Violência potencializada: a relação entre desigualdade social e segurança pública
17 de dezembro de 2024por Alexandre Barbosa e Carlos Guimar*
A segurança pública no Brasil é frequentemente discutida como uma questão de repressão ao crime e do fortalecimento das forças de segurança.
No entanto, essa abordagem isolada não resolve as raízes do problema.
A verdadeira solução para a violência está em entender que ela e a criminalidade estão profundamente ligadas a questões sociais complexas, como a desigualdade econômica, o acesso limitado à educação, a falta de oportunidades de emprego e a exclusão social.
Importante entender que os números do Brasil são, por si só, impressionantes, especialmente quando se considera seu vasto território e a grandeza de sua população.
Nesse contexto, os indicadores de exclusão social seguem a mesma magnitude e merecem atenção. Aproximadamente 59 milhões de brasileiros vivem em situação de pobreza e 9,5 milhões enfrentam extrema pobreza, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 70,3 milhões sofrem algum grau de insegurança alimentar, e 90 milhões não têm acesso à coleta de esgoto, sendo que 32 milhões vivem sem acesso à água potável, segundo o Ranking do Saneamento 2024, divulgado pelo Instituto Trata Brasil.
Ainda de acordo com o IBGE, no mercado de trabalho 7,3 milhões estão desempregados e, na educação, os conhecidos como “nem-nem” (nem trabalham e nem estudam na faixa de 15 a 29 anos) foram estimados em cerca de 10,3 milhões de pessoas.
Diante destes dados e do desequilíbrio gritante, é possível afirmar que, em particular, nas periferias das grandes cidades, a pobreza e a falta de perspectivas criam um ambiente fértil para o aumento da criminalidade.
Quando a população não tem acesso a serviços básicos como saúde, educação e moradia digna, o Estado se afasta das necessidades reais dos cidadãos, permitindo que organizações criminosas prosperem e que jovens se envolvam em atividades ilícitas.
A marginalização social e a ausência de políticas públicas eficientes para promover a inclusão e a cidadania são fatores determinantes que alimentam o ciclo de violência.
A falta de acesso a uma educação de qualidade, por exemplo, restringe as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e perpetua a exclusão social, criando uma geração de jovens vulneráveis ao crime.
O tráfico de drogas, a violência doméstica, a criminalidade juvenil e outras formas de violência frequentemente são reflexos da carência de investimentos em políticas sociais de estado voltadas à igualdade de oportunidades.
Portanto, para combater a violência de forma efetiva, é fundamental que as políticas de segurança pública sejam acompanhadas de políticas sociais que enfrentem as causas estruturais da criminalidade. Investir em educação de qualidade, em programas de inclusão social, em saúde mental e em geração de emprego pode transformar as comunidades, oferecendo alternativas para que os jovens não vejam o crime como a única possibilidade de ascensão social.
Em última análise, a segurança pública não pode ser tratada apenas como uma questão de policiamento e punição.
O sistema de segurança não pode deixar de cumprir o seu papel de guardiã da ordem, mas é urgente buscar medidas que não o deixe como um dos canais mais impactados pelo reflexo das desigualdades sociais.
A verdadeira solução está em combater as causas sociais da violência, criando uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todos tenham as mesmas oportunidades e entendam seus papeis, responsabilidades, direitos e deveres, o que inclui ser cobrado quando faltar com o cumprimento das leis.
Para isso, é imprescindível que e o Estado faça seu papel de inclusão e proteção dos direitos fundamentais.
*Alexandre Barbosa é diretor de Segurança Corporativa Latam da Michelin, e Carlos Guimar é Chief Security Officer da SafeCompany, startup de SecTech nascida da visão estratégica da AVANTIA e da ICTS, duas empresas líderes no setor de Segurança Empresarial no Brasil.
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