Principais tendências para o Conselho de Administração, segundo o Gartner
29 de março de 2023Nos próximos anos, ocorrerá a antecipação de mais investimentos e maior foco na sustentabilidade e DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão)
Organizações do mundo inteiro enfrentam o desafio da incerteza econômica.
Segundo a Sondagem Econômica da América Latina, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o Brasil registrou recuo de 11 pontos no Indicador de Clima Econômico (ICE) e atingiu 73,5 pontos no primeiro trimestre de 2023.
Compõem o ICE, o Indicador de Situação Anual (ISA), em que o país teve queda de 21,7 pontos e o Indicador de Expectativas (IE), em que houve queda de 0,4 ponto. O instituto acredita que o cenário para o Brasil descrito pela pesquisa mostra estabilidade nas expectativas e piora acentuada (acima de 20 pontos) na avaliação da situação anual.
Diante deste cenário, as lideranças estão cada vez mais focadas no desenvolvimento e na implementação de estratégias de negócios que respondam a um ambiente de mudanças ágeis.
No início deste ano, foi divulgada uma pesquisa pelo Gartner (Gartner 2023 Board of Directors), que contou com a participação de 281 diretores e membros de vários conselhos em diferentes segmentos de negócio e regiões ao redor do mundo, com o objetivo de compreender o foco do grupo em:
- Investimentos em aceleração digital;
- Sustentabilidade;
- Diversidade, equidade e inclusão (DEI).
Na conferência Gartner IT Symposium/Xpo™ 2022, Partha Iyengar, analista VP Distinto do Gartner, disse que “As pressões sociais em torno do ambiente, social e governança (ESG) e DEI estão impactando cada vez mais as prioridades da empresa e do conselho”.
O especialista acrescentou que é necessário que os líderes executivos compreendam as prioridades do conselho em tempos turbulentos, para que possam alinhar suas atividades e investimentos com a direção da estratégia da empresa, que normalmente é definida pelo conselho.
Com ampla experiência no mercado corporativo e em gestão empresarial, além da prestação de consultoria a empresas de diferentes portes e segmentos pela MORCONE Consultoria Empresarial, Carlos Moreira aborda os resultados dessa pesquisa que apontam as principais tendências para os conselhos ao longo do ano.
Principais tendências para os Conselhos, segundo a pesquisa
Com a finalidade de impulsionar o crescimento em um ambiente de negócios que requer rápidas mudanças e metodologias ágeis, os conselhos de administração precisarão adotar novas abordagens.
De acordo com a pesquisa, os conselhos estão dispostos a assumir maiores riscos quanto à expansão nas linhas de produtos, na transformação na maneira de trabalhar, assim como na entrada em novos mercados.
As principais conclusões da análise, que apontam algumas tendências para os conselhos, mostraram que:
- Em média, as organizações investem em iniciativas de negócios digitais há seis anos;
- 60% das organizações alcançaram o nível desejado de progresso ou atingiram suas metas de otimização de negócios digitais;
- Os líderes imersos no universo digital fizeram relativamente mais progressos para conseguir atingir as metas de transformação digital do que aqueles que se mostraram reticentes a essa evolução;
- 71% das organizações ao redor do mundo estão priorizando uma arquitetura econômica digital;
- O CEO é a figura de liderança principal responsável por conduzir as iniciativas de negócios digitais;
- Os principais líderes digitais podem melhorar seu papel na otimização de estratégias digitais e no foco no cliente para aumentar o sucesso dos negócios digitais;
- Tecnologias como a IA/aprendizado de máquina (machine learning), aprimoramento de software e dados e análises serão cada vez mais essenciais para o sucesso dos negócios digitais.
E quando o assunto é Sustentabilidade e DEI?
Dentre as principais tendências para os conselhos segundo o Gartner nos próximos anos, está a antecipação de mais investimentos e o foco na sustentabilidade e DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), que são principalmente financiados por um orçamento de despesas operacionais.
Essas considerações têm sido cada vez mais estimuladas entre os stakeholders (partes interessadas) e tendem a continuar expandido, gerando mais investimentos em sustentabilidade e DEI para as organizações ao redor do mundo até 2024.
Segundo a pesquisa, as principais conclusões quanto a esses temas são:
- Investimentos em sustentabilidade são financiados principalmente pelo aumento dos orçamentos e de despesas operacionais e de capital;
- Investimentos na DEI são financiados principalmente por um orçamento crescente de despesas operacionais;
- Mais de 80% dos conselhos de administração relatam que os stakeholders consideram a sustentabilidade e o DEI ao avaliar e interagir com as suas organizações;
- Uma maior consideração entre colaboradores, investidores e sociedade tem refletido no aumento dos investimentos em sustentabilidade;
- O interesse dos stakeholders influencia no aumento dos investimentos na DEI.
O que essa análise das tendências para os conselhos aponta é a necessidade de que tanto executivos quanto equipes se utilizem de novas abordagens para impulsionar o crescimento em um ambiente organizacional que demanda mudanças rápidas.
Para conseguir atingir essa meta, as empresas devem mudar o foco para a transformação dos negócios e a criação de uma nova arquitetura econômica. E claro, a sustentabilidade e o DEI ganharão crescente destaque com o objetivo do aumento de investimentos.
Estratégia de economia digital e como move o mundo
Material publicado pela Fundação Dom Cabral, Digital – A Economia que Move as Empresas e o Mundo: Onde Estamos e Aonde Podemos Chegar, traz importantes pontos a serem refletidos quando se fala na economia digital.
A pandemia acelerou transformações ao redor do mundo, imprimindo novo ritmo a tendências no setor tecnológico, o que colocou a economia digital no centro de debates sobre desenvolvimento econômico e globalização.
A economia digital é decorrente do crescimento acelerado dos negócios digitais, que têm impactado grandemente nas cadeias de valor. Ela cresce no mundo 2,5 vezes mais que a economia tradicional.
Organizações tecnologicamente capacitadas apresentam desempenho de receita em média seis pontos percentuais acima dos seus pares menos tecnológicos e no varejo, essa diferença chegou a dezesseis pontos percentuais.
Quanto ao fator competitividade que se reforça na economia digital, fica o alerta de que os ganhos de produtividade, competitividade e de valor para os negócios também expõem essas empresas aos crimes cibernéticos, sendo assim, isso exigirá dos governos e das organizações maior atenção quanto à estratégia e o preparo das pessoas para lidar com o risco.
A economia digital tem chamado a atenção do mundo e torna-se cada vez mais necessário entre as organizações e seus conselhos repensarem sua participação digital e o quanto de fato estão engajados com iniciativas pautadas nessa nova demanda global.
Os conselhos estão se preparando para o novo?
A tendência para os conselhos para os próximos anos é uma participação cada vez mais ativa e crucial para a tomada de decisões entre as empresas.
Em um tempo em que a tomada de decisões demanda agilidade e assertividade, um conselho dotado de maior autonomia e autorresponsabilidade se faz essencial. Sua organização está preparada para vivenciar o futuro?
Carlos Moreira * – Há mais de 36 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.
Por Daiana Barasa