Pressionados pela inflação de alimentos e bebidas, bares e restaurantes reajustam preços no cardápio em dezembro
11 de janeiro de 2025Alta nos insumos pressiona estabelecimentos que enfrentam margens reduzidas e desafios para equilibrar a competitividade
Bares e restaurantes encerraram 2024 em um cenário de forte pressão inflacionária, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, divulgado nesta sexta-feira (10).
O grupo “Alimentação e Bebidas” foi destaque, com alta de 1,18%. Essa elevação, a quarta consecutiva, foi impulsionada tanto pelos preços da alimentação no domicílio, que subiram 1,17%, quanto pelos da alimentação fora do domicílio, que registraram aumento de 1,19%.
No setor de alimentação fora do lar, os impactos foram ainda mais significativos: refeições tiveram alta de 1,42%, acima do preço dos insumos, enquanto os lanches registraram um aumento de 0,96%.
O cenário reflete as dificuldades enfrentadas pelo segmento para lidar com a alta dos insumos, tornando o repasse de custos inevitável para muitos, mesmo diante do risco de redução no fluxo de clientes.
Pressão financeira e margens reduzidas
O setor de alimentação fora do lar teve um ano desafiador e chegou em dezembro com 59% das empresas operando sem lucro, segundo levantamento da Abrasel.
A elevação dos custos, aliada à necessidade de manter preços competitivos, pressionou ainda mais as margens já reduzidas.
“O repasse de custos tem sido criterioso para muitas empresas do setor. No entanto, enfrentamos um cenário de margens cada vez mais apertadas. Dados da nossa pesquisa mostram que 32% dos empresários não conseguiram reajustar os preços nos últimos 12 meses, enquanto 59% fizeram ajustes iguais ou inferiores à inflação” afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel. Quanto ao acumulado de 2024, a inflação do grupo “Alimentação e Bebidas”, principais insumos do setor, foi de 7,69%, o que também teve um impacto direto nos negócios.
A alimentação fora do domicílio subiu 6,29% no período, com as refeições avançando 5,70% e os lanches, 7,56%. Os números demonstram o peso da alta nos insumos e o esforço dos empresários para equilibrar o impacto aos consumidores.
Tatiane Ferreira
Perspectivas para 2025
Apesar das adversidades, há sinais de otimismo com a chegada de 2025. A expectativa é de que as vendas de fim de ano, impulsionadas pelas festas e pelo 13º salário, tenham ajudado muitos estabelecimentos a iniciar janeiro em um patamar mais favorável.
Além disso, 73% das empresas esperam aumentar as vendas no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com levantamento da Abrasel.
“Entramos em 2025 com a esperança de que o faturamento aumente, a inflação desacelere e o crescimento dos empregos e da renda continue a impulsionar boas vendas no setor. No entanto, os desafios permanecem, e será essencial continuar inovando e ajustando estratégias para encontrar um ponto de equilíbrio sustentável entre preços justos e rentabilidade”, reforça Solmucci.