Polícia Federal prende General Braga Netto no Rio de Janeiro por obstrução de investigação

Polícia Federal prende General Braga Netto no Rio de Janeiro por obstrução de investigação

14 de dezembro de 2024 Off Por Marco Murilo Oliveira
Compartilhar

Em uma operação surpreendente, a Polícia Federal prendeu na manhã deste sábado (14) o General da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa durante o governo Bolsonaro. A detenção ocorreu em sua residência no Rio de Janeiro e foi autorizada pela Justiça Federal após o General ser acusado de obstruir uma investigação em curso.

Detalhes da operação

A prisão foi realizada por agentes da Polícia Federal por volta das 6h30, no bairro da Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense. Segundo fontes próximas à PF, Braga Netto teria tentado interferir diretamente em investigações sensíveis relacionadas a fraudes e possíveis desvios de recursos públicos durante sua gestão como ministro. Essas investigações, conduzidas em sigilo, já vinham reunindo provas há meses.

Ainda não há informações oficiais sobre o conteúdo exato da acusação, mas a obstrução teria ocorrido por meio de pressão a servidores públicos e possíveis tentativas de destruição ou ocultação de provas.

Mandado e operação policial

A prisão preventiva do General foi decretada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, atendendo a um pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF). A ação faz parte da Operação Escudo de Ferro, deflagrada para investigar a atuação de altos ex-membros do governo em atos que possam ter prejudicado o andamento de inquéritos de grande relevância.

Além da prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao General e a outros suspeitos. Documentos, celulares e dispositivos eletrônicos foram apreendidos durante a operação.

Repercussão política

A prisão de Braga Netto gerou uma onda de repercussão política imediata. O General, que foi um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegou a ser candidato a vice-presidente na chapa do então mandatário nas eleições de 2022. Lideranças políticas ligadas à direita criticaram a ação, alegando suposta perseguição, enquanto setores mais alinhados ao governo atual destacaram a importância do trabalho da PF no combate à impunidade.

O advogado de Braga Netto, em pronunciamento à imprensa, classificou a prisão como “arbitrária e desnecessária”. “O General Walter Braga Netto sempre esteve à disposição das autoridades e jamais interferiu em qualquer investigação. Vamos entrar com pedido de habeas corpus imediatamente”, declarou.

Quem é Braga Netto?

Walter Souza Braga Netto é General de Exército da reserva e se notabilizou por sua atuação no comando da intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Posteriormente, foi nomeado ministro da Casa Civil em 2020 e, em seguida, assumiu o Ministério da Defesa. Sua figura sempre esteve associada à ala militar do governo Bolsonaro e à defesa de pautas nacionalistas.

Próximos passos

Braga Netto foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde será ouvido pelos investigadores ainda neste sábado. A expectativa é de que o General passe por audiência de custódia nas próximas 24 horas para definir a manutenção ou não de sua prisão preventiva.

A Polícia Federal e o Ministério Público ainda não divulgaram o relatório completo da operação, mas uma coletiva de imprensa está prevista para o fim da tarde, onde mais detalhes devem ser apresentados.

O caso marca um novo capítulo na relação conturbada entre a Justiça, as Forças Armadas e figuras de alto escalão do governo anterior. A investigação deve seguir avançando com novos desdobramentos nos próximos dias.

Marco Murilo Oliveira


Compartilhar