23,4% manifestam  sintomas, mas não fazem acompanhamento. Falta de tempo e motivação, além do medo  do impacto na rotina de atuação profissional, são os principais motivos para não  buscarem ajuda ou tratamento para esta doença psiquiátrica crônica e recorrente, que  causa alteração no humor, com sentimentos de tristeza profunda e angústia. O estudo  também avaliou que para 34% daqueles que têm um diagnóstico atual de depressão, a  patologia surgiu no último ano, o que reforça o impacto da pandemia da Covid-19 na  saúde mental dos profissionais.  

A pesquisa “Saúde Mental do Médico 2022” revelou que a ansiedade é ainda mais  prevalente, pois 79,6% apresentaram sintomas do transtorno. Destes, 35,6% possuem  um diagnóstico atual da patologia e, para 32,4% dos diagnósticos fechados, a doença  surgiu no último ano. Outro cenário preocupante é a Síndrome de Burnout, caracterizada  pelo esgotamento físico e mental intenso. Dos entrevistados, 62% já apresentaram  sinais e, destes, 36% ainda não buscaram ajuda. Além disso, 67% dos diagnosticados  indicam que a síndrome surgiu no último ano, mostrando um possível reflexo da  pandemia também. Excesso de horas trabalhadas, organização financeira e falta de  realização profissional aparecem como os principais contribuintes. 

O nível de estresse ocupacional dos médicos brasileiros calculado na pesquisa também  é alarmante, ao ficar acima de outras populações do mundo. Para avaliar o contexto, foi  utilizada a escala EPS-10, validada em língua portuguesa, que consiste em 10  perguntas de frequência de episódios de estresse. A pontuação média obtida na  amostra foi de 23,4. Nos Países Baixos, por exemplo, foi encontrada uma percepção de  estresse pela escala com média de escore de 17,9 entre os médicos, em 2018¹. Na  Arábia Saudita, entre 303 médicos avaliados, a média de pontuação pela escala foi de  18,07 (+/- 5,1), em 2017². Quando perguntados sobre os principais motivos do estresse  atual, o descontentamento com o sistema de saúde, condições de trabalho e a elevada  demanda foram indicados por mais de 50% dos entrevistados.  

“A saúde mental do médico foi tema recorrente nos últimos dois anos, especialmente  por conta da pandemia. Há ainda um reflexo deste período e, atualmente, já com a  situação mais branda da Covid-19, os dados desta pesquisa mostram que essa deve  ser uma preocupação constante e não apenas pontual. Trata-se de um imenso problema  ocupacional há muito negligenciado e que precisa ser visto como prioridade por todos 

nós”, afirma Eduardo Moura, médico, co-fundador da PEBMED e diretor de pesquisa do  Research Center. 

Além disso, a pesquisa também aponta a relevância do apoio do empregador nos  episódios de adoecimento mental. Aproximadamente 75% dos médicos declaram que a  instituição em que trabalham não oferece suporte em caso de psicoadoecimento ou  sofrimento emocional. Quanto ao número de horas contínuas de trabalho, quase metade  dos médicos (47,4%) discordam da afirmativa de que o local onde atuam não permite o  trabalho por mais de 24 horas ininterruptas. Em relação ao treinamento técnico ofertado,  61% discordam de que a instituição onde trabalham oferece treinamento técnico  suficiente para a equipe. 

Estilo de vida 

O estudo ouviu profissionais de diferentes graus de formação: 59% dos médicos eram  especialistas, 29,5%, generalistas e 11,5%, em fase de especialização. Dos  entrevistados, 41,6% trabalham em emergências ou unidades de pronto atendimento.  Foi observado também que os médicos trabalham em média 52,5 horas por semana,  levando em consideração todos os ambientes de trabalho. A maior parte (75,9%) relatou  trabalhar atualmente até 60 horas semanais.  

Com relação à rotina adotada pelos médicos, somente 35% conseguem manter  regularmente um sono reparador. Há uma clara tendência de maior frequência de sono  reparador quanto mais experiente é o médico, quanto menos horas trabalhadas na  semana e quando trabalham no seu próprio negócio. Dos entrevistados, apenas 33,3%  dos participantes relataram ter tido frequentemente ou sempre momentos de lazer nas  duas últimas semanas; e 70,7 % não praticam regularmente uma atividade física.  

Por sua vez, o consumo de alimentos frescos e menos industrializados já se mostra uma  situação mais frequente na rotina do médico – 43,6% dizem consumir frequentemente  ou sempre. Além disso, as férias são um benefício que o profissional, em sua maioria,  consegue manter, porém, para quase 2/3 dos médicos (64,4%), o período de descanso  não passa de duas semanas.  

Uma grande parte dos médicos são neutros em avaliar sua própria qualidade de vida:  4,7% consideram muito ruim, 14,4% ruim, 44% neutra, 30% boa e 6,9% muito boa.  Sobre satisfação profissional, há um posicionamento mais neutro também: 16% nada  satisfeito, 16,5% pouco satisfeito, 27% neutro, 22% satisfeito e 18,3% muito satisfeito.  Quase metade (45,9%) dos entrevistados declararam que a satisfação com a profissão  médica diminuiu no último ano. 

“Portanto, percebemos que a população médica do Brasil possui hábitos de vida que  potencializam o estresse e o adoecimento mental, ao mesmo tempo em que as  condições de trabalho são preocupantes e impactam na vida e no desempenho destes  indivíduos. Medidas de controle de jornada, equilíbrio de remuneração, capacitação  profissional corporativa, construção de redes de apoio e suporte são exemplos de  medidas institucionais protetoras em relação à saúde mental da força de trabalho  médica do Brasil”, reforça Eduardo Moura.  

Metodologia

O Research Center realizou a pesquisa “Saúde Mental do Médico 2022” com médicos  formados de qualquer especialidade e tempo de formação. Com amostragem nacional e método quantitativo, foi feita a partir de pesquisa transversal, utilizando um  questionário online estruturado como instrumento de coleta. O recrutamento foi feito por  meio digital a partir das plataformas Whitebook, iClinic, RxPro, Cardiopapers, Além da  Medicina e Portal PEBMED e da base de médicos da Afya.  

O estudo foi conduzido entre os dias 30/05/2022 e 17/07/2022. Foram obtidas 3.489  respostas no total, sendo que 3.115 completaram o questionário até o fim. Todos  aceitaram um termo de consentimento para participação. A amostra apresenta um nível  de confiança de 95% com margem de erro entre 1,66 e 1,76 pontos percentuais.  

Referências: 

¹van Wietmarschen, H., Tjaden, B., van Vliet, M., Battjes-Fries, M., & Jong, M. (2018). Effects of mindfulness training on perceived stress, self-compassion, and self-reflection of primary care physicians: a mixed-methods study. BJGP open, 2(4). 

²Siddiqui AF, Zaalah MA, Alqahtani AA, Alqahtani MAS. Perceived Stress and its Associated Sociodemographic Factors among Physicians Working in Aseer Region of Saudi Arabia. J Liaquat Uni Med Health Sci. 2017;16(01):10-6. 

SOBRE A AFYA 

A Afya é o maior ecossistema de educação em saúde e heatlhtechs do Brasil, líder em graduação  em medicina, atualmente com 2.759 vagas autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC). O  grupo conta com 28 Instituições de Ensino Superior com oferta do curso de medicina e unidades  de pós-graduação na área médica e de saúde em 13 capitais.  

Operando oficialmente desde 2019, a partir da incorporação de outras marcas do segmento de  educação médica, o grupo teve a sua primeira faculdade de medicina em atividade há 23 anos,  no Tocantins, norte do país. Desde então, a Afya tem por objetivo ser parceira destes  profissionais em toda a sua jornada de formação.  

Pioneira na adoção de práticas digitais voltadas para a aprendizagem contínua e suporte ao  exercício da medicina e saúde em toda a carreira médica, a Afya inova no mercado a partir da  construção de um portfólio diversificado que facilitam o dia a dia da prática clínica. Em 2020, a  companhia se consolidou no mercado de serviços digitais por meio da aquisição das healthtechs  PEBMED, Medphone, iClinic, Medicinae, Medical Harbour, Cliquefarma, Shosp, RxPRO, Além  da Medicina, CardioPapers e Glic. 

Por meio de suas unidades de ensino, a Afya atua desde a graduação – são diversos cursos com  foco na área da saúde, com destaque para a medicina -, passando por um dos mais renomados  cursos preparatórios de residência médica a título de especializações clínicas. Em uma  abordagem metodológica inovadora, que combina conteúdo integrado, aprendizado interativo e  uma experiência adaptativa para alunos de medicina ao longo de sua formação profissional, o  grupo oferece aos estudantes acesso a materiais didáticos altamente tecnológicos, incluindo  tutoriais em vídeo, podcasts, materiais de leitura, plataformas e questões práticas.  

Primeira empresa de educação médica do mundo a abrir capital na Nasdaq, em julho de 2019,  a Afya escolheu a bolsa americana pelo alinhamento daquele mercado e das outras empresas  lá listadas com o trinômio educação & saúde & tecnologia.  

Afya segue transformando a saúde através da educação e tecnologia. Mais informações  em Link e Link.

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