Hospitais de excelência oferecem sua expertise em telessaúde para ampliar atendimento de qualidade no SUS

18 de julho de 2022 Off Por Ray Santos
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Julho, Campo Grande (MS) – No Brasil, só nos primeiros dias da pandemia de Covid-191 houve um aumento de mais de 800% no uso da telessaúde, tornando-se uma forma segura para garantir a continuidade de tratamentos. Neste intervalo, o Brasil, assim como os outros países, viu este conceito se estender para todos os profissionais da saúde, incluindo consultorias e acompanhamentos à distância. Como resultado positivo da prática, o Conselho Federal de Medicina publicou recentemente a Resolução nº 2.314/2022, que define e regulamenta a modalidade no país como forma de serviços de saúde mediados por tecnologias e comunicação. 

Nesta quarta-feira (21), o tema foi discutido pelos hospitais de excelência no XXXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde do CONASEMS, em Campo Grande (MS), que apresentaram as principais ações realizadas com o objetivo de ampliar o atendimento de qualidade aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

O seminário foi conduzido por Haliton Alves de Oliveira Junior, Gerente de Pesquisas e Projetos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Rodrigo Quirino,  Gerente de Projetos PROADI-SUS da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Patrícia Vendramim, Gerente de projetos assistenciais de Responsabilidade Social do Hcor; Guilherme Schettino, Diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein; Luiz Antônio Mattia, Consultor de Relacionamento Institucional do Hospital Moinhos de Vento; Alex Ricardo Martins, Gerente de Programas Governamentais do Hospital Sírio Libanês; WIlames Freitas Nilo Bretas Junior, presidente e coordenador técnico do CONASEMS, respectivamente. Também estiveram presentes representantes do Ministério da Saúde e secretários municipais de saúde das cidades de Joinville (SC), São Pedro (SP), Macaíba (RN), Santa Rosa (RS), Bujaru (PA), e Tauá (CA), que compartilharam suas experiências por meio dos projeto do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS).

“A telessaúde é uma alternativa para democratizar serviços de saúde e, entre as inúmeras vantagens da prática, parte da população que reside em áreas distantes de centros urbanos pode ter acesso à saúde de forma remota. É um modelo fundamental para garantir atendimento especializado em regiões com escassez de determinados profissionais”, afirmou Ana Paula Pinho, diretora executiva de Responsabilidade Social do Oswaldo Cruz.

Confira abaixo as iniciativas:

O projeto visa conduzir uma pesquisa clínica para avaliar se a teleconsulta é tão eficiente quanto o atendimento presencial para pacientes diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2, referenciados pela APS, para a atenção especializada do SUS. Para isso, são avaliados os desfechos de eficácia e segurança, com o objetivo de sustentar as recentes alterações legais quanto ao uso da teleconsulta em território nacional, com o objetivo de respaldar a regulação.

A iniciativa pretende otimizar o desfecho clínico de pacientes por meio da abordagem multiprofissional e acompanhamento horizontal, buscando a melhora de tempo de internação, tempo de ventilação mecânica e morbimortalidade. Além disso, contribui com o uso racional dos recursos públicos e a redução de desperdícios financeiros no SUS, permitindo o acesso de mais pacientes aos leitos e aumentando sua segurança, além de capacitar o corpo técnico dos hospitais participantes.

Para isso, o TeleUTI implanta o modelo de  telerrounds  e educação continuada em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto, buscando a classificação da triagem segundo critério da Associação de Medicina de Terapia Intensiva e apoio a decisões bioéticas, manejo da sedo-analgesia com o que estiver disponível por instituição e manejo do suporte ventilatório, além de desenvolver habilidades nas equipes estimulando a implantação de protocolos e linhas de cuidado de UTI, baseados nas melhores práticas, otimizando sistemas e processos de trabalho.

É realizado em unidades de Pronto Atendimento 24h e instituições hospitalares, com a realização de eletrocardiograma qualificado com enfoque no apoio à implantação da linha de atenção em urgências cardiovasculares que objetiva direcionar a tomada de decisão clínica ao paciente com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCSST), por meio do laudo de eletrocardiograma (ECG); ECG clínico comentado e referenciado (diagnósticos com alterações comentado e oferta de apoio à decisão clínica nos casos de IAMCSST e arritmias complexas), seguido da avaliação de desfecho clínico após 48 horas do laudo e implementação de diretrizes assistenciais, com vistas à melhoria da qualidade da assistência.

O projeto busca melhorar a qualidade da assistência, reduzir os tempos de espera, melhorar a satisfação do usuário, reduzir o número de transferências desnecessárias de pacientes e, consequentemente, aprimorar a alocação de recursos para melhorar a saúde geral da população. Neste programa, quando o médico da UBS participante encaminha um paciente a uma das especialidades mencionadas anteriormente, é agendada uma teleinterconsulta com especialista, um processo que cria um ciclo virtuoso, em que o médico generalista obtém uma resposta direta e interativa, podendo tirar suas dúvidas e, com o tempo, passar a lidar com casos semelhantes de forma autônoma.

O Projeto TeleOftalmo foi realizado entre os triênios de 2015-2017, 2018-2020 e 2021-2023, tendo sido encerrado ainda em 2021. A iniciativa surgiu para atender a necessidade de ampliar o acesso dos pacientes do SUS ao diagnóstico oftalmológico e reduzir a fila de espera para o atendimento nesta especialidade. Por meio da telemedicina, o projeto buscou aproximar o médico oftalmologista da atenção básica de saúde, principalmente em locais com déficit desta especialidade, avaliando seus custos e efetividade de implantação no Rio Grande do Sul.

A iniciativa busca ofertar ao SUS tecnologia que permita aumento da oferta de consultas especializadas, diminuindo o tempo de espera a partir do uso de teleinterconsultas, além de melhorar a qualidade da assistência e a satisfação do usuário. Tecnologia que também colabora para diminuição de custos no SUS evitando consultas presenciais desnecessárias, bem como o deslocamento de pacientes.

1The Management of covid-19 Cases through Telemedicine in Brazil (Manejo de casos de covid-19 através da telemedicina no Brasil) |14 de julho de 2021

Sobre o PROADI-SUS 

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse o portal PROADI-SUS.

Foto: Alê Herculano

Burson Cohn & Wolfe


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