Quanto mais velho, mais polêmico
8 de novembro de 2022© Lucas Figueiredo/CBF/DireConvocação de Daniel Alves faz comentaristas desconfiarem da seleçãoitos Reservados Esportes
Publicado em 08/11/2022 – 18:21 Por Carlos Molinari – TV Brasil – Brasília
Em 1966 o técnico Vicente Feola convocou Djalma Santos para a Copa do Mundo da Inglaterra. O lateral-direito já tinha 37 anos e se tornou, até então, o brasileiro mais veterano a participar de um Mundial, atuando em dois jogos: na vitória de 2 a 0 sobre a Bulgária e na derrota de 3 a 1 para a Hungria.
Tite, comandante da Seleção desde 2016, resolveu apostar na experiência e bateu duplamente o recorde de Djalma Santos: convocou o zagueiro Thiago Silva, de 38 anos e que defende o Chelsea (Inglaterra), e o lateral-direito Daniel Alves, de 39 anos e que atualmente treina no time B do Barcelona (Espanha) mesmo tendo contrato em vigor com o Pumas (México) até julho de 2023.
Enquanto Thiago Silva é titular da Seleção, Daniel Alves parece não ter espaço no time. Seu rendimento em 2022 no Pumas foi bem abaixo do esperado: fez 12 jogos, nenhum gol e saiu de campo vaiado pela torcida em alguns jogos da Liga Mexicana.
Para Sérgio Du Bocage, apresentador do programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil, Daniel Alves dificilmente entrará em campo nesta Copa. Mas motivos pessoais explicam a convocação do atleta por Tite: “Há muitas tentativas de explicação para a convocação do Daniel Alves. Seria um capitão fora de campo, em razão da experiência somada ao longo da carreira, o pagamento de uma dívida pelo corte na Copa de 2018 ou a falta de alternativas para a posição. Seja qual for, não se vê nesse questionamento a possibilidade de Daniel Alves vir a ser o titular. E não sei se vale a pena levar um jogador com esse perfil, fazendo com que tenhamos uma alternativa a menos para colocar em campo, num Mundial que promete ser de alto nível”.
Daniel Alves coleciona títulos por onde passou, sendo o jogador de futebol que mais venceu campeonatos no mundo: 42 taças, seja pela seleção brasileira, pelo Paris Saint-Germain (França), pela Juventus (Itália), pelo Barcelona (Espanha), pelo Sevilla (Espanha) ou pelo Bahia. Pela seleção disputou 124 jogos, nos quais anotou 8 gols. Mas, pelo atual momento, praticamente em fim de carreira, a convocação foge da lógica.
O comentarista Márcio Guedes tentou entender a cabeça de Tite: “A convocação de Daniel Alves foi surpreendente e polêmica, pois o jogador está inativo há meses, não foi bem em recentes temporadas e já tem 39 anos. Não acreditava que ele seria lembrado, mas há explicações. O seu longo retrospecto positivo na seleção, a carência de boas opções na posição, o fato de nos últimos dias ter trabalhado muito a parte física no Barcelona e, por fim, o fato de ele não precisar correr o campo inteiro, tendo, talvez, como limite a linha central de campo. Vejamos na prática se funciona ou se foi apenas uma desculpa. Acho que as duas laterais são, potencialmente, os pontos fracos da seleção”.
Já Waldir Luís, comentarista da Rádio Nacional, afirma que a convocação de Daniel Alves serve apenas para unir o grupo. “No São Paulo não jogou bem, no Pumas do México não vem jogando bem e está atuando no meio-campo, sendo que foi convocado para a lateral-direita. Será que, no entendimento do Tite, não há lateral-direito no Brasil? Só o Danilo? Não vê o Mariano ou o Marcos Rocha? Foi uma convocação para fazer média, não deveria levar para a Copa do Mundo um jogador de 39 anos que não vem jogando bem. Esse time não tem líder. Talvez, a convocação do Daniel Alves seja para dar essa liderança”, declarou.
Em seis anos à frente da seleção brasileira, Tite convocou 84 jogadores diferentes e teve a opção de escolher 26 deles para a Copa do Mundo.
Daniel Alves atuou pela última vez com a amarelinha no amistoso contra o Japão, disputado em 6 de junho de 2022 e que terminou com vitória de 1 a 0 do Brasil. O lateral participou de 70 minutos daquela partida antes de ser substituído.
Mas, e se Daniel Alves não fosse chamado, quem deveria figurar na lateral-direita? Rubro-negro assumido, Sérgio Du Bocage não titubeia para responder: “Eu preferia o Rodinei”.
Edição: Fábio Lisboa