Vantagens do autocuidado para a sociedade brasileira
22 de julho de 2022Estudos comprovam que investir no autocuidado agrega saúde financeira para o sistema de saúde e qualidade de vida para a população
No dia 24 de julho, o Brasil e o mundo celebram o Dia Internacional do Autocuidado. Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data tem como objetivo conscientizar e engajar as pessoas na tomada de decisões em relação à própria saúde. Segundo a OMS, a definição de autocuidado já fala por si e trata-se da habilidade de indivíduos, famílias e comunidades promoverem saúde e prevenirem doenças, com ou sem o apoio de um provedor de saúde.
De acordo com a ACESSA (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde), principal interlocutora e representante no país sobre o tema, os chamados sete pilares do autocuidado, também estabelecidos pela OMS, são primordiais para a manutenção de uma boa saúde e qualidade de vida. São eles: o uso racional de produtos e serviços de saúde, conhecimento seguro de informações em saúde (ou literacia em saúde), bem-estar mental e autoconhecimento, a prática de atividades físicas, uma alimentação saudável, consciência de atitudes de risco (como tabagismo e álcool em excesso) e uma boa higiene pessoal e do ambiente.
Segundo a própria OMS, reduzir fatores de risco pessoais, como inatividade física ou uso de tabaco, por exemplo, pode prevenir 81% das doenças do coração. Ou seja, poderiam ser evitados se o autocuidado fosse uma prática adotada pelos países como parte de uma política pública de saúde. O empoderamento e a educação da sociedade, além de impactar na qualidade de vida da população, também gerariam uma economia ao setor de saúde no geral.
“A educação é de grande importância para toda a sociedade, para que se possa ter acesso a dados e informações verídicas de qualidade, além de contribuir com a sustentabilidade do setor de saúde, visto que já é comprovado que quando as pessoas conseguem se autocuidar, elas utilizam menos o sistema. Esse impacto é positivo, tanto para a população, que se expõe menos a riscos, quanto para o sistema de saúde. Claro que, caso os sintomas persistam, é recomendável que um médico seja sempre consultado”, afirma Marli Martins Sileci, vice-presidente executiva da ACESSA.
Estudo realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA), intitulado ‘Utilização de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e economia gerada para os sistemas de saúde’, publicado em 2017, mostrou que o uso de MIPs gera uma economia anual de R$ 364 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento ainda trouxe que, para cada R$ 1,00 investido no consumo deste tipo de medicamento, há uma economia para o setor público de saúde de até R$ 7,00.
Isso acontece, pois se reduz as faltas ao trabalho (absenteísmo), idas desnecessárias aos consultórios médicos e aos serviços de pronto atendimento e ainda a realização de exames diagnósticos para questões simples de saúde.
Em um contexto de frequente pressão e déficit de recursos do sistema de saúde brasileiro, a disponibilização de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) reduz a necessidade de os cidadãos irem a um serviço de saúde para tratar de um sinal ou sintoma já conhecido de uma doença não grave. “Isso não quer dizer que os MIPs possam ser utilizados indiscriminadamente, muito pelo contrário, é preciso que o consumidor utilize um MIP, em seus primeiros sintomas, observando sempre as instruções de bula e rotulagem”, enfatiza Marli.
Brasil no contexto mundial do Autocuidado
Recentemente, foi publicado pela Federação Internacional de Autocuidado (GSCF) um estudo intitulado “Self-Care Readiness Index”, levantamento global que comprova que capacitar as pessoas a praticarem o autocuidado contribui para a sustentabilidade dos sistemas de saúde, além de os impactos positivos na vida e na saúde dos indivíduos. Os 10 países participantes foram avaliados por meio das seguintes categorias: Apoio e Adoção do Autocuidado pelos Stakeholders; Empoderamento do consumidor e do paciente; Política de Saúde de Autocuidado; Ambiente Regulatório.
No cenário mundial, o Brasil é o quarto país, dentre os avaliados, que mais pratica o autocuidado. Ao avaliar as quatro categorias do estudo, observa-se que no país, geralmente os profissionais da saúde e steakeholders, recomendam a prática e os pacientes se sentem bem-informados. Entretanto, ainda falta investimento na qualidade de saúde e no acesso às informações, para que o público se sinta mais seguro. Por ser uma das principais interlocutoras sobre o tema do autocuidado no Brasil, a ACESSA esteve entre os entrevistados.
O estudo mostrou ainda que na América Latina, 84% da população afirmou ter praticado o autocuidado entre 2020/2021, porém dentro dessa porcentagem, 56% precisaram suspender visitas ao médico devido ao isolamento social e ao colapso do sistema público de saúde.
Sobre a ACESSA
A primeira ação no sentido de agregar as indústrias produtoras de medicamentos isentos de prescrição médica, motivada pela defesa do direito à informação, data de meados de 1986. Foi realizada por três fabricantes – Roche, Merrell Lepetit e De Angeli –, que se reuniram como um grupo informal com o intuito de participar do debate político instaurado pela Assembleia Nacional Constituinte, a qual, entre seus dispositivos, considerava a proibição da publicidade de medicamentos, entre outros produtos.
Durante os anos seguintes, o grupo informal expandiu-se com a entrada de inúmeras outras produtoras, mas preferiu manter-se como tal até sua fundação oficial em 1994, constituindo-se, então, na Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Saúde (ABIPS). A partir de 2002, tornou-se a Associação Brasileira da Indústria de Automedicação Responsável (ABIAR) e, em 2003, passou a designar-se ABIMIP – Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição.
Acompanhando as mudanças ocorridas na sociedade e no mercado e ainda por todos os esforços relacionados à defesa dessa importante pauta nos últimos anos, a ABIMIP movimentou-se no sentido de ser reconhecida como referência na promoção do AUTOCUIDADO. Esta adequação vem em resposta a uma grande pergunta a ser respondida: se os MIPs se constituem em ferramenta fundamental dentro de um grande ambiente de autocuidado, por que não incluir os demais produtos e serviços com essa finalidade, ampliando e fortalecendo as ações da Entidade?
Foi com esse intuito que, a partir de fevereiro de 2022, ao abrir suas portas para outras indústrias relacionadas ao segmento de saúde e bem-estar, a Entidade passou a se chamar ACESSA – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde, de modo a ampliar o debate do autocuidado em saúde perante os diversos públicos que integram essa equação.
LVBA Com,.