Empresários veem avanços na reforma tributária, mas querem tributação de grandes rendas

Empresários veem avanços na reforma tributária, mas querem tributação de grandes rendas

16 de dezembro de 2023 Off Por Marco Murilo Oliveira
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Entidade empresarial alerta para o “demasiado número de exceções”

O PNBE-Pensamento Nacional das Bases Empresariais fez uma análise da reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal e divulgou um documento em que considera a proposta um avanço importante para tornar o sistema tributário mais justo e eficiente, porém ressalta que defende um modelo em que os indivíduos com rendas mais baixas sejam tributados a uma taxa menor do que aqueles com rendas mais altas e alerta para o grande número de exceções.

Assinado pelo 1º e 2º coordenadores gerais do PNBE, Fabio Arruda Mortara e Luis Villaça Meyer, e pelo presidente do Conselho Consultivo, Mario Ernesto Humberg, o documento aprovado pela entidade está sendo encaminhado a todos os senadores e deputados federais.

Além de reduzir a burocracia, favorecendo o aumento da competitividade, os empresários consideram a reforma capaz de eliminar a guerra fiscal e reduzir litígios. O documento ressalta a importância do imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e medidas que contribuirão para o enfrentamento às desigualdades sociais.

Segue o documento na íntegra:

O PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais considera a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados e no Senado Federal um avanço importante para simplificar o sistema tributário brasileiro e torná-lo mais justo e eficiente, apesar do demasiado número de exceções. É uma vitória da democracia.

A redução do número de impostos, e a unificação de tributos com a mesma base de incidência, diminui a burocracia e favorece o aumento da competitividade, elimina a guerra fiscal e reduz litígios e horas para pagar impostos. Também consideramos positiva a criação do imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, além de uma série de outras medidas que visam a redução das desigualdades regionais e sociais. Quanto à cesta básica, o PNBE preferiria que houvesse cashback para pessoas de baixa renda que recebem Bolsa Família e outros benefícios sociais, como ocorre no Uruguai e no Rio Grande do Sul. Defendemos um sistema tributário progressivo em que os indivíduos com rendas mais baixas sejam tributados a uma taxa menor do que aqueles com rendas mais altas.

Ressaltamos, no entanto, pontos de atenção que ficaram pendentes como: a necessidade de aumento do imposto de renda das famílias muito ricas, no sentido de promover uma melhor distribuição de renda, extremamente necessária para esse país tão desigual; a urgência da desoneração da folha de pagamentos e outros incentivos ao aumento do número de empregos, que a longo prazo será inevitavelmente reduzido pelo avanço da tecnologia; o longo período de implementação da reforma, tempo em que as empresas terão que conviver com dois sistemas, o que pode gerar insegurança no mercado. Será difícil.

Outra questão a ser observada é conter a voracidade das prefeituras e dos estados brasileiros em tributações paralelas, como o avanço do ICMS, cujo objetivo é garantir um maior percentual na base de divisão de recursos entre o sistema de tributação atual e o novo; também as instituições do Poder Judiciário têm aumentado as custas de forma exacerbada para quem quer defender seus direitos em Juízo.

É importante salientar que a reforma tributária não é uma solução mágica para todos os problemas sociais e econômicos do país. É necessário que outras medidas sejam adotadas para combatermos efetivamente as desigualdades e garantirmos um país socialmente justo, economicamente forte, ambientalmente sustentável, politicamente democrático e eticamente respeitável.

O PNBE acompanhará atento a implementação da reforma tributária para que os compromissos assumidos sejam cumpridos e os resultados almejados alcançados.

Sobre o PNBE

Fundado em junho de 1987, o PNBE é formado por empresários e empreendedores de todos os portes e ramos da atividade econômica, que lutam pelo fortalecimento da cidadania e aprofundamento da democracia nas diversas instâncias da nação (governos da União, estados, municípios), pela ética na política e amplo exercício dos direitos da cidadania no Brasil e pelo desenvolvimento econômico com justiça social e preservação ambiental. O PNBE busca mobilizar a sociedade para construir um ambiente socialmente justo, economicamente forte e inclusivo, ambientalmente sustentável, democraticamente estável e eticamente respeitável, agindo dentro de um espaço democrático, apartidário, que apoia políticas públicas e projetos identificados com seus ideais, ao mesmo tempo em que combate os clientelistas, antiéticos, corporativos e ineficientes.

PNBE


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