BRASIL ATINGE PICO HISTÓRICO DE FAMÍLIAS ENDIVIDADAS: QUASE 80% ESTÃO ENDIVIDADAS NO PAIS

3 de outubro de 2022 Off Por Ray Santos
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4 EM CADA 10 FAMÍLIAS BRASILEIRAS NÃO CONSEGUEM PAGAR SUAS CONTAS EM DIA

As consequências do difícil momento econômico vivido no Brasil e no mundo já chegaram ao bolso do consumidor assalariado. Causado muito em função da pandemia da Covid-19 e também por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o caos que foi instalado no cenário macroeconômico traz, consigo, problemas difíceis de serem superados em um curto prazo.

O endividamento das famílias brasileiras em 2022 é o maior nos últimos 12 anos

O endividamento das famílias brasileiras chegou a 79% em agosto, maior índice registrado desde 2010, quando o levantamento passou a ser feito no Brasil, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se pode observar um crescimento de 1 ponto percentual (p.p.), em relação a julho de 2022 e 6,1 p.p se comparado com agosto de 2021.

Outro dado que chama atenção é o número de pessoas que têm mais da metade da renda comprometida com dívidas. Ainda segundo a pesquisa, 22% dos brasileiros têm mais de 50% dos rendimentos comprometidos. O percentual médio no Brasil, atualmente, é de 30,2% da renda comprometida por dívidas.

O percentual de comprometimento da renda se manteve acima de 30% desde o início do confinamento, em março de 2020.

Apesar de colaborar diretamente para os números alarmantes, a crise causada pela pandemia e pela guerra não é a única responsável pelo endividamento do trabalhador. Os números poderiam ser mais positivos, em muitos casos, com uma política de educação financeira mais eficiente.

No Brasil, é comum o trabalhador assalariado não ter informações sobre conceitos básicos como juros, empréstimos consignados, taxa Selic, entre outros.

Com a falta de conhecimento, o trabalhador acaba optando por condições não vantajosas e compromete o salário mensal no momento de contratar empréstimos pessoais, pagando juros mais altos do que os que podem ser concedidos na modalidade de empréstimo para assalariado, nas fintechs.

Um novo recorde de inadimplência é quebrado: o Brasil se aproxima dos 68 milhões de pessoas que não podem pagar suas dívidas

Cresce número de famílias com contas/dívidas atrasadas

Ainda, de acordo com a Confederação, o número de famílias brasileiras com contas e dívidas atrasadas atingiu o maior pico registrado desde o ano de 2010.  Essa inadimplência atingiu 40,5% das famílias no país em agosto de 2022.

O segundo semestre iniciou-se com 29% das famílias brasileiras com algum tipo de conta e/ou dívida atrasada, o maior percentual histórico, e continua a aumentar mês a mês. Desde abril de 2021, não parou de aumentar e atingiu um novo recorde de 29,6% em agosto de 2022.

O número de pessoas que não podem pagar contas e/ou dívidas vencidas também cresceu (+0,1 p.p.) e atingiu 10,8% das famílias.

Segundo o mais recente Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, realizado pelo Serasa Experian em julho de 2022, umas 67,6 milhões de pessoas estão com o nome negativado no país.

O cartão de crédito é o maior responsável pelo endividamento dos brasileiros

Entre os endividados, 85,3% possuem dívidas no cartão de crédito.

Embora o número de famílias com dívida no cartão de crédito tenha diminuído quatro vezes no ano e o valor registrado se manteve entre os meses de julho e agosto deste ano (85,3%); se for levado em consideração o período avaliado, desde maio de 2010 o cartão de crédito é responsável por mais de 70% das dívidas contraídas pelos brasileiros e o crescimento deste tipo de dívida ​​é de 13,4 p.p. nos 12 anos analisados, permanecendo assim, como o principal tipo de dívida contraída pelos brasileiros.

No “top 5” das principais dívidas estão:

(% agosto 2022)

  • Cartão de crédito (85,3%)
  • Carnês de loja (19,4%)
  • Financiamento de carro (10,2%)
  • Crédito pessoal (9,5%)
  • Financiamento de casa (7,5%)

O cartão de crédito continua sendo o principal responsável pela inadimplência dos brasileiros

Durante o primeiro semestre de 2022, as principais dívidas das famílias diminuíram. Só aumentaram as dívidas com cheques. Apesar disso, cartões de crédito e carnês de lojas registraram o maior aumento anual.

Redução de dívidas deve ser prioridade

Os especialistas alertam que a redução de dívidas e o consumo essencial devem ser as prioridades para o brasileiro que tem acesso a uma renda extra, como por exemplo, o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pago pelo Governo Federal em 2022 e também o 13º salário.

A quitação das dívidas se torna ainda mais necessária no cenário de altos juros, com a Selic a 13,75%. Desta forma, as parcelas mensais pagas pelo trabalhador assalariado costumam comprometer uma grande parte da renda, sobretudo as pendências conhecidas por contar com taxas de juros mais altas (como, por exemplo, o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito).

Apesar do “conselho” dos expertos, o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, José Roberto Tadros, acredita que “as medidas adotadas como a antecipação do 13º salário aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os saques extras do FGTS tiveram, aparentemente, um efeito exclusivamente momentâneo no pagamento de contas e quitação de dívidas atrasadas”.

Redatores: Contadora Pública Analista Melisa Murialdo e Jornalista Victor Leahy

Infográficas: Contadora Melisa Murialdo / Redatora Analista Econômica LatAm

Fontes:

Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Blog de Finanças Pessoais O Melhor Trato

Soluções de Cobrança Serasa Experian

CONTEÚDO PESQUISA

O endividamento das famílias brasileiras em 2022 é o maior nos últimos 12 anos 1

Um novo recorde de inadimplência é quebrado: o Brasil se aproxima dos 68 milhões de pessoas que não podem pagar suas dívidas 2

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No “top 5” das principais dívidas estão: 3

Redução de dívidas deve ser prioridade 3

Por Melisa Murialdo


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