Produtor Rural revela os segredos da alta produtividade
23 de março de 2023Confira entrevista com o sojicultor Eder Leomar dos Santos
São Paulo, 23 de março do ano 2023 – Distribuição de fertilizantes em taxa variável e utilização de microorganismos benéficos. Essas foram algumas das estratégias utilizadas pelo produtor rural Eder Leomar dos Santos para alcançar 114,80 sacas por hectare e vencer a categoria sequeiro, pela Região Sul, na última edição do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, organizado pelo CESB.
De acordo com o sojicultor, na propriedade Granja V.P.S, localizada na cidade de Camaquã (RS), foram utilizadas variedades mais produtivas nas áreas em que o solo já é melhor naturalmente ou já está mais corrigido, deixando variedades mais rusticas, para áreas que ainda precisam de maior correção.
“Cada propriedade tem suas particularidades, de solo, clima e relevo. O produtor tem que saber identificar dentro de cada realidade as técnicas de manejo que mais se adaptam a sua área”, pontua o sojicultor.
Confira a seguir uma entrevista com o produtor rural Eder Leomar dos Santos:
Qual a importância do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja?
O Desafio do CESB é um grande projeto de geração de conhecimento, pois proporciona a abertura total dos métodos de manejo aplicados nas áreas. Cada detalhe da produção é aberto para conhecimento de todos, fazendo a difusão da tecnologia usada nas áreas mais produtivas e permitindo que cada produtor de soja do país tenha acesso aos “segredos” daqueles produtores que estão conseguindo alcançar picos e médias de produtividade mais elevadas.
Quais técnicas e estratégias você implementou na sua propriedade para atingir elevados índices produtivos?
Cada propriedade tem suas particularidades, de solo, clima e relevo. O produtor tem que saber identificar dentro de cada realidade as técnicas de manejo que mais se adaptam a sua área. Vendo os resultados do Desafio do CESB, podemos ver que a cultura da soja tem uma grande plasticidade, podendo ser produzida nas mais diversas condições de clima, relevo e tipo de solo. Pela regionalização do Desafio, é possível identificar semelhanças em sistemas que são possíveis de aplicar em áreas parecidas, assim como alguns conceitos que servem para todas as áreas. A preocupação com a qualidade do solo onde será implantada a cultura é a principal característica que serve para qualquer cultivo em qualquer região. Então nossa primeira preocupação é estar sempre melhorando todos os atributos do solo, para que a cultura possa expressar completamente seu potencial. Além da condição de fertilidade, com correção com calcário, distribuição de fertilizantes em taxa variável e utilização de microorganismos benéficos, é importantíssima a qualidade física desse solo, para que as plantas não tenham impedimento no crescimento radicular. Nas características mais específicas de cada área, procuramos trabalhar com as variedades e manejos que são mais adequadas a nossa realidade, colocando variedades mais produtivas nas áreas em que o solo já é melhor naturalmente ou já está mais corrigido, deixando variedades mais rusticas, para áreas que ainda precisam de maior correção.
Qual a importância da análise de solo e da correção para atingir esses índices produtivos?
Uma boa análise de solo é a base para o equilíbrio nutricional do solo. Então, a qualidade da análise para implementar as correções é o que permite sermos mais assertivos na distribuição dos nutrientes, para alcançar o equilíbrio necessário tanto para melhorar as produtividades quanto para não aumentar o custo em áreas que necessitem menor reposição.
De que forma você utiliza a tecnologia no campo e como ela tem se tornado uma grande aliada para a produtividade?
A tecnologia tem sido uma fundamental aliada para o aumento de produtividade e redução de custos. Desde a simples utilização de piloto automático para alinhar melhor o plantio, até a distribuição adequada de sementes, com corte de seção linha a linha, com sensores que permitem identificar as quantidades de falhas, plantas duplas ou triplas no momento da execução do plantio, permitindo ao operador ajustes de velocidade e outras regulagens que melhorem a distribuição na hora que o problema está acontecendo. A precisão maior em cada processo, devido a tecnologia, permite uma melhoria em todos os processos, eliminando cada vez mais os erros comuns que acabavam acontecendo porque as decisões estavam muito dependentes só da percepção do operador. Do plantio até a colheita, a tecnologia tem evitado desperdícios de tempo, produtos e melhorado a qualidade dos serviços.
Quais práticas ambientais, sociais e de governança você realiza na propriedade e na comunidade?
Procuramos sempre atender a cada detalhe de tudo que cerca a produção agrícola. Além de otimizar ao máximo as produtividades, elevando muito o grau de eficiência das áreas, procuramos respeitar e utilizar tudo que a área tem a oferecer, mas com responsabilidade com o ambiente em que estamos inseridos. Nossas áreas são em um local de pequenas propriedades, onde os produtores precisam estar em sintonia para que todos possam ter eficiência em seus negócios. As áreas são dependentes uma da outra, tendo a drenagem e irrigação utilizadas em conjunto. Isso exige um grau de organização muito grande, para que ocorra o equilíbrio na distribuição dos recursos. Para isso, existe uma associação de produtores que organiza e mantem o sistema funcionando. Nós sempre procuramos participar das iniciativas que promovem a integração dos produtores e da comunidade que tem a nossa volta.
Quais outras informações sobre a sua propriedade e sobre a sua participação no Desafio, você gostaria de compartilhar?
Nossa área fica em uma região de baixa altitude. São áreas de várzea onde o cultivo de arroz irrigado é predominante. Temos diversos desafios para introduzir plantas de sequeiro nas condições de solo alagado. Mas, temos vencido esses desafios, com muito trabalho e, principalmente, conhecimento aplicado. Ainda temos várias correções a serem feitas, mas já conseguimos atingir um patamar de maior segurança na produção de soja nessas áreas. Isto mostra que essa cultura tem um grande potencial de adaptação. Só precisa que o produtor identifique os limitantes da sua realidade para que a soja possa se desenvolver e alcançar boas produtividades.
Você se inscreveu para a nova edição do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja? Quais as suas expectativas?
Nós fizemos a nossa inscrição e a nossa expectativa é a melhor possível. Apesar de estar com um regime de chuvas um pouco abaixo da última safra, conseguimos identificar alguns detalhes que precisavam ser corrigidos. Acho que conseguimos uma lavoura mais homogênea nessa safra. Vamos só torcer para que o clima melhore um pouco para que os resultados sejam parecidos ou ainda melhores que na última safra.
O CESB é composto por 19 membros especialistas e 26 organizações patrocinadoras que acreditam e contribuem para o avanço sustentável dos mais altos índices de produtividade de soja no Brasil, são elas: AGROGALAXY, BASF, BAYER, SYNGENTA, JACTO, Atto Sementes, Brasmax, Corteva, Eurochem FTO, Ferticel, ICL, Koppert, Massey Ferguson, Mosaic, Stara, Stoller, Sumitomo Chemicals, Timac Agro, TMF, Ubyfol, UPL, Yara, Yoorin, Elevagro, IBRA e Somar Serviços Agro. Mais informações pelo telefone: (15) 3418.2021 ou pelo site www.cesbrasil.org.br
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