União Africana vira membro permanente do G20
9 de setembro de 2023Fórum reúne as maiores economias do mundo, com 85% do PIB e 2/3 da população mundial – a ele se junta agora associação de 55 países do continente africano, que até então só era representado pela África do Sul.
A União Africana, bloco que reúne 55 países do continente africano – seis atualmente suspensos por causa de golpes de Estado – e representa uma população de 1,4 bilhão de pessoas, ganhou um assento permanente no G20.
O anúncio oficial foi feito neste sábado (09/09) pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante a abertura da cúpula do G20 em Nova Delhi. Na ocasião, Modi convidou o representante do bloco, Azali Assoumani, a sentar-se à mesa.
Com isso, a União Africana deixa de ser organização internacional convidada e passa a ter o mesmo status da União Europeia, que até então era o único bloco regional membro pleno do grupo. Outros 19 países integram o G20, fórum econômico que reúne as maiores economias do mundo, representando 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e aproximadamente dois terços da população do planeta.
A entrada da União Africana era encampada por Modi, que propôs a adesão do bloco em junho a G20, e representa uma vitória política para o indiano, que tenta emplacar a si mesmo como líder do Sul Global.
África sub-representada em fóruns internacionais
A proposta foi endossada por representantes da UE e pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Nesta semana, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, já havia declarado que a “África está sub-representada nas atuais estruturas internacionais”.
Até então, a África do Sul era o único país do continente no G20 – além de Brasil, Índia e UE, fazem parte do fórum, ainda: Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
Bloco deve cobrar acesso a recursos financeiros
A chegada da União Africana ao G20 foi festejada por líderes africanos. Presidente do Quênia, William Ruto disse que o grupo deve se empenhar, entre outros temas, pela discussão de reformas nas instituições financeiras internacionais e nos bancos multilaterais de desenvolvimento.
Já o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa associou a chegada da União Africana ao acesso facilitado a recursos que permitam cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável conforme preconizado pelas Nações Unidas.
A União Africana tem a população mais jovem do mundo, e a que mais cresce – há estimativas de que em 2050 chegue a 2,5 milhões de pessoas. Já na União Europeia vivem cerca de 450 milhões de pessoas.
Finda a cúpula em Nova Delhi, o Brasil assumirá pela primeira vez a presidência do G20 desde a criação do grupo, em 1999. O mandato irá de dezembro deste ano a novembro de 2024, quando o Rio de Janeiro sediará a próxima cúpula.
DW