Rede de Pecuária de Corte Familiar Agroecológica vai ser organizada no RS

Rede de Pecuária de Corte Familiar Agroecológica vai ser organizada no RS

18 de junho de 2023 Off Por Ray Santos
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A Embrapa Pecuária Sul e a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG-RS) anunciaram, nesta sexta-feira (16/06), a organização de uma Rede de Pecuária de Corte Familiar Agroecológica no Rio Grande do Sul.

As informações sobre a novidade foram apresentadas na sede da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), durante seminário que contou com a presença de pecuaristas familiares, entidades representativas da agropecuária e do deputado federal Elvino Bohn Gass, responsável pela emenda parlamentar de R$ 162 mil para financiamento da rede no seu primeiro ano de atividade.

A rede integra uma estratégia ampla da Fetag para a organização e desenvolvimento da pecuária de corte familiar no RS.

Conforme Agnaldo Barcellos, diretor financeiro da federação, a instituição, em parceria com diversas organizações, tem buscado articular as entidades de representação da pecuária familiar, como forma de manter a categoria unida para organização e também para acesso a políticas públicas que visualizem este público com suas características específicas.

“Ser pecuarista familiar em pequenas áreas, criar gado e ovinos, é um ato de resistência. Mas é preciso criar mecanismos que auxiliem esse produtor, senão muitos acabam se entregando”, disse Barcellos.

Dentro dessa proposta mais ampla da Fetag, a Embrapa irá instalar Unidades de Aprendizagem Coletiva (UACs), com foco na observação e análise dos modelos produtivos praticados pela pecuária familiar em diferentes regiões do Estado.

Conforme Marcos Borba, pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sul, a pecuária familiar tem capacidade de gerar produtos concernentes com as demandas contemporâneas por alimentos saudáveis e sustentáveis.

“Os campos nativos do Pampa formam um ecossistema diverso e complexo, que são a base da pecuária familiar. O manejo conservacionista desses campos segue o princípio da agroecologia. Buscamos com as UACs entender a complexidade do sistema pecuário nesse contexto, em que é imprescindível a presença do pecuarista familiar e de sua organização com os demais atores em um processo de geração de renda a partir destes recursos locais”, destacou Borba, ao explicar a base para formação da rede.

Conforme Borba, territórios como o Alto Camaquã, que estiveram por muitos anos distantes do processo de modernização da agricultura, estão hoje à frente quando se pensa em lógicas de produção de alimentos a partir de uso dos recursos locais, com preservação da biodiversidade, manutenção da saúde da água, solo e ar, fixação de carbono e riqueza histórico-cultural.

Para a pecuarista familiar Vera Colares, é urgente inserir os pecuaristas familiares na pauta das políticas públicas, a partir de um movimento em que o Estado observe o potencial existente nas famílias produtoras para a produção de alimentos.

“A pecuária familiar é extremamente sustentável. Não precisa alterar em absolutamente nada a natureza para produzir. E nós estamos esquecidos, a gente não existe”, disse.

Durante o evento, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou estudos sobre a cadeia da ovinocultura nos Polos Alto Camaquã e Fronteira Oeste, para elaboração da Rota do Cordeiro.

Entre os principais desafios da cadeia produtiva da ovinocultura, levantados pelo estudo do Dieese, está o destino da produção para abate na indústria, algo que se efetivado contribuiria para diminuição da informalidade, geração de renda e emprego.

A pecuária familiar também foi abordada pelo Dieese a partir da perspectiva de ser uma das importantes alternativas em um futuro plano de Transição Justa da Matriz Energética do Carvão.

Essa transição busca gerenciar e minimizar impactos socioeconômicos decorrentes do possível encerramento de atividades de produção de energia através do polo carbonífero instaurado em municípios como Candiota.

Nesse sentido, conforme o Dieese, o estímulo a atividades agroindustriais, como a pecuária familiar, pode ser um diferencial no uso dos recursos locais.–

Felipe Santos da Rosa

Jornalista MTb 14406/RS

Embrapa Pecuária Sul (Bagé, RS)

Celular/Whatsapp: (53) 99933-8526


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