Produtos biológicos reduzem uso de agroquímicos e aumentam produtividade no RS
Foto: Divlgação

Produtos biológicos reduzem uso de agroquímicos e aumentam produtividade no RS

23 de agosto de 2024 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Propriedades rurais gaúchas vêm investindo em fábricas de produtos biológicos OnFarm para garantir uma produção mais sustentável e lucrativa. Por meio do uso de biofábricas em suas agropecuárias, produtores vêm maximizando o uso dos chamados produtos biológicos e garantindo maior rentabilidade por hectare. Além disso, ao empregar os compostos biológicos, reduzem os gastos e as aplicações de herbicidas, fungicidas e, principalmente, inseticidas nas lavouras. Uma das propriedades pioneiras em implementar o sistema é a Estância do Espinilho, de Cruz Alta (RS).

Segundo o gerente da propriedade, Mateus Beck, a construção da biofábrica foi feita com sistema de tanques inoxidáveis hermeticamente fechados, com ambiente controlado e sistema de controle 100% automatizado para minimizar perdas por contaminação externa no processo de multiplicação e, assim, produzir os biológicos com qualidade e maior eficiência. “Contamos com a assessoria de uma empresa parceira (Prime Agro) que possui profissionais com ampla expertise nos processos de multiplicação além de nos fornecerem os insumos e estirpes de microrganismos para nossa produção”.

A demanda de bioinsumos é gerada pela equipe agronômica da fazenda, que discute os manejos das culturas e, após isso, é repassada para equipe que cuida da biofábrica. Após a multiplicação, os produtos são desenvasados e aplicados no campo, seja via sulco, seja na parte aérea. Também são produzidos fungos e bactérias que têm diversas funcionalidades no solo e na planta – bioinseticidas, biofungicidas, nematicidas, bioestimulantes e solubilizadores de nutrientes. “Nossa empresa vê o insumo biológico como uma ferramenta sustentável e ecologicamente correta que poderá, com o passar do tempo, reduzir a utilização de insumos químicos e, consequentemente, diminuir os custos de produção da fazenda”, explica Beck.

O gerente reforça também que, em um primeiro momento, a propriedade não busca necessariamente aumento de produtividade ou ganhos, mas sim melhorar o sistema de cultivo e, principalmente, o perfil de solo, que é considerado o principal patrimônio da Estância do Espinilho. “Porém, entendemos e comprovamos na última safra que é possível obter uma maior produtividade e, consequentemente, maior rentabilidade quando conseguimos equilibrar a química, a física e a biologia do nosso solo”. Além disso, esse ganho pode se acentuar, principalmente em anos de estiagem ou mesmo de presença de doenças, ou pragas. “Também entendemos que o uso de biológicos é uma ferramenta importante para reduzir o uso de químicos e, com isso, minimizar o impacto ambiental”, aponta.

Tem diferença na riqueza de nutrientes ou o ganho é em relação ao tempo e quantidade de produção?

Os bioinsumos, em muitos casos, auxiliam as plantas a extraírem os nutrientes do solo. Além dos microrganismos, metabólitos são gerados durante o processo de fermentação. Esses metabólitos, na maioria das vezes, são de extrema importância para as plantas e solo, gerando a produção de fitormônios e alguns compostos que induzem a planta a autodefesa ou no caso de bioinseticidas repelindo pragas.

Como esse insumo tem atuado no contexto dos solos prejudicados pela enchente deste ano?
Muitas de nossas áreas foram castigadas pelas fortes chuvas que devastaram nosso estado, principalmente pela erosão e lixiviação de nutrientes e matéria orgânica do solo. Os bioinsumos que produzimos fazem parte da nossa estratégia para recuperação, porém  utilizaremos outras ferramentas que irão somar para acelerar esse processo, como, por exemplo, plantas de coberturas de diversas espécies que irão auxiliar em uma nova camada de matéria orgânica na superfície bem como irão trabalhar na descompactação de solo com suas raízes.

Quantos produtores utilizam o insumo biológico – ou área de cobertura no estado atualmente?
Em conversa com a empresa parceira que nos atende nas multiplicações e nos manejos, apesar de a adesão ao uso de biológicos estar crescendo no RS, constatou-se que ela ainda cresce a passos lentos se comparado com estados como MT, MS e BH. A cultura da soja é responsável por 40% do uso de biológicos, o milho 10%, arroz 15%, trigo 15% e 20% dividido em hortifrúti, citrus e outras culturas.

Como será a participação na Expointer?
Neste ano, por conta das questões climáticas, a Estância do Espinilho não levará animais para a Expointer. Iremos, como participantes, acompanhar as provas de Angus e Brangus e trabalhar na divulgação de nosso leilão, marcado para 6 de setembro. Mesmo em anos difíceis, a feira é sempre um momento de diálogo e troca de ideias entre produtores.

Jardine Comunicação


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